Mordidas

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Jisung está na delegacia.

Seus olhos não desgrudam da tela enquanto pesquisa mais coisas sobre vampiros, mais do que já tinha nos livros que leu a noite inteira. Quem visse acharia uma baboseira, uma idiotice, mas o Han tem certeza que devia investigar mais a fundo, antes de prender mesmo tendo as provas é seu dever com investigador ir a fundo num caso.

Enquanto lia atentamente uns documentários em PDF, seu supervisor entrou na sala, fechou rapidamente a aba onde estava, deixando apenas a aba com os inquéritos do seu investigado, mesmo que já tivesse decorado todas as linhas, os detalhes nunca se encaixam, muitas pontas soltas, poucas testemunhas são coerentes e batem uma com as outras.

– Você parece ter caído de cabeça e corpo nesse caso.- Bang Chan, o delegado, diz sério enquanto pega a pasta e folheia ela sem interesse, já tinha pego ela tantas vezes que até perdeu a graça.

– Algumas coisas não fazem sentidos, outras se completam, mas ainda falta algo.- Jisung comenta, omitindo o fato de sua descoberta, ainda é cedo demais para espalhar fatos sem uma ideia concreta.

– E quando você pretende fazer as visitas as vítimas? Pelo o que sei você solicitou isso.- o Bang colocou a pasta sobre a mesa novamente, olhando para o investigador.

– O mais rápido possível, não quero visitar os lúcidos ainda, pois são justamente os deles que não fazem o mínimo sentido.- o Dr. Han suspirou e olhou para as cópias das imagens das câmeras públicas.– Parecem estórias inventadas para esconder algo e eu tenho certeza que se pressionar demais eles entraram numa crise. Vou naquela clínica que está sob escolta policial e falar com os internos vítimas tanto de Know quanto do Lee.

– Você está tratando ele como duas pessoas diferentes?- o delegado levantou a sobrancelha, incrédulo.

– Ele é duas pessoas completamente diferentes, Know é um canibal e Lee é apenas um criminoso, temos que tratar as pessoas pelo jeito que elas são, eu vou investigar uma personalidade de cada vez e depois juntar as duas e chegar numa conclusão, mesmo sendo diferentes: uma completa a outra.

– Impressionante Sr. Han, continue as investigações. Alguns policiais estarão a sua disponibilidade para iniciar suas investigações a campo.- o delegado Bang sorriu de lado e saiu da sala deixando Jisung sozinho.

O mesmo olho para o quadro negro onde está desenhado todo o esquema e locais que Know esteve presente, resolveu começar com o mais difícil e sombrio, porque o Lee nem perto parece alguém perigoso: ele apenas procura se livrar daquilo enquanto Know é o verdadeiro psicopata e controlador – mesmo sendo um vampiro insano bem lá no fundo deve existir uma parte racional–.

Do mesmo jeito que Jisung acredito nos humanos, ele passou a acreditar em seres mitológicos e que eles tem sim algo bom, bem lá no fundo, só não espera estar enganado, pois se estiver ... As coisas vão sair do trilho e seus planos vão dar todos errados.

•••

Nas exatas três horas da tarde todos os telefones da delegacia começou a tocar, foi um verdadeiro caos devido os falatórios altos todos ao mesmo tempo, Jisung rapidamente se levantou, vestiu sua jaqueta da FBI e pegou sua mochila com todas as coisas necessárias, encontrou o Delegado que parece ir junto para averiguar o caso, se Bang Chan está indo junto então é algo mais sério do que Han havia imaginado, entrou no seu carro todo preto e com Insulfilm, deu a partida e seguiu todos os carros policiais até o local do crime.

Desta vez, o ritual foi num lugar com bastante árvores, no chão as mesmas marcas de sangue formando um pentagrama enorme, a vítima da vez é uma mulher: totalmente nua, os seios arrancados, as pernas bem abertas, na barriga também inúmeros cortes feitos com faca de cozinha.

Junto dos peritos, Jisung analisou cada detalhe procurando algo que seja útil na sua investigação, até que achou uma camisinha usada e parece ser recente.

– Seungmin, venha cá.- Chamou Jisung para longe do corpo sem vida da mulher.– Olhe isso.

– Para um estuprador até que ele foi bem cuidadoso.- Ironizou o perito pegando a material e colocando num pacote guardando junto com outras coisas coletadas.

– o Sangue usado no chão, foi dela?- Perguntou o Han ficando em pé novamente e pegou seu bloco de nota para escrever os detalhes dito pelo Kim.

– Sangue humano, disso temos certeza.- Alegou Seungmin colocando as mãos no jaleco.– Ela foi torturada, usada no ritual e estuprada depois de morta.

– Como sabe disso?- Jisung ergueu a sobrancelha.

– A genitália.- deu de ombros como se fosse óbvio.

– ah.- Jisung apenas prescreveu o que foi dito, meio envergonhado. Já o Kim parecia bem á vontade, afinal já tinha visto de tudo na vida mesmo tão novo.

– Tem mais uma coisa.- Seungmin disse assim que voltou a caminhar, o Han o seguiu.– o cabelo dela foi cortado por causa da irregularidade dos fios, e eu achei isso.- tirou da sua bolsa com os materiais recolhidos para perícia e mostrou uma tesoura de costura grande.– Acredita que o filho da puta usou isso para tirar os seios e o cabelo dela?- perguntou o Kim incrédulo enquanto Jisung faz uma careta.

– Mais alguma coisa?- O Han suspirou.

– Sim, ela tem marcas de mordidas.

– Mordidas? Onde?- Jisung por pouco não se desesperou, Seungmin se abaixou e Jisung fez o mesmo.

Então o Kim colocou outra luva limpa e virou o rosto dela e logo percebeu que esta quebrado, ignorando esse fato mostrou para o Han as duas marquinhas fundas e bem grandes na jagular, Jisung engoliu a seco e analisou melhor a mordida.

– O cara tem caninos grandes.- Seungmin sorriu.

– Os debaixo também.- Jisung analisou outra marca um pouco para baixo daquela, pela visão ocular ele constatou que os dentes são longos, tanto embaixo quanto encima da dentária.

– Você não tá pensando nisso né? Cara eles não existem.- Seungmin riu incrédulo ao concluir o pensamento do Han, mas quando este lhe olhou logo engoliu o riso e ficou pálido.– Olha eu estou a cinco anos trabalhando na perícia e não é a primeira vez, canibais mordem certo?

– Seungmin, olhe bem.- Jisung pegou uma luva limpa no seu bolso, colocou na mão e esticou um pouco a pele para o buraco do furo se abrir um pouco.– Dentes humanos não tem essa profundidade.

– Hoje em dia tem cirurgia dentária para mudar.- Seungmin afirmou.

– Ok, mas eu não vou desistir. Isso parece real demais para ser apenas mudança nos dentes.- concluiu Jisung.

Então ele pegou sua câmera e tirou foto de tudo que precisava, logo o delegado estava ao seu lado analisando o corpo da garota.

– Então?

– Se eu dizer, o senhor também não vai acreditar. Preciso de mais provas.- Constatou Jisung antes de sair da cena do crime e entrar no seu carro, pronto para iniciar mais uma noite de investigações.

"ᴛᴏᴅᴏs ᴏs ɢᴀʀᴏᴛᴏs ʙᴏɴs ᴠᴀ̃ᴏ ᴘᴀʀᴀ ᴏ ɪɴғᴇʀɴᴏ"Where stories live. Discover now