Cap. 10

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Lia— Irei fazer um feitiço de proteção para você querida. —vejo a mesma apenas pegar o punhal e vir em minha direção.

— Calma ae... —me levanto rapidamente.

Baltazar— Ei ei ei ei, o que vai fazer com isso?? —o Baltazar levanta rapidamente também e se posiciona em minha frente, a Lia apenas bufa frustrada.

Lia— Baltazar, por favor. No feitiço de proteção eu preciso de uma gota do sangue dela, apenas isso.

O moreno apenas a encara mas logo se senta novamente, também me sento e ele pega a minha mão e faz um pequeno furo na palma.

Ela pega um pequeno pote de barro e faz meu sangue cair dentro, volta a se sentar enquanto dita algumas palavras em latim.

— Por que está orando se está no inferno? não é totalmente contra as regras desse lugar mesmo sendo em latim? —ela me olha confusa por alguns segundos.

Lia— Como sabe o que estou falando? sabe latim ancestral?

— Eu sempre soube, a minha avó sempre me ensinava quando eu tinha 3 anos. —ela não diz nada, apenas me encara sem reação, mas volta a sua atenção para o pote.

Lia— Com a gota do seu sangue Helena, eu misturo com algumas ervas e um pouco de uma poção contra maldições. Depois que eu misturar tudo isso, você irá beber um pouco.

Afirmo com a cabeça e ela apenas começa a recitar a oração enquanto mistura tudo, que começa a fazer um cheiro esquisito pairar no ar.

Ela põe o líquido vermelho em uma xícara e me entrega, e fica com o resto no pote.
Bebo o líquido com um pouco de receio, ele queima em minha garganta, é pior que bebida alcoólica.

Lia— Isso irá fazer você ficar protegida contra qualquer tipo de mal que tentarem fazer contra você.

Apenas afirmo, vejo ela pegar a bola de cristal e posicionar no centro da mesa. Ela pega as minhas mãos e posiciona em frente a bola de cristal.

Lia— Agora querida, toque na bola de cristal enquanto pensa nele... Hyrus! —faço o que ela me pediu e vejo através da bola cintilante a silhueta de Hyrus. Apenas sinto um calafrio.

— O que vai fazer com ele? —pergunto com receio, ela me observa mas não diz nada.

Vejo ela pegar o colar em cima na mesa junto com o pingente e jogar dentro do líquido vermelho, e em seguida a oração em latim novamente.
Apenas vejo a bola de cristal se apagar e o líquido do pote esvaziar, e o colar com o pingente de pedra que antes era branco agora ficar vermelho.

Lia— Tome insto, esse é um colar de proteção. Enquanto você estiver usando ele, ficará protegida e não poderá mais se comunicar com o Hyrus.

— O quê?? mas eu não...

Baltazar— Obrigada senhora Lia, por toda a sua ajuda.

Como assim? eu não quero parar de falar com o Hyrus, eu não tenho medo e muito menos quero me afastar dele. Eu pensei que seria uma proteção contra qualquer outra coisa, mas contra ele?

O Baltazar apenas pega o colar da minha mão e põe no meu pescoço.

Lia— Bom, é isso querida... agora sobre você e sua origem, eu preciso estudar. Você me parece mais interessante do que qualquer outra humana que já conheci.

— Minha origem? você disse que eu poderia não ser apenas uma humana, o que quer dizer?

Lia— Sua avó, como ela se chamava?

— Hamm... minha avó? —ele assente ainda esperando a minha resposta.— Mia, ela se chamava Mia!

Ela não diz nada, apenas me encara por alguns segundos. Mas logo se levanta e vai até o armário, onde vejo a mesma pegar uma vela vermelha e um mapa.

Baltazar— Calma, Lia... você conhece a avó da Helena? —a mesma não fala nada, só se aproxima com o punhal em mãos novamente.

Lia— Pingue uma gota do seu sangue em cima do mapa! —diz me entregando o punhal enquanto acende a vela.

Faço o que ela me pediu, a gota cai no mapa fazendo o mesmo criar várias linhas vermelhas, é o meu sangue, está traçando uma reta.

Lia— Agora recite as palavras em latim que sua avó lhe ensinava, uma por uma em forma de oração.

E novamente faço o que ela pede. Sinto a minha mão queimar no lugar do corte, os traços e linhas no mapa começarem a se mover e formarem palavras  no mapa.

Baltazar— “Flora Octos”? —eu não sei o que significa, porém a minha avó já falou esse nome para mim.

— Eu já ouvi falar, mas não me recordo o que significa. A minha avó falou pra mim, mas já faz anos...

Baltazar— Lia, o que você acha que é? —olho pra mesma que me olha confusa, ela está me encarando como se não houvesse o amanhã.

Lia— Flora Octos, o nome da minha espécie. Sou uma Bruxa Floral Octanea, uma bruxa que tem o dever de proteger e ajudar, eu era a única da minha espécie ainda existente... mas pelo visto não sou.

Baltazar— O quê?

Lia— Dezenas de anos atrás, antes de toda a minha espécie ser exterminada. Eu vivia na terra, tinha uma família, um marido... uma filha. Mas... em um dia de muito tumulto, acabaram invadindo a floresta onde toda a minha espécie vivia, e lá... mataram o meu marido... e todos os outros.

Baltazar— E a sua filha?

Lia— Ela tinha desaparecido durante toda a algazarra, eu consegui fugir, porém destruída... todos que eu amava tinham morrido, e a minha filha desaparecido!

— Mas como veio parar aqui no inferno?

Lia— Eu conheci o Baltazar na terra, eu o ajudei com algumas almas e em troca ele me ajudou com um lugar para viver e um trabalho. E cá estou eu, vivo aqui desde a minha juventude.

Baltazar— Mas Lia, agora que você falou... nunca tentou algum feitiço para localizar a sua filha ou algo do tipo?

Lia— Eu tentei de tudo, mas sem alguma características dela como sangue ou fio de cabelo por exemplo, é em vão.

— Lia, eu sinto muito menos. Mas, como isso tudo tem a ver comigo? porque essa palavra no mapa?

Lia— Sobre a minha filha!

Baltazar— Sua filha?

Lia— Sim, Mia... minha pequena Mia, Helena... a sua avó... era a minha filha!

Fico chocada com tal informação, é muita coisa para ser processada, não tô entendendo mais nada.

Baltazar— Impossível!

Lia— Mia era a segunda sobrevivente da minha espécie, aí ela teve a sua mãe, Helena, a descendente das Flora Octos, porém... as duas morreram, aí veio você... uma bruxa Floral Octanea, minha bisneta.

— Não é possível... isso tudo é engano, como pode?? logo você? e eu como bruxa?? mas...

Lia— Espiritualidade aflorada, sabe latim sem nem se preocupar, sua aura, seu misticismo avançado. Por isso Hyrus conseguia se comunicar com você, você é igual a mim, ou até mesmo mais poderosa.

Baltazar— Tá... tudo isso é bem louco e já está me dando enxaqueca.

Lia— É... eu sei, também não consigo acreditar que tudo isso está realmente acontecendo ou... no que vai dar.

Minha cabeça está doendo, é muita coisa para se processar e talvez eu até enlouqueça com tudo isso.

A Obsessão do DemônioWhere stories live. Discover now