UM.

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LOUIS POV

Ele olhava fixamente para o chão, talvez para seus sapatos mas creio que não. Balançava os joelhos repetidamente; e eu percebia a cada agito que o rasgo do lado direito deixava visível várias marcas de corte já cicatrizadas; e afundava os dedos na manga do moletom preto.

"As coisas vão se ajeitar, não vão?" Me indagou enquanto eu desviava o olhar para o teto branco deste apartamento gélido.

"Talvez. Eu espero... na verdade as coisas tem dado certo... não tem? Talvez eu esteja complicando tudo." Palavras e palavras rodavam em minha cabeça e eu não conseguia encontrar algo que pudesse confortá-lo, muito menos que pudesse me confortar. "O que você acha?" Soltei sem perceber. Era como se houvesse o esfaqueado. Percebi que o gélido do local havia me petrificado, olhei para ele, estava com o rosto afundado nas mãos e o cotovelo apoiados no joelho.

"Eu... Eu... Eu tenho tanto medo Louis." A voz embargada pelo choro tomou conta de toda parte de mim. Meus dedos estavam frios. Minha cabeça estava latejando de tanto pensamento conjunto. Eu queria confortar ele. Eu só queria fazer tudo parar.

Aqueles olhos verdes não pareciam os mesmos.

Talvez tudo tenha começado errado.

-

Londres. 27 de Julho de algum ano que está perdido no calendário (e que talvez Harry tenha guardado em mente, mas eu sou péssimo nisso).

Estava em uma pequena cafeteria conjunta com uma livraria, primeira vez na realidade. Passava pelo local todos os dias após o almoço que era quando eu me dava o luxo de fazer uma caminhada pelo bairro, até porque não me parecia tão emocionante apenas deitar no sofá e fingir que eu não tinha nada para fazer, o que era verdade. Estava sentado ao lado de uma pequena mesinha de centro, uma poltrona de couro marrom escuro muito confortável abraçou meu corpo e apenas a ponta dos meus tênis tocavam o chão.

Sou Louis Tomlinson, 20 anos e não faço nada da vida. Provavelmente você esta me imaginando na poltrona... bem... não sou alto. Poderia dizer que sou pequenininho mas isso me diminuiria demais... e eu não gosto da ideia. Vamos partir da opinião dos outros sobre mim... talvez seja melhor para vocês enxergarem o eu que está na poltrona. Fofo e delicado são os adjetivos que mais ouço, mas naquele dia talvez isso mudasse.

Como já disse, estava naquele local, escolhi um livro de poemas, "Antologia Poética" de Fernando Pessoa. O folheava atentamente, tentava tocar meus pés no chão, mas estava tão confortável ali em cima que desisti após a terceira tentativa. A cada palavra eu suspirava pesadamente. A cada poema eu fechava os olhos e mordia meus lábios. Li três poemas, eu deveria levar aquele livro para casa, aquelas palavras fizeram muito sentido. Permaneci com o livro aberto apoiado em minha coxa olhando para um ponto fixo da parede que dava moradia a um quadro com a palavra "P E N S E" exatamente desse jeito. Fechei os olhos. Acho que adormeci.

Acordei com uma pequena cutucada em meu ombro dada por uma criança que provavelmente me acordou para poder rir de quando me assustasse e percebi que havia feito da poltrona minha cama. Bem, ela riu e eu me assustei. Ponto para a criança Tomlinson. Pisquei por alguns segundos e focalizei a visão que estava bem falha por conta do pequeno e inadequado sono e percebi a presença de alguém. Na poltrona da frente, pernas cruzadas em um jeans preto apertado, peitoral entreaberto numa camisa abotoada apenas do terceiro botão para baixo, uma cruz prata em seu peito reluzia, segui a corrente até o pescoço. Não me segurei, o fitava vorazmente. Seus cabelos compridos tocavam os ombros e desenhavam o formato de seu rosto, sua boca era fina exatamente como a minha, seus olhos estavam fixos no livro que eu tentava desvendar qual era. Ele era um anjo. "Puta merda Louis" pensei um pouco alto enquanto não tirava os olhos do pequeno anjo. Pequeno não, enorme... talvez fossem precisos 4 eus para dar a altura dele.

Percebi que meu pensamento alto não dera muito certo e agora havia atraído a atenção do dito cujo que me analisava quieto e sereno. Eu estava vermelho de vergonha, diga-me quantas pessoas conseguem fazer isso a não ser eu... retornei a Fernando Pessoa e ao abrir a página fui envolvido por uma voz um pouco rouca e lenta.

"Não deveria falar consigo mesmo em locais assim... dizem que bibliotecas são lares de loucura... não gostaria que isso fosse confirmado" disse e abaixou a cabeça, folheou o livro.

Levantei meus olhos e sorri de lado. Caralho aquela voz. "Peço desculpas, algumas coisas são... são difíceis para mim" sorri novamente e percebi que tinha acabado de falar uma merda gigantesca.. "Qual o seu problema Louis" pensei comigo, e dessa vez nada saiu de minha boca.

Ele sorriu levemente, respirou um pouco fundo e mantendo os olhos em suas páginas soltou "Vejo que está lendo poesias, gostaria que não fosse uma pessoa triste..." que merda agora ele vai desvendar minha vida enquanto tento disfarçar que nada é verdade... e ele continuou "Dizem que os poetas são tristes, é uma tristeza bonita, não acha?"

Me escondi entre minhas pernas até me tocar que não estava em casa e retirei-as de cima da poltrona. Na verdade me arrumei nela e agora parecia um garoto de 20 anos de verdade... antes apenas um menininho com medo. Pensei, pensei, pensei. P E N S E dizia o quadro. "Eu não sei, mas gosto da energia que elas me passam. Você parece gostar mais que eu... espero que não seja tão triste quanto." E ele passou os dedos pelos cachos quase inexistentes, encostou o braço direito na poltrona e escorou a cabeça na mão.

"Provavelmente tenhamos aquilo que nos pertence."

Aquilo que nos pertence. Eu poderia pertencer a qualquer um, mas porque eu estaria conversando com um estranho muito bonito, diga-se de passagem, e imaginando se eu poderia pertencer a ele? Doença Louis, você é doente...

"Espero não ter te assustado com as palavras. Você parece melancólico e interiorizado. Quebre um pouco disso." ... "Aliás, leve o livro que está folheando, vai te fazer pensar."

Pensar, pensar, pensar. Ande Louis pense! P E N S E.

"Hmm, obrigada, eu acho. Bem... você tem nome?" isso Louis que maravilhoso...

"Harry"

O silencio dominou não só o cômodo mas seu rosto, e minhas esperanças acabaram até ouvi-lo novamente "E você, pequeno?"

Estou nervoso porque me estremeci e não sabia o que dizer. Ele olhava pra mim e com toda certeza enxergava o pânico em meus olhos. Anda Louis, anda.

"Louis... eu... me chamo Louis" explodi, alguém me mata pelo amor de deus.

"Pequeno e delicado. Louis. Não poderia ser diferente" riu ao fechar os olhos "Então, pequeno Louis, estou indo para o parque aqui ao lado. Fazer nada sabe? Pois é. Gostaria de ir? Sempre vou sozinho, o que não é ruim... mas uma companhia que gosta de poesia não me faria mal."

Olhava para ele ou para o meu livro? Eu já não sabia e estava em pânico e vermelho. Sussurrei um pequeno "anda Louis caralho" e pude ouvi-lo rir. Obrigada Louis, obrigada. "O acompanho."

Genial Louis...

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| Obrigada Rachel (@psychobower) , por me ajudar com isso. Obrigada Ana (@hgrry), por me incentivar com o mais belo sorriso. Obrigada Bruna (@
larrycrushx), por entender e ser quem você é. Obrigada Na (@zaynsate), por estar comigo. Nenellaxx |

HEAL | Larry StylinsonWhere stories live. Discover now