CAPÍTULO 15

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|Freen|


O caminho todo foi totalmente silencioso, fora o barulho normal da agitação da cidade. Chegamos na minha casa e fomos direto para meu quarto, onde teríamos mais privacidade para conversarmos. Tranquei a porta e nos sentamos uma de frente para a outra.

— Freen, o que está acontecendo? Quem é Samara?

Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos antes de começar a falar.

— Samara era o meu nome antes de ser adotada. E nesse tempo, eu morava em Chicago com meu pais, meus avós e meus irmãos. A gente era feliz, até que em uma noite tudo mudou... – suspirei lembrando daquela trágica noite

Becky me observava com atenção, esperando pacientemente que eu continuasse.

— Meu irmão mais velho... ele... ele... – as palavras travaram em minha garganta, as lembranças dolorosas ameaçando me engolir.

— Ei, calma, respira fundo.

Becky colocou uma mão gentil sobre minha bochecha fazendo um leve carinho, transmitindo conforto.

Respirei fundo algumas vezes, tentando controlar as emoções tumultuadas que ameaçavam me dominar.

— Meu irmão mais velho, Alex... ele era uma pessoa complicada. Ele tinha problemas com drogas e álcool, e muitas vezes ficava violento. E nessa noite, eu estava completando doze anos, e a família havia planejado uma pequena festa para comemorar. Mas as coisas saíram do controle quando Alex chegou em casa sob efeito do álcool e das drogas.

Parei por um momento, pois já sentia o nó se formando em minha garganta.

— Ele começou a brigar com nossos pais e avós, acusando-os de não se importarem com ele, de não darem atenção suficiente e de estar cansado de meus outros irmãos e eu "sermos os favoritos de todos".

Becky ouvia atentamente, segurando minha mão com firmeza enquanto eu revivia aquelas memórias dolorosas do passado que prometi jamais relembrar.

— E o que aconteceu?

— Ele estava tão fora de si, incapaz de ser acalmado ou controlado... E derrepente, ele tirou uma arma da cintura e apontou para todos nós. Eu congelei de medo, incapaz de reagir. Vi o terror nos olhos dos meus pais e dos meus avós, enquanto tentavam desesperadamente acalmar Alex – a esse ponto não dava mais para segurar as lágrimas — E a única coisa que fiz, foi o que meus pais pediram, para cuidar dos meus irmãos mais novos. Os levei para o quarto e tentei acalmá-los de todo jeito. Mas então, ouvi o som ensurdecedor de tiros ecoando pela casa. Eu sabia que algo terrível tinha acontecido.

— Freen...

— Mas depois de muito silêncio, os gêmeos e eu ouvimos passos em direção ao quarto, foi quando Alex arrombou a porta do quarto, com os olhos escuros como o vazio. Ele olhou para nós com um olhar de ódio e frieza, como se não nos reconhecesse. Minha única preocupação naquele momento era proteger meus irmãos, então eu os abracei com força, tentando criar uma barreira entre eles e Alex.

Flash back

— Maninha, o que está acontecendo? — um dos  gêmeos perguntou assustado e confuso.

Eu segurei-os mais forte, tentando transmitir segurança, mesmo que eu mesma estivesse aterrorizada.

— Shh. Apenas fiquem atrás de mim, tudo vai ficar bem.

Alex avançou em nossa direção, sua expressão distorcida pelo ódio e pela insanidade. Eu sabia que ele não estava em seu juízo perfeito naquele momento, e o medo me consumia completamente.

— Maninha, o que vamos fazer? Ele está muito assustador! — a mais nova sussurrou, os olhos arregalados de puro terror.

— Nós precisamos ser fortes, okay? Eu vou proteger vocês, não importa o que aconteça.

Nosso irmão se aproximou lentamente, a arma ainda em sua mão pouco trêmula. Eu podia sentir meu coração batendo descontroladamente no meu peito, enquanto lutava para controlar o pânico que ameaçava me dominar.

— Irmão, por favor... Não faça isso – minha voz saiu praticamente como um sussurro.

Alex não respondeu, apenas continuou avançando em nossa direção, a arma ainda apontada para nós. Eu me sentia completamente impotente diante daquela situação, minha mente girando em um turbilhão de medo e desespero.
E antes que pudesse tomar qualquer decisão, disparos foram efetuados, caí de joelhos no chão, mas não tinha sido atingida. Mas ao olhar para o lado, me derramei em lágrimas pela cena que vi.

A cena diante dos meus olhos era como um pesadelo do qual eu não sabia se algum dia acordaria. Os gêmeos estavam ali, no chão, imóveis e ensanguentados, suas expressões de terror congeladas em seus rostos infantis. A dor que eu senti naquele momento foi insuportável, como se meu coração tivesse parado como os deles.

— Não... não, não, não... — eu murmurava, incapaz de aceitar a realidade diante de mim.

Antes de fazer o mesmo comigo, a polícia chegou e ele ficou assustado, então pulou a janela e fujiu. Porém, antes de ir, jurou me achar e terminar o que devia ter acabado.

•Flash back off •

Babe, eu sinto muito... Não consigo nem imaginar o que você passou naquela noite horrível.

Sua voz era suave, cheia de compaixão, e eu me agarrei fortemente a ela como se fosse minha âncora naquele mar de dor e sofrimento.

— Eu... Eu tentei protegê-los, Becky. Mas eu falhei... Eles... eles se foram por minha causa...

Ela envolveu-me em um abraço reconfortante, deixando-me desabar em seu ombro enquanto as lágrimas finalmente escapavam dos meus olhos, lavando a dor e a culpa que carregava por tanto tempo.

— E quanto ao bilhete? — ela perguntou, depois de um tempo em silêncio

— O bilhete... Ele me chamou pelo nome que eu usava antes de ser adotada, Samara. E isso só pode significar uma coisa: Alex me encontrou.

— Precisamos falar com as autoridades. Alex é perigoso, e você não pode enfrentá-lo.

Sua preocupação era palpável, e eu sabia que ela estava certa. Mas uma parte de mim ainda relutava em envolver a polícia, com medo das consequências que isso poderia trazer, e também o mede de que ela ferisse as pessoas que amo, mas sei que isso é necessário.

— Você está certa. Mas antes de fazer qualquer coisa tenho que conversar com meus pais, mas mais tarde. Agora eu quero ficar aqui agarradinha com você.

Ela sorriu, mostrando aquele sorriso que tanto amo admirar.
Eu me permiti ficar ali, nos braços reconfortantes de Becky, por um tempo que parecia tanto curto quanto infinito. É bom sentir seu calor e sua presença ao meu lado, seu carinho, suas mãos macias deslizando por minha pele até adormecer.

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1055 palavras.

Esse capítulo é praticamente sobre o passado da Freen, e no capítulo 5, o pesadelo que teve foi sobre o próprio passado.
Mas fiquei bem triste pq vcs não mostraram interesse no passado dela.

Bom, falta 15 capitulos para bater a meta e anunciar a nova fanfic que já está começando a ser escrita. Mas para isso, preciso do apoio de vcs para me motivar a continuar a escrever.

Não esqueçam de deixar a 🌟 e comentem bastante.

Até o próximo capítulo

Beijos da autora 😙

MY GIRL - FreenBecky Donde viven las historias. Descúbrelo ahora