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Meus ouvidos captam o canto dos passarinhos e os burburinhos da manhã, abro os olhos devagar e me espreguiço levemente no feno.

Levanto-me vou a porta do celeiro, ainda era muito cedo, a senhora nem deve de estar acordada. Com esse pensamento eu volto e pego um pano para então ir ao lago, me banhar. E assim faço.

Mergulho na água rapidamente, me banho rápido e saio praticamente correndo até o celeiro, troco de roupa e corro até a casa.
Vejo Sr Eldrik construindo algo ao lado e tento não olhar muito para saber do que se trata. Entro na cozinha pedindo licença da senhora.

- Onde estava, meretriz?! - Ela indaga assim que vira-se do fogão. Engulo em seco a olhando com medo.
- Estava me banhando no lago, senhora. - Respondo em tom baixo meio ao medo.
- Aldrik! - Ela o chama, ainda me encarando, me encolho na porta em meu próprio corpo, já esperando o pior acontecer.
- Aldrik! Venha cá! - Ela o chama novamente, desta vez indo até a porta de entrada. Logo já se pode ouvir os passos pesados do homem.
Me afasto indo em direção á mesa assim que o som se aproxima da porta da cozinha, ele logo aparece nela.

E só então consigo olhá-lo de verdade, desde que cheguei. A barba era fechada e escura, o que destacava seus olhos verdes, além dos cabelos na altura dos ombros. Ele me olha ao mesmo tempo em que passa seus dedos por entre os fios, em uma tentativa de tirá-los do rosto. Sou tirada dos devaneios com o som da sua voz.

- O que quer? - Pergunta olhando para a esposa. Ela aponta o queixo para mim, em um ato de pura soberba e nojo.
- O que fez?! - Ele pergunta agora vindo em minha direção, um arrepio atravessa meu corpo assim que sua mão enorme agarra meu antebraço.
Um suspiro assustado escapa dos meus lábios assim que meu corpo é sacolejado.

- Ela apareceu somente agora, a donzela estava se banhando no lago! - A mulher pigarreia enquanto o homem não tira os olhos do meu rosto. Eles brilhavam de ódio. - Ah! Apenas a castigue, não tenho forças para isso! - Ela ordena e sai do lugar pisando duro.

O homem continua sem expressão e sem dizer uma palavra, ele passa a me puxar para fora da casa, tropeço nos meus próprios pés algumas vezes mas tento de me recompor antes do meu corpo bater com o chão.
Observo a luz do sol baterem nos músculos dos seus braços enquanto ele se move, me arrastando. Assim que chegamos no celeiro, ele me joga contra o feno.

- Acho que preciso lhe lembrar do porque esta aqui! - Ele se inclina sobre mim e um primeiro murro me é deferido. Não imito qualquer som. O homem pega meu rosto o apertando entre os dedos. A sua mão conseguia contornar ele todo.

- Perdi 3 ovelhas por você! Apenas faça seu maldito trabalho, não pode jamais deixar minha esposa sozinha! - Ele cospe no meu rosto. Além das agressões, a forma como ele me olhava também machucava, não passava resquício algum de piedade em seus olhos.

- Você está aqui exclusivamente para nos servir, se não está conseguindo fazer isso, é inútil! Se não fizer o que lhe é ordenado, eu mesmo mato você! Ou vendo para o primeiro homem que ver pela frente. Este é o último aviso. - Diz me soltando.
- Me desculpe, senhor. - Peço baixo e ele me solta.
- Só não vou lhe machucar mais porque minha esposa precisa de uma escrava e não de uma aleijada! - Dito isso, ele vira as costas. - Limpe-se! Está sangrando no nariz! - Fala sem nem ao menos virar para trás.

Não espero levar outra surra e me levanto indo correndo para o lago.

Baixo-me sobre ele e vejo meu reflexo, sangue descia como uma cachoeira do meu nariz. Faço uma concha com as mãos e lavo meu rosto até sentir que o sangue parou.

Volto para a casa e assim que passo pela porta da cozinha a senhora me para.

- Olhe para mim! - Ela manda, eu levanto o olhar, o par de olhos castanhos vagava por todo meu rosto com a sobrancelha juntas como se tivesse pensando no que fazer.
- Tenho uma pomada ótima para este seu corte no rosto. - Ela se aproxima e eu me esguio assim que ela levanta a mão.
- Não vou te machucar - Suspira -Não como meu marido, pedi a ele para que não machucasse ainda mais seu rosto, principalmente nesta cicatriz horrenda. - Ela põe a mão no queixo. - Venha comigo.

Ela sobe em direção ao seu quarto e eu a sigo em silêncio. Abre o mesmo e me dá a permissão para entrar. Sempre ficava embasbacada com os objetos do lugar, havia um estofado com diversas linhas douradas e vermelhas, tudo exalava dinheiro. O que me fazia validar tudo o que me disseram a vida inteira. O homem com certeza possuía ouro, mas eu não valia mais que 3 ovelhas.

- Aqui. - Ela surge com uma espécie de vasilha com tampa vermelha - Uma velha amiga me deu a um tempo atrás. - Ela me entrega o pote em mãos e se inclina levantando o vestido e mostrando uma parte da sua perna. - A uns anos, sofri um acidente e tive um enorme corte aqui. - Aponta com os dedos - Veja, nenhuma cicatriz. - Ela solta o vestido e volta a pegar o pote das minhas mãos.

Com a outra mão ela pega meu queixo me forçando a levantar bem a cabeça, a mulher era tão alta quanto o homem mas mesmo assim não tanto quanto ele.

- Depois que nosso filho estiver crescido a venderemos. - Ela diz sorrindo e eu pisco tentando processar a nova informação. Suas mãos abrem o pequeno pote e ela pega alguma quantidade, passando na minha cicatriz, instantaneamente faço uma careta, ardia muito!
- Arde um pouco, mas vale a pena. - Continua passando.
- Enfim, vamos ver se você consegue valer mais do que perdemos. - Ela diz em tom pensativo e fecha o pote me encarando. - Ainda está muito inchado, esperamos que você pelo menos não seja tão feia. - Sorrir.

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Chave pix para quem quiser ajudar e dar um apoio e incentivo para a autora que está com celular horrível para escrever. Qualquer valor ajuda.

Chave: autora.1whatsername@gmail.com.

A L D R I KWhere stories live. Discover now