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        O vento uivava com tanta força que meus ouvidos estavam quase ficando surdos. A inferninha mesmo que cheia de algumas cobertas, não me davam calor algum.
Já nevava há alguns dias, e meu dono vinha alguma vez aqui me dar alguma comida, mesmo que gelada. Ele parecia odiar tem que sair do conforto da sua casa para me alimentar, eu entendia.

Encolho-me mais uma vez, desejando que o frio desse alguma trégua, mas ele piorava a cada hora.
Imagino o quanto deve estar aquecido dentro da enorme casa, havia quartos sobrando e eu com certeza não o incomodaria. Então porque ele não podia ao menos ter um pingo de piedade? Era tão cruel...

Dobro as cobertas em 3 partes fazendo o tecido ficar ainda mais grosso e acredito que assim consigo dormir um pouco antes que o dia amanhecesse. Me Imagino em uma cama quentinha antes de apagar.

- Rápido! Está frio! - Acordo com a voz do Sr Aldrik, sento-me devagar procurando algum conforto, as cobertas estavam terrivelmente frias. Ele abre a inferninha e me dá um peixe seco para comer e um copo de água. Enquanto mastigo, olho ao redor, o sol estava tão fraco que as luzes da casa permaneciam acesas.
- Assim que acabar, venha e me faça uma sopa! - Ele exclama, me olhando, eu podia sentir. Levanto o olhar e sinto minha respiração falhar. Ele usava um casaco negro, alguns flocos de neve se prendiam ao seu cabelo o que de certa forma, destacava a cor dos seus olhos, que me fitavam como se pudesse ler meus pensamentos. Ele possuía beleza na mesma proporção que possuía maldade.

Quase me engasgo com o alimento e tomo a água, ele levanta-se e volta para a casa. Alguns minutos depois eu faço o mesmo caminho que ele, mas olho ao redor vendo apenas o branco da neve quase me cegar.

Adentro a casa, sentindo de imediato a diferença de temperaturas.

- Aqui tem alguns legumes que congelei assim que começou a nevar. - Ele diz, me dando uma tigela. Assinto com a cabeça. O homem permanece na cozinha, me observando a casa mínimo movimento que eu fazia. Estava me incomodando profundamente.
- O inverno realmente veio rigoroso, não? - Pergunta, por mais que parecesse uma pergunta amigável de certa forma, ele permanecia com a expressão neutra e fria no rosto.
- Sim senhor. - Respondo, focando novamente no que era preciso fazer, mas seus olhos continuavam me secando.

Observo de canto de olho ele abrir um dos armários que ficavam as bebidas que ele mesmo comprara na última vez que fomos á vila.
Ele senta-se à minha frente enquanto continuo cortando os legumes, e escuto o barulho característico da garrafa ser aberta. Bebendo a esta hora da manhã... meu Deus.

Ele bebe em silêncio e parecia perdido não próprios pensamentos. Ponho a sopa no fogo e viro-me para ele. Eu não tomava um bom banho a dias e estava desesperada para isso, mas não fazia ideia de como pedir á ele.

- Senho? - O chamo, ele demora alguns segundos para me escutar e me olhar.
- Sim? - Pergunta, se encostando á cadeira, soltando um suspiro pesado.
- Posso usar um de seus banheiros? Gostaria muito de um banho e o lago deve estar congelado. - Pergunto em tom baixinho, esperando um não como resposta, mas estava desesperada demais para aceitar um não que eu própria criei.
- Sim. - Apenas não deixe meu almoço queimar.

Mal consigo agradecer. Saio da casa apressada e pego o pano na inferninha e a escova de dentes, voltando novamente para dentro de casa. Subo as escadas e entro no quarto indo direto para o banheiro.
Assim que adentro a banheira com a água morna, quase gemo de prazer, a sensação era indescritível por mais que eu tentasse detalha-la.

Me encosto na parede da mesma e fecho os olhos, aproveitando a sensação antes de começar a esfregar-me. Distraidamente, olho para a porta, vendo Sr Aldrik parado na mesma, olhando diretamente para meu rosto. Meu rosto esquenta de vergonha, eu nem ao menos me lembrei de fechar a porta.

- Esqueceu de fechar a porta. - Ele diz simples, antes de pegar na maçaneta e ele próprio fechá-la.

Após esse episódio eu termino meu banho o mais rápido que consigo, enrolo meu corpo no pano e visto a roupa que usava anteriormente, brigando comigo mesma por não ter lembrado de pegar a roupa limpa que iria usar no armário embaixo.

Com esse pensamento, eu saio do quarto, não vendo Sr Aldrik em lugar nenhum. Caminho até o armário e pego um vestido com mangas longas e decote reto, próprio para o frio e também um casaco simples em um marrom escuro como o vestido. Estava grata por ter o que vestir, eu sabia que mesmo sendo simples, não haviam sido baratas.

Vou para um dos banheiros dos quartos de hóspedes e visto-me lá. Gostaria de não ter tomado banho no quarto principal, mas era o único que havia água quente.

Volto para a cozinha, vendo meu dono sentado na mesma cadeira, agora com a garrafa de bebida pelo meio. Solto o ar pesado, me aproximando da panela de sopa no fogo, fiz o bastante para que ele comesse ela pelo menos por alguns dias já que estava frio, não iria estragar.

Lavo a louça que usei para a sopa e estava distraída, não notando a proximidade perigosa do homem. Viro-me e esbarro nele, ele grunhe, grosso, dando mais um passo me deixando encurralada entre o armário e ele.

O homem me olhava como se quisesse dizer alguma coisa e abre age a boca algumas vezes, o tempo parecia estar passando mais lento que o normal quando o vejo se inclinar para mim, e levando o braço direto para minhas costas, me puxando pela cintura.

- Não parece nada como uma prostituta com estas roupas. - Ele diz sobre meu rosto, o hálito de bebida alcoólica me acariciava de alguma forma, me vejo desinibida pela nossa proximidade.
- Senhor... Sussurro. - ele abre um sorriso no rosto em seguida mordendo o próprio lábio e se aproxima ainda mais do meu, nossos narizes roçam levemente e quase engasgo quando ele gruda o corpo no meu, me forçando a sentir sua ereção na minha barriga.

Meus olhos se arregalam com a sensação de senti-lo tão próximo assim. Puxo a respiração e sinto o cheiro de algo queimado. Abruptamente o afasto, tirando a panela às pressas do fogo, não acredito que queimei uma sopa.

Coloco a panela fumaçando dentro da pia e sinto novamente seu corpo nas minhas costas. Fecho os olhos, me entregando a sensação de formigamento quando ele leva a mão a um dos meus seios, o apertando com força o suficiente para que eu esqueça como se respira.

O que ele estava fazendo?

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Chave pix para quem quiser ajudar e dar um apoio e incentivo para que eu possa continuar escrevendo já que estou prestes a ficar sem celular: autora.1whatsername@gmail.com.

Com ajuda, consigo atualizar com mais frequência, obrigada.

A L D R I KWhere stories live. Discover now