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Lena

Apesar de Samantha me assegurar que sua prima é uma pessoa muito responsável, não consigo confiar nela, não depois de ela ter atravessado a rua enquanto o sinal estava aberto para carros, e por isso decido ir para casa muito mais cedo do que de costume.

Por ser segunda-feira, sei que chegarei em casa antes do final da aula de inglês das meninas, o que é ótimo, pois quero saber da senhorita Danvers como foi o seu primeiro dia.

Antes de sair para trabalhar, pedi à Martha para que ficasse de olho para mim e que me ligasse se qualquer imprevisto acontecesse. Se ela não me ligou, deve ser porque a nova babá conseguiu passar ilesa.

Logo que chego em casa, saio procurando por pela prima de Sam. Como as meninas estão em aula, tudo está estranhamente quieto. Acabo encontrando a Danvers na cozinha, ela está mexendo no celular e com a outra mão segura um pedaço de sanduiche. Ela parece bastante distraída e não nota a minha presença.

— Como foi o primeiro dia? — pergunto sem rodeios.

Danvers se assusta e quase deixa o celular cair. Antes de me ver, seu semblante estava neutro, mas agora está totalmente rígido e ela parece muito desconfortável. Ótimo, eu também estou desconfortável com essa situação.

— Fo-oi tudo tranquilo.

— Elas deram trabalho? — Cruzo os braços e me encosto na entrada da cozinha.

— Não.

— Não tentaram fazer nenhuma gracinha?

— Não. Chegaram da escola, almoçaram, fizeram a lição e depois ficaram brincando.

— Quiseram saber se você era a nova babá?

— Sim, mas fiz o que a Sam aconselhou e omiti essa parte.

— Certo... — digo reticente. — Você pode ir embora se quiser.

— Não me importo de terminar de cumprir meu horário.

Essa é a quarta vez que fico cara a cara com a Danvers e pelo que pude perceber, ela não é a pessoa mais resignada que existe. Não sei dizer se isso é destinado a mim ou se ela é assim com todo mundo, mas me irrita quando eu digo uma coisa e a pessoa prefere me confrontar.

Samantha passou o dia tecendo elogios sobre ela e falando que logo verei o quando Kara Danvers é uma pessoa maravilhosa. Sinceramente, só consigo ver uma pessoa tão teimosa quanto as minhas filhas podem ser.

— Você é sempre assim?

— Assim como?

— Não gosta de ouvir o que outros dizem?

— Você me contratou para ficar com as suas filhas até às seis. Ainda não são seis horas e eu disse que não me importo de cumprir meu horário. — Ela dá de ombros.

— Você vai querer continuar trabalhando aqui? — Kara me olha sem entender. — Caso não for querer continuar, eu vou precisar arranjar outra pessoa.

— Se você não quiser me demitir hoje, sim. Prometi à Sam que iria que ficaria cuidando das meninas até você arranjar outra pessoa e eu sempre cumpro as minhas promessas.

Eu prezo por pessoas que demonstram responsabilidade, principalmente no que se refere ao trabalho e no que diz a respeito a cumprir a sua palavra. O único problema aqui é que da maneira que Kara fala comigo, me deixa irritada.

Kara volta a mexer no celular e noto que ainda continua com a faixa no pulso direito. Até penso em perguntar se ela chegou a ir ao médico e se aconteceu alguma coisa grave com seu pulso, mas não tenho certeza se devo fazer isso. Sendo sincera, não sei se me importo o suficiente para querer saber disso e não estou com cabeça para ouvi-la teimar comigo de que ela estava certa.

What You Mean To MeWhere stories live. Discover now