What You Mean To Me

23.

Lena

Em algumas horas, Midvale vai ficar para trás e voltarei para o mundo real. A única coisa que me conforta é Kara continuará fazendo parte de tudo. Agora que eu soube como é estar com ela, não me vejo em uma realidade onde ela não esteja comigo e com as minhas filhas.

A noite de ontem foi repleta de sensações e revelações, estava me sentindo muito insegura. Depois do meu divórcio, Kara é a primeira pessoa com quem eu saí e muitas coisas perambularam a minha cabeça. Kara é jovem, bonita, gentil e eu poderia fazer uma lista com suas qualidades, fiquei receosa por ela querer se envolver comigo, que tenho uma bagagem pesada para carregar.

Kara pode ter quem quiser, alguém da idade dela, sem filhos, sem o trauma de um divórcio e de uma traição. Mas, ela sendo apenas ela mesma, me fez esquecer de todos esses receios.

Mais do que me fazer sentir bem ao seu lado, pude ver o quanto ela é importante para as minhas filhas. Não que eu já não soubesse disso, Lori e Lizzie são doidas por ela, mas da maneira que Kara lidou com Lori e com toda aquela história do pesadelo, fez meu coração se aquecer.

Realmente fico me perguntando se Kara é real, porque tenho a impressão de encontrar na vida alguém como ela é algo que acontece em uma chance entre um bilhão e não é possível que eu seja tão merecedora de ter essa chance.

De qualquer forma, ao fim da noite, muitas coisas fizeram sentido. Imaginei muitas coisas sobre o passado de Kara, mas nada me preparou para o que ela afirmou. Ainda não sei o que aconteceu com sua mãe biológica ou como ela veio parar na família Danvers e não vou pressioná-la a contar, ainda que esteja curiosa.

Não tenho lá a melhor relação com a minha mãe, porém não imagino como seria não a ter em minha vida. Penso que Kara teve que ser muito forte para enfrentar o que aconteceu com ela.

Se eu já admirava Kara, depois desses dias em Midvale, passei a admirar ainda mais.

O sábado em Midvale está ensolarado e Kara está brincando com as crianças. Assisto a tudo com um grande sorriso no rosto. Faz um bom tempo que não me sinto tão feliz e que vejo minhas filhas tão sorridentes. Me distraio com as brincadeiras entre as três, até que Eliza senta ao meu lado.

— Já estou triste porque todas vocês vão embora amanhã — ela diz, olhando para a filha.

— Eu também estou, gostei muito daqui. Nem sei como agradecer por ter hospedado a mim e as minhas filhas.

— Gosto da casa cheia e foi maravilhoso conhecer vocês.

Eliza e Kara tem muitas semelhanças, acho que é por isso que não passou pela minha cabeça, nem por um segundo, que Kara poderia ser adotada. Além da aparência, as duas são sempre gentis e fazem todos se sentirem bem em sua presença sem nenhum esforço.

Apesar de achar tudo isso sobre Eliza, fico tensa com ela ao meu lado. Me pergunto se ela me flagrou saindo do quarto de Kara pela manhã e agora quer saber as minhas intenções com a sua filha. Ou pode ser que, ao contrário de mim que gostei tanto dela, Eliza não goste tanto de mim.

Eu deveria estar me preocupando com essas coisas?

— Você deve ser muito especial para a Kara — Eliza diz após alguns segundos.

— Como assim? — A olho.

— Alex e Sam sempre trouxeram amigos e todos os seus interesses amorosos para casa, já a Kara nunca agiu igual as duas — ela explica. — Se ela te trouxe é porque você é especial pra ela.

Que momento desconfortável! Acho que a última vez que enfrentei uma situação como essa foi na adolescência.

— Ela é especial pra mim. — Sinto a obrigação de dizer.