12| Boa noite, Noah.

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| Los Angeles, Hollywood
Terça-feira - Tarde.
Às 16h30.

ㅡ Quer ir primeiro? ㅡ Noah estendeu a bola para mim, lançando aquele olhar de brincadeira e desafio.

Eu não fazia ideia de há quanto tempo já estávamos no parque, mas sabia que brincamos em cada brinquedo pressente ali. Teve até um daqueles parte de brinquedos infláveis, onde eu e Noah apostamos corrida.

Enfim... Eu ganhei. Só que não valeu nada como a primeira, já que eu tive medo de apostar e perder de novo.

Noah passou a maior parte do tempo rindo de mim, parecendo leve e despreocupado com as coisas ao redor. Eu também, admito, rindo e brincando junto a ele.

ㅡ Er... Eu acho que sim. ㅡ Hesitei, voltando a olhá-lo.

Estávamos na última barraca do parque. Era uma daqueles jogos de mira que você tem que acertar o maior número de alvos para ganhar algum prêmio. E, honestamente, eu não era boa de mira.

Tive a certeza quando a minha rodada terminou e no final só tinha acertado 5. 5 de 16... Pois é.

Tsc, tsc, tsc ㅡ Noah estalou a língua balançando a cabeça em negação, parecendo segurar a risada. ㅡ Qual é, vizinha, não chegou nem perto.

ㅡ Consegue fazer melhor? ㅡ O encarei.

Noah parecia convencido demais para meu gosto, levando em conta que ele já havia ganhado o que tanto queria. Precisava jogar mais na minha cara que isso?

ㅡ Eu vou fazer melhor.

Aquela rodada final não demorou muito para acabar, me deixando de boca aberta por ela ter sido tão rápida. Noah sorriu para mim quando terminou de jogar e, juntando os 16 alvos que ele acertou, finalizou o jogo com sua vitória.

ㅡ Uuh... Surpresa?

ㅡ Argh... ㅡ Revirei os olhos, cansada de tanta derrota em brinquedos.

ㅡ O que vai querer, rapaz? ㅡ O homem da barraca indicou os presentes empendurados, olhando para o Noah.

ㅡ Ei ㅡ Noah tocou em meu ombro. ㅡ Escolhe um.

ㅡ Eu? Foi você quem ganhou, Noah.

ㅡ Considere como um presente ㅡ Indicou com a cabeça, sorrindo de ladinho. ㅡ Afinal... Você me aguentou pelo dia inteiro.

Acabei rindo, perdendo alguns segundos de raciocínio quando ele sorriu para mim.

ㅡ Obrigada.

Apontei para o urso que chamou minha atenção de primeira, vendo o homem pegá-lo e estender até a mim. Agradeci o homem antes de voltar minha atenção para o Noah, que ainda estava sorrindo para mim.

ㅡ Por quê me deu o urso sendo que quem ganhou foi você? ㅡ Questionei-o, apertando o urso em meus braços enquanto começávamos a caminhar para fora do parque.

ㅡ Isso é para você lembrar de mim ㅡ Admitiu, piscando para mim colocando seus braços atrás do corpo.

Desviei o olhar, sentindo minhas bochechas ficarem quentes quando ele fez aquilo. De novo.

ㅡ Quer ir pra casa? Ou, para outro lugar? ㅡ Noah sugeriu, tirando as chaves do carro do bolso.

ㅡ Tem algum lugar legal para ir? ㅡ O encarei, desejando que aquela noite se estendesse por mais alguns minutos.

ㅡ Claro que eu tenho. ㅡ Concordou com a cabeça, parecendo feliz por eu ter aceitado. ㅡ Entra aí.

Entrei no carro rapidinho, sentindo a curiosidade atingir meu peito em cheio para saber onde ele me levaria.

ㅡ Noah... ㅡ Sussurrei seu nome, pasma. O céu alaranjado tomava conta de tudo, mesmo se esvaindo no horizonte, finalizando aquela tarde saborosa. No Rio de Janeiro, eu não costumava parar para ver o quanto era privilegiada pela beleza natural, mas hoje foi completamente diferente. ㅡ Isso... Isso é lindo. Eu nunca vi um pôr do sol como esse.

ㅡ Eu sei... ㅡ Noah assentiu, passando a língua pelos seus lábios. ㅡ É muito linda mesmo.

O olhei confusa pelo elogio, mas me arrependi ao ver que ele olhava com seus olhos reluzindo sob a luz alaranjada do sol. Desviei meus olhos, sentindo minhas bochechas quentes por tá sendo observada.

Tá de brincadeira!

Eu vou corar sempre o Noah me dizer um A, agora?

Noah coçou a garganta, me trazendo de volta a mim.

ㅡ Vamos pra casa agora? Não quero tomar mais do seu tempo.

Toquei em seu braço o interrompendo, o observando bem no fundo dos olhos. Noah tinha um brilho estonteante no olhar, entretanto, parecia escondido atrás de uma barreira enorme. E, sendo sincera, era lindo de qualquer forma.

ㅡ Eu adorei o passeio, Noah. De verdade. ㅡ Assegurei, com medo que a minha voz saísse trêmula. Tocar nele de novo trazia aquele mesmo arrepio gelado de mais cedo. ㅡ Obrigada.

Noah se enclinou na minha direção, erguendo à sobrancelha.

ㅡ Você me agradeceu, vizinha? De bom agrado?

Acabei rindo com seu tom, empurrando seu ombro de brincadeira.

ㅡ Não se acostume. ㅡ Apontei em sua direção, correndo em direção ao carro em seguida.

Durante o percurso de volta ao nosso prédio, as músicas do rádio nos acompanharam a viagem inteira. Eram aleatórias, de fato, então eu não estava ligando para elas.

Mas, no fundo, eu estava ligando para a sensação quente que adentrou no meu peito.

Entramos no elevador da garagem quando ele estacionou o carro, apertando o número do andar que morávamos. Noah encostou-se no espelho, de frente pra mim, cruzando os braços em seu peitoral e me observando em silêncio.

ㅡ O que foi? ㅡ Indaguei, trêmula, prendendo minha respiração quando peguei ele no flagra.

Seus olhos azuis me observando desregulava minha respiração, consequência do meu coração acelerado.

ㅡ Eu também gostei do passeio, sabe? Faz séculos que eu não me divirto assim.

O encarei.

ㅡ Você jura?

Concordou.

ㅡ A faculdade de administração me deixa cansado, vizinha. Além disso, nem todo mundo curte verdadeiramente em festas.

ㅡ Você deu uma no domingo. ㅡ Apontei, ainda confusa.

ㅡ Distrações raras, vizinha. Não é qualquer momento que eu posso da uma festa assim. ㅡ Admitiu, balançando os cabelos castanhos.

ㅡ Por quê continua me chamando de vizinha agora que sabe meu nome?

ㅡ Eu gosto de vizinha.

Graças a Deus, antes que eu pudesse corar de novo, a porta do elevador se abriu. Tirei a chave da minha bolsa caminhando até a minha porta, virando-me na direção do Noah. Ele já estava abrindo a porta do seu apartamento.

ㅡ Ei ㅡ Chamei sua atenção, notando ele virar-se e me olhar. ㅡ Obrigada de novo, Noah.

ㅡ Não precisa agradecer, vizinha. Só quero que saia comigo de novo. ㅡ Confessou, o que arrancou uma risada sincera minha. ㅡ Boa noite, vizinha.

ㅡ Boa noite, Noah.

•••

Meu Vizinho | SENDO REESCRITOOnde histórias criam vida. Descubra agora