Capítulo 14

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Academia St. Trevelyan, Alpes Suíços. Julho de 2007.

— Você sabe o que deve fazer, não é?

Dentro da SUV de vidros escuros e impenetráveis, al-Shishani olhava com desdém a caminhada lenta e gradual de garotos engomados e garotas ridículas, as quais provavelmente fofocavam sob as últimas tendências da moda.

Por que ela não podia se infiltrar em uma casa repleta de assassinos ou seguir terroristas por desertos e montanhas? Por que ela deveria começar um ano letivo dentro de uma escola para garotos e garotas normais?

— Sim, me aproximar e vigiar de perto um grupo de alunos. — Suspirou, passando as fotos de cada um deles pela tela do tablet. Desde um moreno claro, de olhos avelãs e um riso encantador de covinhas até um jovem pálido, de olhos heterocromáticos. — Popularmente conhecido como AltF4.

— Exato. — Pardal lhe entregou os documentos. — Seu nome agora e para sempre é Stella Kapoor, filha de um industrialista indiano. Eu sou seu guarda-costas e cuidador, Adrian Wright. Grave esses nomes.

— Stella... — Aperfeiçoou o sotaque indiano da melhor maneira possível e balançou positivamente a cabeça enquanto encarava a foto do seu passaporte e identidade. Por que as imagens de identificação eram sempre feias? — Certo.

— O motivo do monitoramento, você sabe, não é mesmo?

— O Velho Sábio teve uma epifania. — Ela endireitou-se no banco e ficou ereta. — De que todos os membros do AltF4 serão importantes para o futuro. Eu devo descobrir porque eles se tornarão importantes para o futuro e resguardá-los de perigos.

— Não à toa você é a escolhida para esse trabalho de infiltração. — Pardal... ou melhor, Adrian sorriu ternamente. Se não soubesse melhor, ela acreditaria naquela falsa máscara de tranquilidade. — Ainda que tenha passado um pouquinho da idade, conseguimos ajustar para que você frequente a Academia. Facilita muito você ter um rostinho de criança.

— Vá à merda. — Revirou os olhos. — Quanto tempo eu devo ficar com eles? — Pôs as mãos no recosto da porta.

— Até se formarem. — Adrian lhe fitou com firmeza. — Depois te colocaremos nas missões que você mais ama.

— Eu te cobrarei por isso, velhaco. — Ela ajustou a alça da mochila e desceu do carro, encarando a entrada da Academia onde os ricos e poderosos estudavam.

Bateu na saia xadrez vermelha e preta, que ia até acima dos joelhos, e seguiu adiante. Ela abriu um pouco o blazer escuro, revelando seu pequeno decote. Ignorou os olhares alheios, pois sabia como o uniforme caía muito bem em suas curvas.

Observou a segurança. As câmeras espalhadas, de última geração, cobriam os todos os pontos. Gostou dos muros altos, de paredes lisas, perfeitos para evitar atletas treinados em Parkour. Poderiam colocar arame farpado ou cacos de vidro no topo, mas para evitar paparazzi era o suficiente.

A única coisa que ela não gostou foi para o guarda à entrada da estradinha de cascalho. O porteiro corpulento e barrigudo estava completamente fora de forma sob um rosto ranzinza e enrugado. Em sua vida, já havia visto senhores de idade mais atléticos do que ele. As engrenagens treinadas de sua mente conseguiam visualizar várias formas de abatê-lo sem muita dificuldade.

Como a maioria dos assassinos, ela teria que se virar com o que tinha.

Seguiu as indicações, os corredores e o mar de gente para o discurso de abertura. No ginásio, os alunos de todas as classes se reuniam para o Comitê de Boas-vindas. Ela havia feito o reconhecimento do local através dos cursos de verão, por isso não precisava assistir ao discurso e poderia ir direto para os dormitórios mistos.

O ChacalTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang