Desde o primeiro dia que coloquei os pés nesta floresta, meus sonhos se baseiam apenas em um par de olhos vermelhos chamativos. E mesmo depois de todos os eventos dessa semana, tudo o que passa por meus olhos fechados na escuridão de um sono profundo são eles, pequenos e avermelhados globos oculares, que mexem comigo sem que eu possa perceber.
Porém, algo nessa noite mudou o ritmo das profundezas de meus pensamentos. Não havia lindos olhos rubis me admirando e me arrastando, mas uma névoa escura e cortante, que estava cobrindo toda a dramaturgia dos meus devaneios.
Sinto essa névoa se mover e ficar mais grossa, cobrindo assim meu mundo pessoal, e escondendo de mim a minha ilusão preferida. Contudo, de uma forma lenta a névoa se dispersou dando espaço a dois pontos de claridade amarelos e brilhantes. Defronte, imaginei ser dois faróis, porém quando se aproximou pude ver os dois olhos amarelos e ouvir um rosnado feroz.
Em um pulo ele veio até mim, e quando não pude mais distinguir os pontos meus olhos se abriram dando espaço a luz das grossas cortinas do meu quarto.
É realmente um sonho, ou melhor, um pesadelo.
Encaro o tecido escuro por um breve segundo, repassando a cena em minha mente e tentando distinguir o que isso significava. Porém, não chego a lugar nenhum, foi apenas meu cérebro replicando um momento de terror que passamos a poucos dias.
Observo a luz forte que invade meu quarto, pelo calor já deve ser quase uma dez horas. Suspiro cansada, cogito se devo levantar agora ou não.
Viro para o outro lado e me ajeito na cama, cobrindo-me mais. Tudo isso foi realizado de olhos fechados, porém, quando resolvo abrir os olhos vejo um certo vampiro de olhos vermelhos brilhantes me encarando.
O pulo que dou me faz cair da cama e bater a bunda no chão. Uma leve risada rouca enche o quarto me fazendo olhar por cima do colchão.
– Bom dia, Suji - Ele me dá um sorriso divertido.
– Niki?
Meus olhos analisam ele: seu cabelo longo e molhado está caindo perfeitamente em seu rosto. Ele está com uma camisa branca um pouco larga para sua estatura magra, ela está aberta até o segundo botão, que vai até sua calça preta social; também muito larga para seu corpo esbelto. Seu estilo despojado me faz lembrar um dia preguiçoso, ou uma manhã lenta e despreocupada. Imagino que tenha caçado a pouco tempo, por conta de seu cabelo úmido, seus olhos suaves e seu cheiro leve de especiarias e baunilha. Eu o encaro imaginando muita coisa por segundo; espero que ele não leia mentes igual o Heeseung.
Todavia, algo, além da beldade à minha frente, me chama a atenção. Antes de deitar, ontem à noite, eu tranquei a porta do quarto. Então a dúvida é: como ele entrou aqui?
– Dormiu bem? – Ele fala, tirando-me dos meus pensamentos.
– Eu dormi – Digo me levantando do chão.
– Ontem eu vim aqui no quarto, mas você já estava dormindo.
– Acho que fiquei muito cansada, os últimos dias foram bem corridos. – Sento-me novamente na cama de frente para ele.
Uma risada sai de seus lábios.
– Sim, vocês causaram bastante emoção esses dias. Acho que Jungwon hyung está prestes a surtar. Ele sai para caçar e a cada volta, tem uma surpresa.
Após a última frase, ele se levanta de forma calma e decidida, como se estivesse inspirado. Uma de suas mãos está nas costas escondendo algo, enquanto a outra tremia um pouco do lado do seu corpo. Ele se senta ao meu lado na cama e fica me encarando.
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Sol da Meia-Noite
VampireDe onde vem os acontecimentos? O que você faz quando o nada se torna tudo? A vida é cheia de reviravoltas malucas; mudar-se para o meio do nada, sem nenhuma forma de ir embora, não é brincar com o perigo? E se você tiver que arriscar a sua vida por...