Capítulo 15

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Eu olho para as prateleiras de livros como se fosse a primeira vez que as vejo

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Eu olho para as prateleiras de livros como se fosse a primeira vez que as vejo. Toco a madeira envelhecida que parece perfeitamente cara e percorro o dedo ao longo da fileira de clássicos meio entediada.

Minha garganta aperta quando leio o título da obra rara, antiga e que imaginei ter se perdido há muito tempo.

— Como esse livro veio parar aqui? — Minha voz é um sussurro, mas alto o suficiente para chamar atenção de Isadora.

— Eu lembro dele. — declara, tocando a capa dura por cima das letras que compõem o título.

A pequena sereia.

Em sua versão original e sem cortes, em dinarmarquês.

O autor Hans Christian Andersen foi sua obsessão por um longo período no ensino fundamental, quando sua aparência e nome eram constantemente associados a imagem da sereia do desenho, o que a irritava bastante. Ela odiava ser comparada a superficialidade de uma garota que priorizava o amor a si, então ela ganhou esse livro de um professor e desejou ser sua musa.

Ariel queria uma nova história, uma que ela pudesse escrever da sua própria maneira.

Algo que nunca aconteceu.

—Ela disse que tinha perdido.

Ela disse tantas coisas.

—Achei! — Tilly olha para mim com se o céu e as estrelas tivessem encontrado abrigo dentro dos seus olhos. Ela mantém o cabelo preso no alto da cabeça de forma despreocupa, com alguns fios caindo na sua testa e bochecha. — Eu sabia que tinha visto aquele símbolo em algum lugar!

Dou um olhar para Isa em busca de resposta, mas ela parece tão confusa quanto eu.

—Esse. — ergue o livro e aponto para o canto direito. — É o mesmo símbolo presente em todos os diários. Vejam.

Cruzo a diferença entre nós em três passos, tirando o livro de suas mãos e o estudando com mais julgamento. Eu demoro para enxergar o que ela mostra, mas quando meu cérebro faz a ligação, ninguém é capaz de tirar o sorriso arrogante do meu rosto. Tilly pega o celular e tira uma foto da logo, jogando na internet em seguida.

— E então? — a ansiedade toma conta de mim, porque se descobrirmos a quem pertence a editora do livro e onde são produzidos, talvez possamos encontrar quem está por trás disso.

Meu próprio celular explode em uma ligação e antes que eu tenha a chance de atender,Tilly vira seu olhar pra mim com a testa franzida e aperta o maxilar com força exagerada.

— Não é daqui. — declara, empurrando o aparelho para as mãos de Isadora. Assisto a cena com horror.

— A editora fica em São Paulo, não existe nenhuma outra filial. — a morena esclarece, passando os olhos pela tela sem realmente me encarar. — O pedido provavelmente foi feito online e com algum tempo de antecedência. — acrescenta um momento depois.

— Esses pedidos podem demorar até um mês para chegarem.

— Então quer dizer que as caixas chegarem hoje foi uma coincidência? — questiono, nenhum pouco satisfeita com o fim dessa história. Parecia uma boa evidência.

— Isso ou alguém tem muitos passos a nossa frente. — Uma das meninas declara, mas não estou prestando atenção em qual, porque meu celular é designado por Zé em uma chamada.

— Seu padrasto já saiu do hospital? — Isa pergunta sobre meu ombro, a voz revelando sua confusão. Não é segredo para ninguém que Zé passou por uma cirurgia delicada e precisará ficar internado até o fim desse mês, assim como minha mãe optou por ficar no hospital e seguir seu tratamento lá.

Balanço a cabeça em negação.

— Não, ele ... com licença. — Deixo-as para trás, fechando a porta atrás de mim e seguindo para a área mais escura do corredor. Tobiah está em algum lugar por aqui. Meu dedo dança pelo visor, deslizando a tecla de atender antes que eu possa pensar racionalmente.

Uma música estranha toca do outro lado da ligação, não uma com letra e mensagens, apenas o som de um violino e talvez piano?

— Alô? — Chamo quando a melodia é o único barulho saindo do aparelho. — Quem é?  

Eu continuo empurrando a pessoa do outro lado da ligação, insistindo, questionando, exigindo um nome até que a música se transforma em uma risada profana, do tipo que marca sua alma e rouba um pedaço da sua mente e a chamada finalmente é encerrada.

Levo um tempo encarando o celular, talvez um minuto ou mais até que escuto passos e vejo uma sombra chegando ao meu lado. 

Quando eu me viro, não tem ninguém, apenas a escuridão.

— Olá? —chamo, imaginando que talvez seja uma das meninas ou Tobiah. Dou alguns passos para frente e olho na direção da escada, flagrando algumas pessoas transitando, mas duvido que tenha sido alguma delas. — Tilly?

Tento mais uma vez.

Nada.

Estou pronta para voltar e discutir mais um pouco sobre quem enviou aqueles diários quando o zumbido de vozes a minha direita chama minha atenção, não penso duas vezes antes de desviar o caminho. Mantenho meus olhos bem abertos, escorregando em passos silenciosos.

— Você precisa parar com isso. — Uma voz masculina diz e paro no lugar. Meu corpo de repente sendo invadido pelo medo. — Pare de me tocar, caralho!

Oh, o quê?!

Eu não estou tocando ninguém. Espera.

Mais uma voz aparece e parece muito com a primeira que ouvi.

Uma Mulher.

A voz pertence uma mulher adulta, talvez da minha idade ou um pouco mais velha e ela está gritando com alguém. 

NOSSA VERDADE - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora