Capítulo 27

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Minha respiração é dolorosa.

Meu peito queima cada vez que preciso puxar ar para meus pulmões como se grãos de areia estivessem grudados lá. Eu olho para a garota enrolada ao meu lado, T dorme como um bebê urso, inteiramente coberta por uma manta azul royal que Tobiah... quero dizer, Nikolai nos entregou meia hora atrás. Meu ex chefe de segurança dirige com uma mão enquanto digita de forma frenética e cerra os dentes. Eu posso dizer que ele está além de chateado e não quero ficar no meio do seu momento explosivo.

— Sua filha está bem? — eu pergunto em tom baixo, dando uma rápida olhada em Talia antes de pular para o banco o passageiro desocupado.

Nikolai rosna, mas é literalmente ruídos e nenhuma palavra com sentido, então eu concluo que algo está acontecendo e brincar com sua paciência não é uma boa ideia. Eu assisto a estrada de terra ficar para trás e tento ignorar a tensão vindo da direção do homem. Dez minutos depois, bem, eu acho que já se passaram muitos minutos de qulquer maneira, ele me olha e assente com a cabeça.

— Eu não confio no meu irmão, mas não acredito que ele faria qualquer coisa ruim para sua sobrinha. — ele suspira, a expressão fechada e eu sei que existe algo mais.

— Mas você está preocupado.

— Alec foi surpreendido por uma emboscada, então Igor voltou a me ter em suas mãos.

Bufo.

— Seu irmão é um merda. Como ele pode usar a própria sobrinha para te chantagear?

— Ele quer ter certeza que vou ficar e não trai-lo. A partir de amanhã vou trabalhar para Talia, assim poderemos observar o pai dela de perto.— ele informa, em um tom que deixa claro que não vamos debater sobre.

Um formigamento familiar começa nas pontas dos meus dedos e viaja até meu estômago, onde minha barriga embrulha e sinto vontade de vomitar. Estou tentando lidar com tudo da melhor foma possível, mas a verdade é uma terrível bolha de chiclete na minha cabeça. Nós quase morremos horas atrás, eu tive tantas armas apontadas na minha direção que nunca vou esquecer a sensação. A morte nunca foi tão real e acessível. Igor nos libertou, mas ele acompanhará cada um dos nossos passos até ficar saciado com sua vingança, ou seja, até sangue ser derramado. Eu preciso de um banho para relaxar e descansar, existem tantos pontos soltos na história que me sinto em um labirinto.

— Você vai ficar bem? — Nikolai pergunta após algum tempo de silêncio esmagador, seus olhos divido entre a estrada e meu rosto. Eu não sei o que responder, então apenas balanço meus ombros para cima e tento não ter uma crise neurótica ou vomitar em cima dele.

Ele amaldiçoa e bate na lateral da minha cabeça. O ato me pega desprevenida.

— O que diabos foi isso? — esbravejo,apertando os olhos quando um sorriso surge no seu rosto e destrói sua expressão de homem sem coração.

— Você estava se perdendo na sua cabeça.

Reviro os olhos.

— Acho que é compreensível considerando tudo que passei, a pergunta importante é por quê você não está surtando também.

— Vivi coisas piores, sem falar que tenho uma filha que precisa de mim. Não tenho tempo para chorar e lamentar, Nora. É difícil não se perder na sua própria mente depois que você vê e faz algumas coisas, mas você precisará ser forte e não quebrar.

Eu me encolha no assento e nem sei a razão.

— Me deixe no hospital.

Nikolai nega.

Meus lábios apertam e cerro os dentes.

— Se alguém no hospital te vê nesse estado, as coisas ficarão complicadas. —ele aponta para minha roupa suja e meu cabelo despenteado.— Sem falar que você precisa descansar e colocar a cabeça no lugar.

Vergonha me atinge e eu olho para baixo.

Minha mente não pode voltar para o lugar certo, principalmente agora que minha mãe acordou e Zé passou por uma cirurgia de risco. Eu nem sei qual o estado atual dele com toda essa confusão. Sinceramente, eu só quero deitar na minha cama e chorar.

Minhas mãos deslizam pelas minhas pernas cobertas, meus dedos se movimentando de forma frenética até que meu anelar se enrosca em um pequeno buraco feito no jeans, provavelmente durante a perseguição e nossa tentativa patética de fuga, então tento focar nisso.

Após contar até quinhentos e vinte e um, meu estado ainda não é pleno e conformado.

Eu limpo a garganta e enrolo meus braços na frente do meu peito.

—Coloque o cinto. — Nikolai resmunga e tudo que consigo fazer é revirar os olhos. Quero dizer, não faz sentido ele falar de segurança no trânsito agora, mas é um tanto faz. Preciso perguntar algo a ele, então obedeço e coloco o cinto.

— O que você quis dizer quando me avisou sobre Zé?— questiono, inquieta demais para interpretar os sinais e manter minha boca fechada. Nikolai franze a testa, como se não entendesse minha pergunta.— Você me disse para ficar de olho nas viagens dele.

Reconhecimento surge em seu rosto.

— Sim.

Ergo as sobrancelhas.

— Então, o que você quis dizer?

Pressiono meu dedo contra seu ombro quando ele continua em silêncio.

— Não somos amigos. — ele rosna.

Minha expressão murcha, mas logo me recupero.

— Estou apenas fazendo uma pergunta. — falo de volta. Ele balança a cabeça, olha para onde T continua dormindo e então, finalmente, me olha. Sua expressão não é boa.

— Eu não acho que deveríamos conversar sobre isso aqui, melhor, não deveríamos conversar sobre isso. Seu romance caótico não é da minha conta.

Tento focar na minha respiração e colocar o ressentimento de lado, mas isso foi um... ai. Qual o problema dele? Romance caótico. Sério!?

— Acho que você não compreendeu muito bem minha pergunta, querido Nikolai. Quero saber o que existe por trás das suas insinuações, aquelas que você fez quando me sequestrou,lembra? Não sua opinião sobre meu romance caótico. — eu não deixo as aspas de fora na última parte, junto com meu tom áspero e venenoso.

— Nora.

— Apenas fale, Nikolai. Você me deve por ter mentido todo esse tempo.

Em vez, de apenas concordar comigo, meu ex chefe de segurança argumento e argumenta, até que sua boca se abre em um sorriso malicioso e estou com vontade de esmagar seu rosto com meus punhos.

— Você é um imbecil, eu deveria ter te demitido no primeiro dia.

— Oh, você devia.

Novamente, o silêncio reina.

Quando o carro para nos portões da minha casa, tendo passado por toda a segurança, ele agarra meu pulso e me vira para poder me encarar de frente.

— Sua mãe já tinha acordado antes, seu padrasto escolheu não te contar. Ele mantém muitos segredos, meu conselho é que você descubra cada um deles.

NOSSA VERDADE - LIVRO 2Where stories live. Discover now