Capítulo 19 ~ Miyuke

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   Passo por baixo da madeira da carroça, me enfiando onde os animais ficam para empurrar a carroça. 

   Quando o príncipe pulou perto dele, eles fugiram de medo, não me dando tempo de segurá-los, mais agora já foi, vou ajudar a puxar a carroça e voltar para o Aang. 

   Zuko passa por baixo da madeira e fica do meu lado, ele segura meu braço direito e estica para ele ver. Aquilo arde, me fazendo fechar os olhos, os abro e olho para ele, virando meu corpo para ele, puxo meu braço o soltando de suas mãos. O calor que eu sempre sentia ao seu toque, desapareceu. 

    - Vocês está sangrando muito! - ele fala. 

   Viro para frente, apertando em volta da onde a fagulha de terra está. 

    - Eu estou bem! - minto. 

    - Não está. - ele pega o meu braço machucado novamente. 

   Fecho os olhos, os apertando, ele puxa a fagulha e aquilo arde, me fazendo gritar, abro os olhos e o olho, ele não me olha, olho para o que ele fazia no meu braço, com um pano que ele havia guardado dentro do bolso de algum lugar, ele enrola em volta da minha ferida e o aperta, estancando o sangue. 

    - Vamos, os soldados já vão chegar. - peço, tirando meu braço do toque da sua mão. 

   Volto a olhar para frente, seguro na madeira com ambas as mãos, Zuko faz o mesmo, começamos a empurrar, voltando por onde viemos. 

   Viro meu rosto na sua direção. 

    - Só vou até uma parte do caminho. - comunico. 

   Ele me olha e confirma com a cabeça, voltando a olhar para a frente. Meu olhar desce para os músculos do braço, acompanho o braço até a mão, onde, do pulso até os nó dos dedos, as veias estavam saltantes. Desvio meu olhar para frente, piscando rapidamente.

   O tio dele não era pesado, o problema era a lama, estava começando a ficar mais grosso e mais difícil das rodas passar. Fazíamos mais força, puxando aquela carroça a cada momento que nos aproximávamos da encruzilhada mais a frente.

   Sinto meus pés se afundarem na lama, faço mais força, forçando meu braço machucado. Sinto o sangue escorrer, esquentando por onde passa, ele começa a pingar, ignoro aquilo e volto a empurrar, a carroça não avança mais. 

   Zuko empurra mais forte, tentando mover, tento ajudar, mais nada da certo. 

    - Vamos empurrar por trás. - digo. 

   Saímos da frente da carroça e corremos para trás, sinto o sangue escorrer por entre meus dedos. Zuko coloca as mãos na madeira e eu faço o mesmo. 

    - No três! - falo, ele concorda. - Um! Dois! Três! 

   Começamos a empurrar, mais nada dá certos. Zuko tenta mais uma vez e eu ajuda, nada novamente. 

    - Zuko! - a voz do Iroh faz nos dois olharmos para ele. - Tem muita lama, a carroça não consegue mais. - tiro as mãos da madeira, Zuko faz a mesma coisa, ficando ereto. - Consigo ir andando, e também, o braço dela está sangrando muito. 

   Ambos me olham, coloco a braço para trás, mexendo a cabeça. 

    - Está tudo bem! - volto a mentir. 

   Zuko não diz nada, apenas olha para mim, olha para a carroça, caminha e abre a porta, seu tio desce, com a nossa ajuda, tento evitar de usar o braço machucado, Zuko passa o braço do tio por cima do ombro, faço o mesmo, caminhando no mesmo ritmo que eles. 

   Coloco minha mão nas costas dele, sem ter lugar para apoiar, a mão dele está segurando meu braço machucado, ainda com o braço em volta da minha nuca. 

   Voltamos a andar, abandonando a carroça para trás. Alguns metros a frente, a encruzilhada, onde a estrada a direita, levava ao mar. A estrada onde vínhamos, é a oposta, levava ao Poço.

   Paro de andar, fazendo os dois pararem e olhar para mim. Me afasto, ficando de frente para os dois. 

    - É aqui que a gente se separa. -  falo, olhando para Zuko. 

    - Volte com cuidado! - é Iroh que fala, olho para ele, sorrindo. - E muito obrigado!

   Confirmo com a cabeça, dando as costas e avançando em direção a estrada mais a frente, começo a correr, virando a direita e entrando em uma trilha pequena, continuo correndo até ver o corpo peludo do Appa em meio as árvores. 

   Volto a andar, me aproximando dele, ele move a cabeça na minha direção, soltando um ar, fazendo o meu cabelo ir para trás. 

    - Voltei Appa! - me aproximo dele, colocando a mão sobre seu pelo. 

   Ele resmunga, arrumando a posição. 

    - O sol já está se ponto, logo o Aang volta. 

   Tiro minha mão do seu pelo e passo em volta do meu pescoço, onde não sinto o meu colar, meu coração se desespera, passo a mão novamente pelo pescoço, desço para a calça e nada, fecho os olhos, lembrando onde possivelmente perdi o colar. 

    - No centro de comércio em Omashu. - reclamo em voz alta. - A essa altura, alguém já achou e o vendeu. - continua a dizer para mim mesma. 

   O aço no colar vale muito no mercado, ainda mais sendo raro. O Howaitofaia é um aço tão raro que somente pessoas da nação do gelo pode sentir o seu verdadeiro poder, somente eu o sentia, sentia como um guia para meu poder, por esse motivo, devo ter lançado o gelo, junto ao fogo na direção do Aang, pois, perdi o controle, quando perdi o colar. O interessante é que, quando eu estava ajudando o Príncipe eu não senti perder o controle do gelo, mais isso não é importante, já que perdi o meu colar.

   Ouço risada se aproximando, viro em direção do som, vejo Aang, Katara e Sokka vindo na nossa direção, Aang para de andar quando me vê, corre na minha direção logo em seguida, sinto o seu abraço reconfortante, faço o mesmo, ele me olha, erguendo a cabeça e me olhando. 

    - A onde você estava? - questionou, num tom totalmente preocupado. 

    - Fugindo dos soldados da Nação da Terra. - falo, escondendo a outra parte. 

    - Você está bem? - pergunta Sokka, se aproximando de mim. 

    - Miyuke, seu braço! - Aang diz, desesperado. 

   Ele pega meu braço analisando, solto o meu braço da sua mão e me afasto. 

    - Eu já estou melhorando, eu limpei e já estanquei. - minto. 

   Aang confirma com a cabeça, Katara está olhando por cima do ombro de Aang. 

    - Então vamos embora, antes que soldados da Nação da Terra apareça. - Sokka passa por nós e caminha na direção do Appa. 

   Concordo com a cabeça o seguindo, subo no Appa, seguido do Aang e Katara, Aang faz Appa levantar voo, subindo no céu já escuro, cruzo os braços sobre o encosto, olhando para baixo, vendo a água que estava descendo para o mar, mais a abaixo, vejo um bote, com duas pessoas dentro, meus lábios se formão em um sorrio. 

A PROTETORA DO AVATAR - [ZUKO]Onde histórias criam vida. Descubra agora