O Vírus do Amor

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Dedicado à uma das pessoas que mais acredita em mim. Obrigada por tanto carinho, Josy! <3




Prisioneiros de um arranha-céu

Lá embaixo, o mundo cruel é tão chatinho

Você é toda a minha munição

Não negue fogo pro meu coração machucadinho



Orra meu, traz mais um negócio aí! Um conto da Loira Gelada.


Ponto G, por Giovanna Antonelli.


Essa não é uma crônica sobre sexo. Essa é uma crônica sobre erros, erros que beiram a juvenilidade. E sobre cerveja, então deguste com calma.


É correto que uma mulher do alto dos seus 30 anos se porte como uma garota vingativa de 15 anos? Eu não sei, mas por alguma fração de momento, permiti com que certas coisas acontecessem.


Gosto muito de um insight do genialíssimo Manoel Carlos dizendo que basicamente é tudo sobre nós, mulheres. As mulheres são seres profundamente interessantes. Elas são seres confessionais, seres falhos e confessativos. As mulheres são esses seres trágico-romanos, prontas a se expor como se estivéssemos todos em uma Ágora, compartilhando os conhecimentos e desinformações de vida em uma tratativa só.


Cometi um erro, e com esse erro, derramaram cerveja no corredor da minha casa. Uma melequeira só, e já era tarde da noite. Derramaram cerveja no meu corredor, mas eu que causei isso. Eu causei o derramamento, a decepção que causou o próprio derramamento, criei a causa pela decepção, e arrisco dizer que o próprio ato do outro em tomar uma loura gelada — tudo isso porque eu sou uma loura gelada, por assim dizer.


Não posso dizer que sou uma mulher fácil, seria uma falácia, mentira das mais armadas e grossas que poderia dizer. Quente na cama, na redoma, com certeza, mas a minha armadura é de aço, fria e brilhante, nada fosca. Loura gelada, quando me abrem, você consegue analisar pedra por pedra de gelo. Capaz de sequer conseguir se embriagar, por vezes fico aguada.


For the record, eu não estava aguada para o consumidor — eu acho que estava no ponto, até que me tocaram em uma ponta errada e eu virei neve. Não culpo quem pegou essa garrafa de gelo de mal jeito, porque para quem é acostumado com o tanino fino do vinho ou o gosto amadeirado de um whiskey envelhecido por 14 anos, jamais saberá os segredos e maestria de como se beber uma cerveja de garrafa em ponto de chopp.


Eu gostaria de pôr a culpa nas condições climáticas, de como o clima era desfavorável, de como a garrafa foi batida com força na mesa, da falta de porta copo. Queria botar a culpa no copo térmico chique, no abridor de ferro pesado, na conjuntura daquela bebida, e em todos os fatores que condicionaram que aquela cerveja fosse daquela forma.


É o que ocorre – a cerveja explode e fica aguada. Intragável, imprestável. Jogamos o líquido na pia fora, jogamos uma aguinha no ralo pro cheiro sair e pomos a garrafa da longneck no fardo de plástico, levando-o no outro dia no bar da esquina. Recicla-se, seja para outra cerveja, ou para virar sei lá, caco de segurança do muro de uma casa.

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