Mutante

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Mais uma na conta de Luana Leme, porque ela não atualiza os docs de escolinha e isso consequentemente me fez entrar em estado de mania com Apelão. Agradeçam a ela, unicamente!

E a Marininha Carter, que sugeriu que esse pov fosse sob os olhos dele.



Como mutante

No fundo, sempre sozinho

Seguindo o meu caminho

Ai de mim que sou assim.



É isso. Dá pra você falar alguma coisa agora, depois de ter passado... 20 minutos em silêncio, sei lá?


Sei lá. Se eu pudesse descrever melhor os meus sentimentos, descreveria com um sei lá muito grande.


Por dentro, sinto um alívio absurdo de compreender o porquê, de entender, na verdade, que tudo isso teve dedo da forma como eu agi com ela, e como a tratei durante esse tempo. Eu não sei se por fora estava conseguindo transparecer isso, porque no raso, eu ainda tinha medo. Medo de muita coisa, de todas as coisas me ocorrerem de novo como ocorreram com Cris, numa escala bem maior e num estrago muito pior.


É, a cerveja escorre, o café escorre, as vontades escorrem, nós sozinhos escorremos. Os sentimentos ali borbulham, desde cedo e desde sempre. Chega a ser cretinismo da minha parte não reconhecer minha dose de culpa perante ela, mas no calor das coisas todas... a gente não quer pensar, a gente quer só sentir.


Eu fervi ao ler aquele e-mail de Cris pulando da sua caixa, fervi com o teor do texto, e com toda a mensagem enviada meses atrás. Falei horrores, xinguei ela, agi como um pau no cu legítimo. Sei muito bem que a raiva como boa mãe da covardia me cegou, eu agi da pior forma possível. Chorei pra cacete, até secar a alma de toda mágoa, mas lembrava a cada barulho que escutava ecoar na sua casa.


Foi horrível. Ler os comentários de suposições foi pior ainda, e ter que continuar aquele teatro todo de bons amantes na frente de tantas pessoas... me pareceu a gota d'água. Nada era bom, nenhum sentimento era bom.


Vocês precisam começar a se resolverem como adultos, mané. – disse Murilo, recorrido da minha carta de amigos próximos, me dando lições de moral e whiskey caro. Amigo é coisa pra se guardar.


A verdade é que eu me senti tão moralmente traído, que perdi até o gosto de ter sido chamado pra lecionar na faculdade depois de ANOS tentando fazer o que eu gosto. Foram anos tentando criar essa moral pra ocupar alguma pasta na vida acadêmica, e me deram o presente de ministrar na turma de Opinião Pública e Poder na PUC-SP pela primeira vez na vida. Tremi na base com delay, mas tremi. Acho que seguia tremendo.


Saiu a bendita nota da minha posse e daí, os amigos da Libernews organizaram uma surpresa, e me esbaldei na manguaça. Cerveja, champagne, caviar iraniano, o diabo a quatro: Eu queria comemorar, queria esquecer ela, queria viver, queria morrer. Eu quis tanta coisa, que da noite pro dia tive muita coisa: uma briga feia, um beijo roubado, uma garrafa de cerveja vazia e pela manhã, um susto com gosto de café expresso — a maior das declarações de culpa, crime e castigo que eu poderia receber, em carta aberta ao público.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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