77- O amor Pedresa

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Teresa sabia mais do que ninguém o que sentia, e se recusava a cogitar estar grávida. Seus pensamentos eram resumidos ao medo, à negação e à preocupação: o que suas filhas pensariam quando descobrissem? A imperatriz sabia da reação de todos, sabia que Isabel iria ficar fragilizada, por querer um filho e não conseguir conceder as vontades de seu marido. Dina havia acabado de perder um filho, estava passando por frustrações com seu marido, já que o mesmo havia causado tal tragédia. E Pedro? Bom, Pedro ficaria como uma criança ao descobrir o mundo; o imperador tinha a mesma reação todas as vezes que descobria que seria pai.

O dia passou rápido. Na câmara dos deputados, Pedro finalizava mais uma de suas reuniões turbulentas. Era inacreditável o quanto os deputados estavam envolvidos nas conversas de Tonico. O imperador estava perdendo a fidelidade de muitos, mas deixava claro que poderia perder a confiança de todos e continuaria sendo o Imperador, e nada mudaria. O poder estava em suas mãos.

Pedro estava sentado organizando seus papéis, preparando-se para voltar para o palácio, e viajava em seus pensamentos. Ao contrário do que Teresa pensava, o que havia acontecido mais cedo não havia passado despercebido por Pedro. Ele sabia, como ninguém, que a Imperatriz do Brasil escondia algo.

Logo, se organizou e partiu para o palácio.

Ao chegar, todos o esperavam na mesa de jantar, exceto a imperatriz.

- Papai, que bom que chegou. (Isabel sorriu para ele)

Pedro se aproximou dela e lhe deu um beijo no topo da cabeça.

- Como passaram o dia? (Pedro perguntou entregando sua casaca a Nicolau e logo se sentando à mesa)

- Passeamos pelo jardim. Fazia algum tempo que eu e Isabel não fazíamos isso... (Dina sorriu olhando para a irmã)

- Pena que mamãe não estava tão disposta e não pôde nos acompanhar. (Isabel afirmou colocando uma porção de comida na boca)

- E sua mãe, como está? (Pedro perguntou bebendo o suco)

- Visitamos ela há pouco. Nos disse estar bem, mas parecia um pouco pálida. (Dina afirmou) Disse que é pelo calor, mudança de tempo.

- Mudança de tempo... (Pedro repetiu soando desconfiado)

- Teresa já deveria ter se acostumado com o clima do Brasil. (Madalena acrescentou) Há anos que mora aqui e nem a isso se acostumou. (Ela sorriu)

- Talvez a imperatriz apenas esteja indisposta... (Dumas sugeriu)

O imperador sorriu falsamente com o comentário.

- Disso já sabemos, comandante. (Pedro afirmou)

- Já deveria ter melhorado. Não almoçou e nem jantou. (Madalena afirmou)

- Não almoçou? (Pedro perguntou indignado) Celestina! (Pedro a chamou ligeiramente)

- Sim, majestade? (Ela, que estava logo ao lado, se fez presente)

- Como pode ter deixado a imperatriz sem almoçar? Leve sua janta para os aposentos e diga que mandei comer. (Pedro afirmou)

- Majestade, sabe como a imperatriz... (Ela foi interrompida)

- Diga a Teresa que eu peço que coma, e diga também que daqui a... (Pedro olhou o relógio) dez minutos eu subo para vê-la, e espero que já tenha se alimentado.

Celestina fez uma reverência e logo saiu para preparar a comida da imperatriz.

- Agora veja só, Teresa sem se alimentar até uma hora dessas, mal comeu durante o desjejum, passou mal antes mesmo de se alimentar. (Pedro afirmou)

O amor Pedresa...Where stories live. Discover now