— Pra onde você vai querer ir hoje? — Devon pergunta.
Estamos andando correndo pelo hospital. Devon insistiu em vir comigo hoje para conhecer o meu pai. Foi uma manhã um tanto estressante com a mãe dele, que não parou de encher a minha paciência. E sim, eu adoraria ir para outro lugar que não fosse um hospital, me lembrando todo santo dia que o meu pai ainda não acordou. Mesmo estando no melhor hospital do país, não houve nenhuma melhora significativa. Ele não responde a nada e, sinceramente, estou começando a perder as esperanças de que um dia ele acorde. Seria burrice jogar todos os meus sonhos e desejos na esperança de que um dia ele acorde? Será que eu só sou sonhadora demais? Acho que só sou uma filha que ama o pai e que faria qualquer coisa e se apegaría a qualquer coisa pela esperança. Mas esperança gera expectativa, e expectativa gera frustração, e isso gera tristeza, um ciclo vicioso do qual já estou muito bem acostumada, mas eu não queria estar.
— Não tenho muitos lugares onde eu possa ir para dizer a verdade. Eu costumava ir a um orfanato. Eu era voluntária, mas faz tanto tempo isso. As crianças eram divertidas — dou de ombro.
— Então, por que a gente não vai pra lá? — diz. Encaro seu rosto buscando zombaria, mas não encontro nada, parece estar falando sério.
— Você não tem algo mais importante pra fazer do que ficar acompanhando, não? — zombo.
— Eu tô falando sério, Nicole — seus olhos me olham com expectativa e eu tento não deixar minhas entranhas se revirarem como o meu nome sai dos seus lábios.
— Ok, então. — Ele assente e então para de caminhar, mexendo no seu casaco como se estivesse procurando algo, e puxa de lá um envelope, colocando-o nas minhas mãos.
— Tenho algo pra você, é um adiantamento do mês pelo seu ótimo trabalho — fico surpresa. Ele continua — As coisas com o meu avô estão indo bem. Hoje você mandou bem.
Acho que nunca fui tão elogiada em toda a minha vida por um trabalho, e olha que não preciso fazer esforço nenhum. O único que me tratou bem na família de Devon foi o avô, que hoje disse que adorou a minha torta, que fiz de manhã com a ajuda de Greta. A mãe dele, por outro lado, colocou defeito em tudo, mas enfim, eu não deveria ligar pra isso. É tudo uma farsa o que há entre mim e Devon, por mais que às vezes, quando estamos sozinhos, pareça que o mundo encolhe e só nós estamos aqui. Se torna difícil não me importar com sua presença.
— Quem diria que estaria sendo paga para ser esposa de um herdeiro? — brinco, guardando o envelope de dinheiro na minha bolsa.
— Só você mesmo.
— Então a gente tem que ir logo e comprar algo para as crianças — comunico. Devon assente.
◇
Depois que passamos em uma loja de brinquedos e eu gastei boa parte do dinheiro, porque não pude aceitar que Devon pagasse as coisas, aquilo já era demais. Ele só está sendo gentil, até demais. Não entendo o porquê dele querer vir visitar essas crianças. Talvez eu o tenha julgado mal e esteja apenas tentando enxergar o lado ruim dele por causa do jeito que o conhecemos. Talvez seja tudo mentira o que falam sobre ele, porque de jeito nenhum um cara mau vai deixar um bando de crianças pintar o seu rosto.
As crianças adoram os brinquedos e, como agradecimento, estão pintando os nossos rostos. Não sei como isso pode ser um agradecimento, mas só são crianças de 4 a 7 anos.

YOU ARE READING
Acordo Perigoso
Romance🔞 Devon Montenegro está acostumado a ter tudo o que quer e não mede esforços para conseguir. Um dia seu caminho se cruza com uma mulher, fica encantado imediatamente pela bela Nicole Franco, uma mulher de 22 anos que tem que fazer de tudo para sobr...