28 - Pequena fuga

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Dou um jeito de dar uma fuga do hospital antes que Devon chegasse para me buscar. Ele saiu para resolver algo com seu pai, palavras dele, não minhas. Nem era para eu estar aqui fora. Fazendo os cálculos na cabeça, tenho menos de uma hora até ele vir, e por isso agora estou entrando no carro de Álvaro como se tivesse cometido um crime e estivesse tentando encobrir. O carro está parado próximo ao hospital, mas dá para disfarçar que estou aqui, especialmente porque é de noite.  

— Você é mesmo maluca — Álvaro diz, sorrindo, como se eu fosse louca. Não deixo de sorrir também enquanto me acomodo no banco. Ele olha para as roupas de hospital que estou vestida, só coloquei um short por baixo. — Você ainda está com roupa de hospital.  

— É, pra você ver as coisas que eu faço só pra te ver — seu sorriso cresce.  

— Tô vendo, mas você não está com dor, não deveria ficar deitada?

Já realizei o procedimento do teste e tem quase 24 horas que estou internada. Eu me sinto bem, com um pouco de dor, mas daqui a dois dias descobrirei se sou compatível ou não. Estou torcendo que sim. Por causa disso, nem falei muito com Álvaro, ainda mais com Devon, que está na minha cola o tempo todo. O único momento que tive a oportunidade de fugir foi hoje, porque nos próximos dias será difícil me encontrar com tanta frequência com Álvaro, agora que consegui convencê-lo a me deixar trabalhar com ele.  

— Deveria, mas já está esgotado o horário mesmo — comento.  

Ele assente e, de repente, ele pega uma sacola e puxa de lá um chocolate. Não sei, mas ele estende para mim e fica com um. É uma barra de chocolate branco, minha preferida.

Olho para ele, surpresa.  

— A comida do hospital deve ser horrível, só para te alegrar — diz, com um sorriso presunçoso no rosto.  

— Que atencioso! O médico te recriminaria por isso — brinco.

Ele ri.

— Mas como você sabe que eu gosto de chocolate branco? eu poderia não gostar.

— Faz parte de ser um stalker. Eu já vi você comerem uns desses por aí — zomba. — A propósito, você tem um gosto estranho, chocolate branco é horrível.  

— Ei, é o meu gosto! Você é que não sabe apreciar.  

Ele ri, balançando a cabeça.  

— Brincadeira! Quais são as novidades? — indaga ele.  

— Ontem quase fomos pegos. A minha mãe falou que um cara veio comigo fazer um exame e, bom, Devon estava bem do meu lado. Eu fiquei tão nervosa.  

— E aí?  

— Invente um nome qualquer antes que ela falasse seu nome. Nem me lembro o nome que eu disse de tão nervosa que fiquei. Minha mãe, quando não ajuda, só me atrapalha. Tudo poderia ir por água abaixo por causa dela. Eu disse que você era um colega de escola, não sei se ele acreditou.  

Ele assente, pensativo, calmo como sempre.  

— De qualquer forma, não se preocupe vamos dar um jeito. Fiquei surpreso quando você disse pra eu não ir pro hospital.  

Acordo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora