14 - O medo é a arma

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                           Devon

— Encontramos o informante — diz Ricky.

Isso desperta a minha curiosidade. Já faz um tempo que percebo que tem algo de errado nessa organização, porque todas as vezes que vamos descarregar a mercadoria, aparecem pessoas da máfia rival tentando nos matar. É estranho eles saberem sempre onde estamos.

Desconfiei que tivesse um informante aqui no galpão.

— Traga ele aqui — ordeno.

Ricky faz um sinal para um dos caras que está na porta, e ele abre. Tyler, um dos homens da organização, entra puxando o desgraçado que teve a ousadia de nos trair. Vejo que ele já levou uma bela surra, inclino o corpo para frente enquanto meus cotovelos ficam apoiados contra a mesa e as mãos juntas.

Tyler apresenta Miller, o filho da puta na minha frente. Ele está com medo, vejo, do que vamos fazer com ele, deveria mesmo.

— Vamos dar uma lição nesse x9 — falo, me levantando da cadeira e caminhando até Miller, que se encolhe.

— Tragam ele — ordenou enquanto volto a caminhar de novo, saindo da sala.

Eles me seguem. Param no local onde ficam os outros recrutados para a organização. Eles param de socar os sacos de pancada e nos olham.

O galpão é onde trazemos pessoas que querem fazer parte deste mundo. Aqui, eles mostram se são capazes de fazer qualquer coisa por isso. Eles treinam todos os dias e vivem aqui. É um teste, e só os melhores passam. Quando passam, eles sobem de cargo e são enviados para todos os lugares, infiltrados em todos os locais, como na polícia, hospitais, empresas financeiras. Algumas administram pequenas empresas de fachada, como cassinos e jogos de azar; outros trabalham diretamente em nossas empresas.

Isso aqui é a cabeça de tudo e não pode ser derrubada.

— Hoje encontramos um x9 no grupo — informo. Tyler faz Miller se ajoelhar no chão. Eu continuo: — Esse é o desgraçado que está vazando informações sobre nós para os nossos inimigos. O que fazemos com traidores da organização?

— Matamos — diz um dos recrutas.

— Isso. Traidores não são perdoados, e eu quero que vocês tenham em mente isso: se qualquer um aqui ousar nos trair, não haverá perdão. Nosso dever é proteger a organização, proteger os nossos. Protegemos vocês para que possamos proteger isso aqui, que é o que faz tudo funcionar. Então, é melhor vocês manterem isso em mente — alerto, puxo uma faca do meu terno e me abaixo, ficando na frente de Miller.

Tyler levanta a cabeça dele, obrigando-o a me olhar.

— Por onde será que começamos? Onde devemos deixar a marca de traidor? — digo, posicionando a faca próximo ao rosto dele, descendo até todos os lugares.

— Será que, se ficar sem língua, vai poder dizer algo para os nossos inimigos? — Ele arregala os olhos.

— Não, por favor, misericórdia — implora.

Eu rio com sarcasmo.

— Misericórdia? Você nos colocou em perigo diversas vezes. Não há misericórdia aqui, mas ainda não é tempo de arrancar a sua língua; afinal, você terá que nos dizer tudo o que sabe.

Balanço a faca na frente dos olhos dele.

— Que tal os olhos? Você não precisa deles, mesmo, não é?

Eu alimento o medo para me temerem, mesmo que eu nunca tenha sequer matado uma pessoa na vida de verdade. Tudo o que faço é por ordens do meu pai e do meu avô. Fui criado para isso desde criança; minha iniciação na máfia começou quando eu tinha quinze anos. Eles me ensinaram a me proteger e a colocar medo. Eles já me obrigaram a torturar pessoas; isso eu já fiz, mas um dia eu vou ter que matar com as minhas próprias mãos, e não vai ter como eu fugir.

Acordo PerigosoWhere stories live. Discover now