1º FASE - Capítulo 25

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Jordana, com o rosto ainda marcado pelas lágrimas, enxugou o rosto com força, como se tentasse apagar não só a tristeza, mas também a mágoa que se enraizava em seu coração. Seu olhar caiu sobre o papel jogado ao chão, parcialmente escondido entre os cacos de vidro que ela mesma havia causado em seu surto de raiva. Com um cuidado quase meticuloso, ela se abaixou e, ignorando o perigo dos cacos afiados, pegou a carta com delicadeza.

Seus dedos trêmulos desamassaram o papel, alisando as dobras enquanto ela suspirava profundamente, tentando reunir forças para encarar novamente aquelas palavras que tanto a feriram.

— Por quê? - Sua voz saiu quase em um sussurro, como se a pergunta fosse destinada ao vazio, à solidão que a cercava. Ela mordeu o lábio com força, uma tentativa desesperada de conter a onda de emoções que ameaçava submergi-la.

As palavras que lera ecoavam em sua mente, como uma ferida que não parava de latejar. Milena, a mulher que despertara nela um sentimento tão forte, havia se afastado, deixando-a sozinha com um amor que agora parecia ser sua maior fraqueza.

Com a carta ainda em mãos, Jordana sentiu uma decisão crescer dentro de si, uma decisão que ela sabia que mudaria tudo. Se Milena a rejeitava, se esse amor era impossível, então ela teria que enterrá-lo de vez. Não havia outra saída. Seu destino, agora, seria selado com Egisto, o homem com quem estava prometida. Mesmo que não o amasse, mesmo que o casamento fosse apenas uma fuga, ela faria o que fosse necessário para esquecer Milena, para apagar a lembrança daquele sentimento que a destruía por dentro.

Ela se levantou, os olhos fixos no papel que segurava com tanta força que seus nós dos dedos ficaram brancos. Jordana respirou fundo, tentando reunir o que restava de sua força de vontade.

Determinada, Jordana saiu do quarto, deixando para trás os cacos de vidro e os fragmentos de um amor que ela jurava esquecer, mas que, mesmo assim, ainda a perseguiria.

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Milena se aproximou da cama de sua mãe com cuidado, os olhos observando cada movimento da mulher que lentamente se sentava. A luz suave da manhã entrava pelas janelas, iluminando o quarto com uma calma que refletia o alívio em seu coração ao ver sua mãe melhorando, ainda que lentamente.

— Como está se sentindo, minha mãe? - Perguntou, a voz carregada de ternura e preocupação.

Dona Santana suspirou fundo, sentindo o conforto que o corpo frágil começava a recuperar, ainda que aos poucos. Ela se ajeitou na cama, o olhar bondoso encontrando o da filha, e tentou sorrir, mesmo que um pouco cansada.

— Com a graça de Deus, estou ficando melhor, meu amor. - Sua voz era suave, mas firme, transmitindo a força que, de alguma forma, ainda mantinha. Milena sentiu um alívio enorme ao ouvir essas palavras, um sorriso brotando em seus lábios enquanto segurava a mão de sua mãe com carinho.

— Fico tão feliz em ouvir isso. - Respondeu Milena, o coração aquecido pela esperança que crescia dentro dela. Ela se inclinou um pouco, afagando a mão da mãe com delicadeza.

— E Naldo? - Sua mãe perguntou em seguida, lembrando-se de todo o esforço que ele havia feito nos últimos dias.

— Ele está dormindo. - Respondeu Milena, um toque de gratidão em sua voz. — Deve estar bem cansado. Daqui a pouco iremos até a vegetação, prometo que não irei demorar.

Por Outras Vidas - JorlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora