Cap. 4: Acordos.

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Serena estava sentada à frente de uma mulher de aparência frágil, Marriett Kyle

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Serena estava sentada à frente de uma mulher de aparência frágil, Marriett Kyle. O rosto marcado por rugas e os olhos vermelhos de tanto chorar revelavam o sofrimento que ela carregava há meses. O silêncio pairava no ar, carregado de tensão e dor. Serena sabia que aquela conversa não seria fácil, e cada palavra teria peso.

— Então... um dos três homens envolvidos no ataque ao seu marido... ele fez uma oferta. — disse Serena, sua voz calma e profissional, mas com uma tensão perceptível na mandíbula. Ela olhou diretamente nos olhos da senhora Kyle, tentando encontrar a melhor maneira de comunicar o que viria a seguir. — Ele está disposto a depor contra os outros dois em troca de uma redução de pena.

Marriett arregalou os olhos, e sua expressão imediatamente passou de confusão para indignação. Sua voz tremeu quando respondeu:

— Depor? Redução de pena? Ele... ele estava lá. Ele também é culpado como os outros! Como pode isso ser justo?

A mulher começou a tremer levemente, seus olhos cheios de uma dor renovada.

Serena suspirou, já antecipando essa reação. Era o que temia. Ela concordava com a senhora Kyle. Não era justo. Mas as coisas nem sempre eram como deveriam ser, e Serena, mais do que ninguém, sabia disso.

— Eu sei que não é justo. — respondeu Serena com firmeza, mas sem perder a empatia. — Eu também acho que ele deveria pagar tanto quanto os outros dois. Mas precisamos pensar no que podemos fazer com as provas que temos. Se aceitarmos o depoimento dele, os outros dois homens serão condenados à injeção letal. Sem isso...

Ela fez uma pausa, tentando formular as palavras da maneira mais sensível possível.

— Sem o depoimento dele, o máximo que podemos garantir são 15 anos. É o mínimo legal, dada a falta de evidências concretas. E como você estava trancada em outro cômodo no momento do ataque, infelizmente, não pode ser uma testemunha válida.

A senhora Kyle mordeu o lábio, sua mão tremendo ao segurar o lenço que tinha nas mãos. Seus olhos lacrimejaram mais uma vez, mas agora era de frustração e impotência.

— Eu só... não consigo entender. Como podem fazer um acordo com ele? Depois de tudo que ele fez?

Serena permaneceu em silêncio por alguns instantes, sentindo o peso da dor da mulher à sua frente. Ela queria gritar que também não entendia, que também odiava a injustiça que era tão comum no sistema legal. Mas seu papel ali era outro, e ela precisava manter a calma.

— Sei que parece impossível de aceitar, — disse Serena suavemente, inclinando-se ligeiramente para a frente. — Mas se aceitarmos o acordo, você terá a certeza de que pelo menos dois deles receberão a punição que merecem. Sei que é uma escolha terrível, mas é a melhor que podemos fazer com o que temos.

A senhora Kyle permaneceu em silêncio por alguns segundos, como se tentasse processar a decisão à sua frente. Então, suas lágrimas finalmente caíram de maneira incontrolável. Serena sentiu seu coração apertar, uma mistura de frustração e compaixão.

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