Parte 1:
16 de fevereiro de 2021
Pedro Tófani:
Se há 1 dia atrás me dissessem que eu estaria passando a madrugada de uma terça-feira de carnaval preso em uma delegacia local com João Vitor dormindo no meu ombro, com certeza eu cairia na gargalhada e perguntaria quanto tinham bebido para falar uma barbaridade nesse nível.
Mas infelizmente toda cena era real demais para ser um pesadelo ou algo inventado.
Meus pés batiam ritmicamente enquanto eu processava os últimos acontecimentos tentando ordená-los de forma cronológica.
Busquei João no seu hotel; nós fomos até o farol; invadimos o maldito do forte; subimos as escadas; o loiro se chateou comigo; nós nos beijamos, cacete! Nos beijamos bastante e então em um piscar de olhos dois guardas municipais nos encontraram.
Não sei se fomos muito ingênuos em achar que não iamos ser notado ficando no topo de um farol onde qualquer um poderia nos ver ou se só esquecemos dessa possibilidade.
De qualquer forma, minha cabeça estava doendo muito para me lembrar de algum pensamento que eu tive durante a noite.
Meus olhos se voltam para João Vitor que tinha os dois braços agarrados no meu direito enquanto sua cabeça estava apoiada no ombro do mesmo lado.
Ele é tão bonito, tão angelical que eu quase esqueço o ambiente que estamos e que eu não posso simplesmente me aproximar e selar os meus lábios nos seus como se fosse o ato mais rotineiro do mundo.
E isso fazia a minha dor de cabeça pulsar ainda mais.
Há cerca de uma hora atrás eu tinha ligado para o meu pai, não que eu tivesse outra escolha, porque com certeza se eu tivesse eu escolheria ligar para qualquer outra pessoa nesse mundo menos para ele, mas não havia. Eu precisava que alguém pagasse a minha fiança e a do João e não acho que minha irmã tenha uma quantia tão grande assim de dinheiro em uma madrugada de terça-feira, então, não me restava mesmo outras opções.
Infelizmente uma visitinha no farol da barra ainda era considerado crime.
Em geral, o que andava me deixando eufórico é o encontro inevitável que iria acontecer entre meu pai e João Vitor, não que eu tivesse medo dele, porque eu não tinha, mas o mais velho fazia eu me sentir pequeno e inútil, como se toda a minha existência fosse resumida em ser uma sombra dele. Era uma merda viver sendo comparado ao meu próprio pai, e uma merda ainda maior porque eu não me esforçava para ser minimamente parecido com ele, na verdade eu desprezava em absolutamente tudo que ele é capaz de fazer, e faço o exato contrário para não ser associado a ele, mas parece que mesmo lutando tanto o final continuava o mesmo; "Pedro Filho" a sombra do "Pedro Pai".
Eu odiava que as pessoas me vissem perto dele e enxergassem como em sua presença ele fazia eu me sentir pequeno. Odiava pensar que bastava só Pedro passar pela porta da delegacia que eu voltaria a ter sete anos de idade com medo de chorar quando o meu "papai" gritasse comigo na frente dos meus amigos.
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COETERNOS - pejão
FanfictionDurante uma quarta-feira de cinzas em Salvador, João Vitor Romania é interceptado pela lábia de um homem encantador que possuia um equilíbrio perfeito entre sua doce simpatia com a amarga profanidade. ❝A cada carnaval que se passava, minha alma ansi...