26 de fevereiro de 2022
Jão Romania:
A ansiedade corria nas minhas veias como um veneno ardente e eu obviamente descontava isso na bebida. Dose atrás de dose sem saber ao certo quando eu deveria parar ou então qual seria o melhor horário para sair dalí e ir encontrá-lo.
Desde criança, além da tímidez que sempre me cercou, a ansiedads se fazia presente, quem me olhasse tão bobo e calmo mal poderia notar o ritmo constante que os meus pés batiam contra o chão ou então as engrenagens do meu cerébro a todo o vapor pensando nos prós e contras de qualquer passo que eu daria.
Atualmente essa característica não havia mudado em mim, nesse sentido, eu 7 ainda continuava uma cópia exata do pequeno João Vitor de 10 anos, só que dessa vez descontando tudo no álcool.
— Se continuar assim, você e o Pedro aproveitarão a noite no banheiro de casa enquanto você despeja toda a bebida das últimas duas horas.
Malu beberica o seu drink cor-de-rosa apontando feio pra mim.— Você acha que eu já deveria estar lá? Não quero deixar ele esperando.
— Não surta, mas você já pensou em como vai encontrar ele? Sabe, a praia é grande e tá lotada...
As palavras "não surta" que saíram da boca da morena correm rápido atravessando os meus ouvidos e logo somem em prontidão.
Eu já estava surtando.
Merda! Estive tão preocupado no que falaria para ele e em que momento eu iria encontrá-lo que nem passou pela minha cabeça como eu o encontraria.
Afobadamente roubo o drink da minha amiga terminando a bebida em um só gole enquanto escutava os seus protestos. Em minha defesa, minha garganta havia ficado seca com tanta informação para absorver.
— Eu preciso ir!
Apresso em sair do banquinho do bar que estávamos.— João Vitor!
— Você tem meu número, Malu. Prometo que nesse ano eu não vou perder meu celular.
Digo por último antes de sair as pressas dalí.
∞
As vezes eu achava loucura como a capital poderia me surpreender, todo ano eu vinha para cá mas mesmo assim, todo ano eu ainda me assustava com a quantidade de pessoas na rua. Eu não estava na concentração, na verdade estava já um pouco longe dela mas, era tão tumultuado quando qualquer lugar de Salvador.
Já meio entorpercido, sinais claros dos 7 drinks que eu tomei hoje mais cedo, eu cruzo a praia um pouco mais desesperado do que o normal, voltando a lembrar a dimensão do ambiente. Passavam das 23:30 e sinceramente, parecia difícil avistar qualquer coisa fora as milhares de pessoas alí.
Quem de nós dois teve a ideia estúpida de marcar de nos encontrar na praia? Poderia ser qualquer lugar em específico; sua casa, o antigo hotel que eu costumava ficar, um bar qualquer, restaurante ou até o farol... Não, o farol não!
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COETERNOS - pejão
FanfictionDurante uma quarta-feira de cinzas em Salvador, João Vitor Romania é interceptado pela lábia de um homem encantador que possuia um equilíbrio perfeito entre sua doce simpatia com a amarga profanidade. ❝A cada carnaval que se passava, minha alma ansi...