DÉCIMO

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Não

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Não.

Não era daquela forma.

Não era para ser assim.

Tudo em mim gritava, cada fibra do meu corpo tremia, implorando por controle, tentando agarrar o que estava escapando diante dos meus olhos. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. A cada segundo que se passava, a realidade de que Grace estava se afastando de mim, que ela estava me deixando, se tornava mais dolorosa, mais sufocante.

Eu não conseguia me mover. Era como se meus pés estivessem presos ao chão, como se o peso do mundo tivesse sido jogado sobre mim, me esmagando sob sua intensidade. Minhas mãos se apertavam em punhos trêmulos ao lado do corpo, e eu lutei para manter uma expressão que não refletisse o caos interno que me consumia. Mas quem eu estava enganando? A fachada que eu tanto me orgulhava de usar estava se despedaçando, caindo em pedaços diante dela, diante de todos.

Grace me olhou, e eu pude ver tudo o que eu temia naquele olhar. Não era raiva. Não era ódio imediato. Era algo muito pior. Decepção. Desilusão. Era como se, naquele exato momento, ela tivesse percebido quem eu realmente era. O peso dessa percepção foi insuportável. Eu, que sempre mantive o controle de tudo, me vi perdido, vulnerável, sem saber o que dizer ou fazer para reparar o dano que, agora, parecia irreversível.

As palavras saíram de seus lábios com uma firmeza que me atingiu como um soco no estômago.

— Pai... Vamos embora. — Não houve hesitação. Não houve pausa. Ela estava decidida, e a sua decisão me esmagou.

O pior de tudo era que ela não estava gritando, não estava implorando por explicações. Ela simplesmente me excluiu de sua vida com aquelas palavras simples, e eu não conseguia suportar o peso daquilo.

Eu vi quando Charlie a acolheu, seus braços envolventes, protetores, como se fosse a única pessoa no mundo capaz de salvá-la. E ali estava eu, o homem que prometeu protegê-la, quebrado, impotente, assistindo enquanto ela encontrava conforto nos braços de seu pai.

O silêncio que seguiu foi mortal. Não havia gritos ou acusações. O silêncio era mais cruel. Ele ecoava em minha mente, me sufocando, me lembrando de cada erro, de cada palavra não dita, de cada segredo que eu tentei esconder. Era como se o tempo tivesse parado, e cada segundo que se passava aumentava a distância entre nós, a distância que eu sabia que jamais conseguiria superar.

— Grace, eu... — Minha voz saiu fraca, rouca, quase inaudível. Eu tentei alcançá-la, tentei segurá-la de alguma forma, mas Esme segurou minha mão. O olhar que ela me lançou foi devastador. Era o olhar de alguém que já não me via mais, que não me reconhecia mais. Era como se, para ela, eu tivesse se tornado invisível, irrelevante.

Eu tentei reunir algum fragmento de controle, alguma explicação, qualquer coisa que pudesse mudar aquele momento. Mas antes que eu pudesse falar, Esme tentou intervir.

𝐓𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭    -    𝐏𝐫𝐨𝐡𝐢𝐛𝐢𝐭𝐞𝐝 Onde histórias criam vida. Descubra agora