Capítulo 22

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Maitê Belmonte

"O amor deveria ser considerado como uma arma, uma arma letal..."


Chegando no apartamento dele, Berê nos aguarda na cozinha com o sorriso de orelha a orelha.

- Senhorita Maitê, que bom vê-la de novo. - diz, me abraçando. Ela olha se afasta um pouco e me olha de cima a baixo, dá um sorrisinho e desvia o olhar para Dominic.

- Blusa bonita, a propósito...- diz, com uma sobrancelha arqueada e cheia de duplo sentido -mas que merda...é só uma blusa.-. Dominic ri, e logo depois sai da cozinha, sumindo para dentro do apartamento.

- Ob-obrigada...E pode me chamar de Maitê ou de Má, apenas, Berê. - digo, ela concorda com um balançar de cabeça.

- O cheiro está maravilhoso, Berê. - elogio, indo no sentido do fogão.

- Dominic me disse que você é Brasileira...Então, tentei fazer algo da sua terra. Fiz feijoada, mas não crie muita expectativa porque é a segunda vez que faço. - diz, ansiosa. E quase a abraço de tanta felicidade.

- Não acredito...Eu adoro. Obrigada, Berê. - agradeço e a abraço. Dominic surge na cozinha, agora com outra roupa. Ele tá com uma calça de moletom preta e uma blusa branca, igualzinho a mim, parece até que estamos de roupinhas de casal -patético...-.

Ele me olha e dá uma piscadinha.

- Vou ficar devendo as pantufas...- diz, rindo e se sentando em um dos bancos da bancada da cozinha. Berê nos observa atentamente e com um sorrisinho no rosto.

- Você se muda pra cá quando, Maitê? - Berê solta a pergunta do nada. Eu a encaro com os olhos arregalados e sem saber o que responder. Dominic se engasga com a água que estava tomando e me encara, também esperando uma resposta.

- Po-porque eu me mudaria, Berê? - pergunto, me sentando no outro banco disponível na bancada da cozinha.

- Vocês vão se casar logo logo...Não vão me dizer que vão ser desses casais modernos onde cada um tem sua casa e que é tem...como chama mesmo? Relacionamento aberto, mas no meu entendimento, chifre consentido. - diz, e fica desviando o olhar de mim para Dominic. Ele fica encarando ela com uma expressão que ainda não consegui entender qual é.

- E-então...Provavelmente iremos morar separados, mas nada de chifre consentido, Berê. - respondo de forma mais prática que consigo. Dominic se vira e me encara.

- Vamos morar separados? Não tô lembrando de ter concordado com isso...- diz sério, cruza os braços e fica esperando uma resposta minha. Berê solta um risinho e fala baixinho "vai começar".

- Mas é claro que vamos morar separados...Até porque não faz sentido morarmos juntos, lembra? - faço menção ao nosso acordo. Ele me olha como se eu tivesse criado mais duas cabeças.

- Não, não me lembro. Mas isso não importa, porque vamos sim morar juntos. Ela irá se mudar assim que nós nos casarmos Berê.

- Podemos até dormir em quartos separados, mas morar em casas separadas após o casamento? De jeito nenhum...- diz, se levantando e pegando a garrafinha de água.

- Como assim você...- ele vira de costas me ignorando, e logo me corta quando fala.

- Não tô afim de discutir agora, Maitê. Almoce, tome seu remédio e depois suba para o escritório. Preciso te explicar porque vou precisar da sua ajuda hoje. - ordena, e sai da cozinha sem nem ao menos me dar a chance de o mandar a merda -grosso...mil vezes grosso...-.

Profecia da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora