Capítulo 14

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EVIE LOVELY

Limpo as palmas suadas das minhas mãos na saia do vestido. Tive um longo debate comigo mesma se deveria simular casualidade e vestir uma calça jeans, mas até a auto-negação tem seus limites e não posso fingir que não quero impressioná-lo.

Eu quero brincar com a sanidade de Joseph Kane.

Por isso escolhi um vestido vermelho justo sem nada chamativo na frente, mas acompanhado de um belo decote nas costas que se estende até a minha lombar. Prendi o cabelo em um coque baixo, acrescentei um par de brincos dourados e fiz o meu melhor para estar deslumbrante.

As batidas à porta me obrigaram a sufocar qualquer nervosismo persistente e meus pés instáveis sobre o salto alto a me levam em sua direção. Eu não sei o que deveria esperar exatamente, mas Kane não está com seus típicos moletom e boné. Pelo contrário, seu cabelo castanho está perfeitamente penteado, a barba aparada e o terno preto sob medida destaca seu físico de maneira quase criminosa.

A satisfação superou meu choque inicial ao notar seu olhar escurecendo e percorrendo meu corpo com deliciosa lentidão. Sua mandíbula se cerra enquanto Kane aprecia minhas curvas destacadas pelo vestido.

— Você está tornando a nossa saída para jantar uma missão muito difícil.

— Esse é o objetivo. — não me dou ao trabalho de esconder minha felicidade — Quanto mais cedo formos, mais cedo nós voltamos. Não acha?

— Acho que deveríamos pular o jantar e ir direto para a sobremesa.

— Não seja bobo. — dou um leve tapinha em seu peito — Eu nem estou usando calcinha.

Me viro para buscar minha bolsa e meu casaco há muito esquecidos no sofá quando ouço um sibilo profundo. Aparentemente o decote nas costas teve um efeito melhor que o desejado. Meu sorriso duplica de tamanho ao vê-lo me encarando com tanto desejo.

— Você está uma delícia. — pega em minha mão e me faz dar uma voltinha para que ele possa me conferir outra vez.

— Obrigada. — limpo uma sujeirinha imaginária em sua lapela — Você está belíssimo.

— Tem certeza de que não quer pular para a sobremesa?

— Pensei que não havia me convidado para jantar pensando em sexo, Joseph. — o provoco.

— E realmente não estava, mas esse vestido é um pecado capital.

— Amém. — dou-lhe um rápido beijo casto nos lábios — Aonde vamos?

— A um lugar especial. — sua mão espalma a base da minha coluna enquanto ele nos guia para as escadas — Com o melhor chef da cidade.

— Me parece um ótimo plano.

Sua BWM preta nos esperava em frente ao pequeno prédio. Kane agiu de maneira galante e cavalheiresca durante todo o trajeto até o restaurante se certificando de abrir a porta do carro para mim, se meu cinto estava bem afivelado e se a temperatura do carro se encontrava do meu agrado.

A ideia de encontro ideal não é universal, é claro. Existem as meninas mais tranquilas e caseiras como Kelly, que um simples hambúrguer é o suficiente para ser o encontro perfeito, porque o importante é a conexão com a outra pessoa, mas sou do time que prefere um pouco de mais de luxo e que todos os detalhes contam para a noite perfeita. Gosto de me arrumar para sair, pensar na roupa, elaborar um belo visual e sair para um lugar especial. 

Extremamente clichê e eu adoro isso!

Gostei muito de ver que esse pequeno "ritual de encontro" também é importante para Kane. Todos os detalhes pensados para impressionar e agradar. E que a vovó Lovely me proteja, porque o cheiro desse homem pode levar qualquer santa aos caminhos pecaminosos sem pestanejar.

Lindo + elegante + atencioso + cavalheiro + cheiroso = Joseph Kane.

— Você sempre quis ser fotógrafa? — pergunta de repente, desviando minha atenção precária na região mais luxuosa da cidade.

— Na verdade, não. Quando eu era criança queria ser dona de casa como a minha mãe e na adolescência pensei em seguir carreira militar como o meu pai, mas eu nunca demonstrei muita aptidão para essas ocupações.

— Como assim?

— Gostaria de ter uma família no futuro, mas não quero abdicar de uma carreira ou um trabalho e não tenho vontade de me mudar a cada poucos meses porque o Exército me designou para outra base. — faço uma pequena careta ao lembrar do ritmo frenético de mudanças que enfrentei enquanto crescia — E você? Sempre quis ser jogador profissional?

— Eu queria ser bombeiro. Meu tio era um grande fã de hóquei e me ensinou a jogar desde cedo, quando fui morar com ele também comecei a jogar na escola e uma coisa levou a outra até eu conseguir uma bolsa para a faculdade.

— O que te fez desistir de ser bombeiro?

— Eu queria ficar o mais longo possível de casa. Depois que meu tio morreu não havia motivo para retornar e me concentrei no hóquei. Eu já gostava muito de jogar e me pareceu uma boa chance de mudar de vida.

— Posso perguntar o que aconteceu com seus pais?

— Eu não sei quem é meu pai e minha mãe é uma prostituta. Fui criado pelo meu tio e não tive nenhum contato com a minha desde que ele ele conseguiu a minha guarda.

— Sinto muito, Kane.

— Está tudo bem. Meu tio fez o melhor que podia e conseguimos nos virar bem com os anos. Minha mãe nunca fez questão de me procurar, então retribuí na mesma moeda.

— Deve ter sido difícil.

— No começo, mas ao pensar uma segunda vez sobre o assunto, manter distância é o melhor para nós dois.

— Ela não te procurou nem depois que você entrou para a liga profissional?

— Não. Nem acho que ela saiba o que aconteceu comigo. Ela deve estar ocupada em algum motoclub ou clube de streap. — dá de ombros sem desviar os olhos da estrada — E os seus pais?

— Meu pai morreu servindo ao país e a minha mãe morreu de coração partido um ano depois. Ela não suportou viver sem ele e deixou a tristeza consumi-la.

— Sinto muito por sua perda.

— Está tudo bem. Eu comecei no curso profissional de fotografia quando a perdi e foi uma boa forma de lidar com o luto.

Apenas uma Conquista - Jogadores #3Where stories live. Discover now