Pt.22

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Esperei que Dumont saísse do quarto pra que eu pudesse experimentar a roupa. Abri as sacolas e peguei um vestido que coube perfeitamente no meu corpo, ele tinha uma lasca e era vermelho. Havia também um perfume caro em outra sacola, um salto, um brinco e um colar de diamante. Era tudo caro, e todos delicados. Retirei o vestido do corpo e fui ao banheiro tomar um banho, não era nada cheiroso mas tinha um sabonete para que eu pudesse me limpar depois que os homens me usassem.  Fiquei ali e tomei um banho longo, tentando me sentir limpa novamente. Saí do banho e me enxuguei com minha "cama", vesti o vestido e coloquei os sapatos, apertei os brincos na orelha e coloquei o colar.

Enquanto eu terminava de me arrumar, Dumont entra no quarto e começa a me beijar por trás. Eu, sem esboçar nenhuma reação, empurrei ele pra trás e me virei pro mesmo.

– Você não vai me tocar, sou dos seus clientes e não sua. - Cruzei os braços

– Haha, que engraçada. Aqui quem aplica as regras sou eu. - ele se aproxima - Você está magnífica, Kate.

– Já falei pra você parar de me chamar assim. Você não tem esse direito.

– Se arrume e desça logo, vadia. - ele ri e sai

Fiquei ali bufando, minha vontade era de subir encima dele e encher a cara dele de soco. Me sinto uma imunda por conta dele. Nunca mais iria conseguir ver meu corpo como era antes, minha inocência foi tirada de mim. Terminei de me arrumar e desci até a sala, lá estava Dumont com mais 3 garotas. Ele deu o sinal e nos seguimos ele, entramos no carro e seguimos caminho.

Paramos em um lugar com a entrada discreta, mas dentro era lindo, estava lotado e tudo era muito bem organizado. Seguimos Dumont até uma mesa que estava mais alguns homens e mulheres, um deles estava com os olhos vidrados em mim. Dumont nos apresentou aos homens e disse que aqueles eram alguns de seus clientes, estavam ali a negócio. Todas as garotas que estavam comigo tinham um sorriso no rosto, pareciam animadas.

– Por que está feliz? Você não percebeu que vai ser vendida de novo? - perguntei baixo para a garota do lado

– Eu quero estar com alguém fixo, não quero mais ser feita de objeto naquele lugar.

– Mas... se você for com ele, não vai ser quase a mesma coisa?

– Não. Você será sua nova companheira e será apenas dele. - a outra responde

Fiquei ali olhando para baixo, "e se esse sofrimento acabasse?", pensei. Me virei para uma das garotas e fique observando no quão nova ela era, ainda tinha um futuro pela frente e agora estava aqui prestes a ser vendida, de novo. Um dos homens se levanta e anda até nossa frente, ele iria escolher uma de nós. Ele ficou andando de um lado ao outro até escolher a garota que estava na ponta. Logo o outro se levantou, pensou e escolheu a que estava do meu lado. Restaram eu e outra garota, Dumont estava com um sorriso largo no rosto enquanto contava o dinheiro em sua mão.

Havia apenas mais um homem, ele levantou e andou em nossa direção observando a gente dos pés a cabeça. Meu coração acelerava, uma parte de mim queria que ele me escolhe-se, mas a outra também queria que não. Ele falou com Dumont que olhou ao mesmo instante para mim. Eu gelei. Dumont foi em direção a outra garota e deu um tapa no seu rosto, veio até mim e sussurrou no meu ouvido

– Vadia de sorte.

Quando ele disse isso, o homem que estava em seu lado veio até mim e me puxou pelo braço me retirando do local. Nos saímos do cassino rápido e ficamos parados em frente há ele. Ele disse que estava esperando o carro e disse que não iria fazer nada comigo. Eu respirava ofegante, eu estava com medo do que ele poderia fazer comigo. Seu telefone tocou e ele ficou de costas para mim. O homem ainda de costas retirou algo de seu bolso, eu dei um passo pra trás e o homem me surpreendeu colocando um pano em meu rosto, logo eu apaguei.

Passaram-se minutos ou até horas não sei. Acordei e estava deitada em uma cama, enrolada em um lençol. A cama era aconchegante e o cheiro daquele local não me era desconhecido. Levantei e fiquei sentada na cama, tentando reconhecer o local. Olhei em volta e vi uma escrivaninha, havia um relógio digital e mais alguns perfumes. Levantei e fui em direção a porta, fiquei com medo do que poderia ter atrás dela. Arrepiei dos pés a cabeça enquanto descia as escadas, meu coração estava acelerado, minha respiração estava ofegante a cada degrau que eu descia.

Quando cheguei no último degrau ouvi uma voz feminina familiar que vinha de outro cômodo. Segui a voz e encontrei Sebastian sentado em uma poltrona com Ana e mais outro homem mais velho ao seu lado. Sebastian correu até mim e me abraçou calorosamente. Eu me acalmei em seus braços e comecei a chorar baixo. Sebastian estava com os olhos vermelhos, ele estava diferente, com olheiras profundas e com a barba mal feita, estava acabado. Ele me afastou do abraço e Ana veio em minha direção com olhos cheios de lágrimas, seu abraço era aconchegante como o da minha mãe.

– Você não sabe o quanto estávamos preocupados com você. - ela disse ainda me abraçando

– Como... como eu vim parar aqui? Eu tinha sido vendida e um homem me apagou. - digo confusa

– Isso eu explico depois, você está de volta e é isso que importa. - disse Ana se afastando do abraço

Sebastian segurou pela minha cintura e me levou até a poltrona. Eu olhava para ele como se nunca tivesse o visto, ele estava tão diferente comigo, mais carinho e estava me tratando bem. Ele se sentou do meu lado e me olhava como um cão triste. Ana e o mais velho olhavam para mim com um sorriso no rosto, estavam muito feliz. Eu ainda confusa, olhava para os lados como se tivesse ali pela primeira vez, por alguma razão eu estava me sentindo em casa.

The masked killerOnde histórias criam vida. Descubra agora