𝑴𝒚 𝑫𝒓𝒂𝒈𝒐𝒏 𝒄𝒂𝒑.35 "𝑬𝒄𝒐 𝒅𝒆 𝒆𝒔𝒑𝒆𝒓𝒂𝒏𝒄̧𝒂𝒔"

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[[Nome]]

A noite seguia silenciosa quando o carro preto deslizou até os portões da mansão. Assim que parou, desci do veículo, sentindo o peso do encontro com Takemichi ainda pairando sobre mim. A mansão que eu agora chamava de lar parecia fria, inerte. As luzes suaves do hall principal iluminavam as portas de vidro, destacando a arquitetura luxuosa e imponente que Mikey preferia manter sob controle, sempre impecável.

O motorista abriu a porta da frente, e eu entrei com passos contidos, ecoando pelo mármore silencioso do piso. Aquele lugar, embora fosse meu agora, ainda parecia mais uma fortaleza do que uma casa. Eu nunca soube ao certo se era um lar para Mikey também ou apenas um refúgio em meio ao caos da Bonten.

As paredes estavam decoradas com quadros caros, relíquias de algum estilo clássico que ele apreciava, mas que nunca mencionava em voz alta. Olhei para um deles, perdido em pensamentos, tentando dissipar a sensação desconfortável que o encontro com Takemichi havia deixado. Pensar nele, na sua determinação, trouxe lembranças difíceis e me fez questionar decisões que achei ter superado.

Continuei caminhando até o final do corredor e entrei na sala principal. Estava vazia e silenciosa, exceto pelo leve brilho da luz que vinha do andar de cima. Mikey provavelmente estava em seu escritório, lidando com os detalhes sombrios que a Bonten exigia dele. O silêncio era quase palpável, mas, por algum motivo, parecia mais opressor do que o habitual.

Com um último suspiro, caminhei até a escadaria. A cada degrau, meu coração parecia pesar um pouco mais, trazendo à tona a realidade que havia escolhido, a vida que agora compartilhava com Mikey.

Parei em frente à porta pesada de madeira escura, hesitando por um momento antes de bater. O escritório de Manjiro estava à minha frente, e mesmo depois de tantas vezes entrando ali, o ambiente carregava uma energia quase impenetrável, um reflexo da seriedade que ele colocava em cada detalhe. Respirei fundo e bati levemente.

— Entre. — a voz de Manjiro veio do outro lado, baixa e controlada.

Empurrei a porta e a vi se abrir devagar, revelando-o sentado atrás de uma mesa de mogno. Ele mantinha o olhar fixo em alguns papéis, as sobrancelhas franzidas em concentração, a expressão fria e calculada. Ao entrar, senti o ar do cômodo pesar. Manjiro exalava uma aura de autoridade que fazia com que aquele escritório parecesse um tribunal, onde tudo ao seu redor parecia estar sob julgamento — inclusive eu.

Ele levantou os olhos, e, por um breve momento, pude ver uma fração do antigo Manjiro, aquele que conheci no passado. Mas logo a expressão impassível retornou, um muro frio que ele construíra ao longo dos anos.

— Está tarde — ele comentou, sua voz soando mais como uma constatação do que uma crítica.

— Eu sei, tive algo pra resolver — respondi, tentando não deixar transparecer o desconforto que ainda sentia.

Ele não disse nada, apenas continuou me olhando, esperando que eu dissesse o que realmente me trazia ali. Fechei a porta atrás de mim e caminhei até a mesa, parando em frente a ele.

— Encontrei Takemichi hoje — falei finalmente.

O nome pareceu fazer com que seus olhos escurecessem levemente, um sinal sutil, mas que para mim era suficiente.

Me sentei na cadeira à sua frente, mantendo minha postura firme, embora o peso do olhar de Manjiro fizesse parecer que a cadeira fosse mais dura e desconfortável do que era. Ele se recostou na própria cadeira, ainda com os olhos fixos em mim, e um silêncio tenso pairou no ar. Por um instante, só o tique-taque do relógio no escritório parecia preencher aquele vazio, quase como se estivesse marcando o tempo que restava para algo inevitável.

𝐌𝐲 𝐃𝐫𝐚𝐠𝐨𝐧♡︎ 𝑲𝒆𝒏 𝑹𝒚𝒖𝒈𝒖𝒋𝒊/𝐃𝐫𝐚𝐤𝐞𝐧Where stories live. Discover now