Ligação Perigosa

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Bonnie

"Para e me escuta! Eu sou real, assim como o seu urso. Sabe como ele veio parar em minhas mãos, Bon Bon?" Meu olhar se fixou em seus azuis gélidos. "Damon deu ele pra mim. Deu pra salvar a sua querida Elena. Afinal tudo é por Elena. Não importa você. Eles continuaram a sua vida. Eles se esqueceram de você." Suas palavras eram tão cheias de veneno e ao mesmo tempo, eram a verdade nua e crua.

Eu sempre soube que no topo das prioridades e opções, eu era a última da lista: primeiro SEMPRE Elena depois os Salvatore, depois tínhamos Carol e, então, Jeremy e assim vai até chegar em mim. Bonnie a bruxinha lembrada sempre quando as coisas saíam do controle.

Vários flashes piscavam em minha mente me fazendo reabrir velhas feridas.

"Se eu tiver que escolher entre a bruxa e Elena... sempre será Elena. Dane-se a bruxa!"

"Você tem que trazer Stefan de volta!"

"Você tem que salvar Tyler!"

"Bonnie, você tem que abrir a tumba e libertar Katherine!"

"Bonnie, onde está Damon? Você tem que trazê-lo de volta pra mim!" E as vozes ríspidas ecoavam em minha mente.

Era isso que eu era?! Apenas um ser que não tinha vida própria parecia um robô: - Faça isso! Faça aquilo! Bonnie vai salvar a todos porque é pra isso que ela serve. Não importa o preço que ela irá pagar.

"Você só é importante quando é uma bruxa podendo ser usada como uma grande arma de combate. Mas, sem isso... você é insignificante."

E as palavras de Damon voltaram pra me perturbar e me despertar pra realidade.

"E no fim, Bonnie Bennett sempre estará sozinha."

"Nós somos muito parecidos, Bonnie. Fomos esquecidos aqui. Tratados como inferiores. Eu sei como é a sensação de viver só em dor e solidão." Kai disse firme com sua face sombria enquanto me mantinha presa entre seu corpo e o chão frio. Suas palavras eram como punhais me rasgando por dentro, destruindo minhas esperanças, me fazendo perceber o quanto eu fugia da obscuridade que já vivia em mim.

Quanta dor uma pessoa pode experimentar e não se sentir fraco e cansado? Como uma pessoa pode sobreviver a um mundo sobrenatural, ver pessoas morrer dia após dia de formas tão cruéis ou ainda ver seus entes queridos morrer diante de si e não pirar? Como uma pessoa pode fazer tudo certo, lutar incansavelmente contra o mal e se sacrificar por àqueles que amam, sendo capaz de esquecer-se de si mesma e ainda assim receber como prêmio a morte? E quando isso tudo não é suficiente você ainda terá como companheiro a solidão.

Eu acho que sempre foi o meu destino morrer jovem, só estava adiando o inevitável. Claro, porque se quisesse viver mais eu teria que me afastar de tudo e todos que me colocavam no meio do furacão. Eu tinha que ser como Abby e fugir pra quem sabe ter uma vida de verdade, sem perigos. Podendo realizar os meus sonhos, enfim tendo uma vida normal.

Mas, não! Bonnie Bennett era orgulhosa demais, corajosa demais, leal e altruísta demais e, sobretudo, estúpida demais.

Bonnie Bennett era cega demais, desesperada por ter uma família, amigos e tudo o que ela pudesse se agarrar pra não deixar a solidão lhe invadir. Pra não encarar que ela sempre foi solitária, não importava que sua avó estivesse sempre lá, mas ela não era a sua mãe ou o seu pai. Sheilla por mais carinhosa, forte, paciente e amável que fosse nunca iria conseguir substituir o imenso vazio que existia em meu coração. O vazio que surgiu quando minha mãe Abby tinha fugido da cidade abandonando seu esposo e sua pequena filha de 5 anos, sem nem uma despedida. Sem nem olhar pra trás.

Lost in ParadiseOnde histórias criam vida. Descubra agora