Existe Sempre Outro Dia

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[Notas da Autora]
Bem gente... Como me desculpar por sumir assim ? Não sei... ;-;
Eu sou louca e tenho alguns distúrbios, as vezes sumo até dos meus amigos pra dar um tempo. Eu deveria falar de uma pessoa nessa historia, mas não quero fazer disso aqui uma coleção de relacionamentos complicados. Então tente entender...
To aqui hoje, só pq tive uma folga, pra tentar escrever algo em forma de pedido de desculpa.

(...)

Abri os olhos ainda meio tonta e me deparei com um teto que não era o da casa da Olive, soltei um forte suspiro e não sei ao certo se foi de alívio ou cansaço, estava na casa do meu amigo Henrique, deveria ter caído por lá mesmo durante a noite passada enquanto voltava da festa.
Levantei-me da cama e vi que Henrique ainda dormia esparramado em um colchão estirado no chão de qualquer jeito. Era uma cena engraçada... Imagina... Um cara de 1 metro e 80, de cuequinha branca, coberto de pêlos por todo o corpo, morto, com os membros para fora do colchão como se não conseguisse segurá-los próximo ao seu corpo.
Fui ao banheiro e molhei o rosto, a sensação boa tinha desaparecido e eu estava quase sendo engolida por aquela escuridão novamente. Já conseguia sentir os braços da solidão a me envolver com a sua sombra fria... E ai me veio a vontade de chorar. Os olhos queimando, o rosto ficando avermelhado e a garganta seca... Mas eu segurei, não iria chorar. Não quero mais ser uma chorona!
Passeia a toalha seca na pele e a sensação foi maravilhosa... Como se a vontade de chorar saísse enquanto meu rosto secava. Me encarei no espelho e vi alguém que já não conhecia.
Naquele momento eu vi que não seria capaz de achar definições para mim, vi que havia mudado de um jeito que nem eu me reconheci.
Eu era frágil, inocente, gentil, educada, amável, sorridente, feliz... E agora ?! O que havia restado de tudo isso era apenas uma carcaça muito pálida e sem personalidade. Fico perguntando-me a partir de quando comecei a mudar...
O meu desejo sempre foi não querer perder a inocência, mas aos poucos as pessoas e o mundo foram me obrigando a ter que desfazer-me do que eu tinha de melhor.
Agora eu só sentia vontade de magoar alguém, de voltar a ser a pessoa que eu era antes de conhecer a Olive... Fria, sozinha, realista e acima de tudo, alguém que jamais voltaria a ser babaca para as emoções.
Indisposta a voltar pra casa, peguei meu celular e o liguei, já haviam varias mensagens de um numero desconhecido, quando as abri, vi que eram da garota da noite anterior... "Qual o nome dela, mesmo ?". Então lembrei... Monalisa.
Nas mensagens ela dizia que havia se divertido muito na noite passada e que queria que eu fosse a um encontro de amigas no parque de Madureira.
~cof cof~ encontro de sapatão ~cof cof~
Eu respondi que iria sim, queria fazer algo diferente no fim de semana.
Procurei minhas meias e com todo o cuidado do mundo mirei na bunda do Henri para dar um chute... E bam! Chutei.
- Acorda vagabundo! Isso é hora de dormir! - falei em seguida.
Ele se assustou e com a cara sonolenta ficou procurando algo pelo quarto... Devia ser a sua dignidade.
- Hã... Que aconteceu Cris ? Eu dormi demais ? Já são 11hrs ?
- Não amigo, ta cedo ainda, se quiser eu fico aqui pra te fazer companhia, não quero ter que me deparar com a Olive quando chegar em casa. - não falei mais que a verdade.
- Ah, tudo bem, fica ai... Vamos fazer macarrão depois ? Depois... - disse ele encostando o rosto no travesseiro e o abraçando.
Sentei na cama e continuei a conversar com a Monalisa. Ela sempre carinhosa, falando da noite passada, e eu acho, em minha nada humilde opinião, que ela estava gamada em mim. Porém... Eu ja não sentia nada demais por ela. Havia sido coisa de momento. Passou. Acabou. Lance de uma noite pra nunca mais.
Mas mesmo não sentindo algo relacionado à paixão por ela, eu queria manter uma amizade então prometi que no dia seguinte estaria no lugar que ela havia marcado um encontrão com as amigas. ~cof~ tudo sapatão ~cof~.
Joguei o celular em um canto e voltei a dormir... Estava sentindo um cansaço descomunal. Que se abatia sobre todo o meu minúsculo corpo. Porque adimito ser um Hobbit em questões de altura.

~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~

- Cris, me passa o escorredor. - disse Henrique estendendo-me a mão.
- Pega. - arremessei o objeto pra ele.
- Esse macarrão vai ficar muito bom. O melhor macarrão! - Henrique sorria enquanto passava a massa da panela para escorrer a água quente.
Sempre fazíamos macarrão quando eu dormia na casa dele, era quase uma tradição, e reconheço que ficava muito bom.
Sentamos no sofá da sala, cada um com uma montanha em cima do seu prato. Erguemos os garfos e os encostamos como se fosse um brinde... "Tin tin, à uma noite fodasticamente foda." Henrique sussurrou para mim.
Passamos a tarde toda comendo e conversando sobre as coisas da vida... Pessoas, decisões, trabalho e mais pessoas e decisões...
- Sabe Henri... Eu não queria me tornar o que sou hoje, no fundo eu sei que não mudei, mas inconscientemente eu faço coisas de que não me orgulho, depois que paro pra perceber que já ta feito e que não consigo consertar, acabo entrando em desespero.
- Poxa Cris... Eu já te vi fazer várias merdas mesmo, você é o caos em pessoa... Mas eu sei que não é proposital. Você tem uma carinha tão fofa e acolhedora que ninguém te vê como "heartbreaker".
- Mas não quero ser a pessoa filha da puta da história. - eu o interrompi.
- Eu sei que não... Você sempre tem as melhores das intenções, mas já parou pra perceber que jamais vai conseguir ser o que todos querem ? As vezes parece que você So quer ver todo mundo feliz, mesmo que custe a sua felicidade, você tenta tornar-se o que não é só pra não ter que ver alguém triste, não que seja ruim, mas é que vão te massacrar. Nesse mundo não há espaço pra gente assim, porque essa pureza que você parece ter muita gente verá como superficialidade. E eu não sei mais como explicar isso pra você porque to me enrolando todo. - ele levou as mãos ao rosto.
- Calma amigo, eu entendi... Mais ou menos. Só que não é questão de querer agradar a todos é só... Sei lá. Sempre quero dar o melhor de mim para as pessoas. Já parou pra pensar que se você sorrir pra alguém, qualquer um na rua, esse pode ser o único sorriso que essa pessoa receberá no dia ?! Isso é muito bom. Coisas pequenas como essa fazem você se sentir bem consigo mesmo. Mas ultimamente eu tenho sentido tanta solidão que isso me consome... A Olive ta um porre e eu quero sair de lá urgentemente.
- Bem... Eu conheço um lugar que você pode alugar, é barato e bem aconchegante. - Henrique começou a procurar por alguma coisa em seus bolsos.
- Ta procurando o celular ? - perguntei.
- Não, um cartão... Aqui. - ele estendeu a mão para mim.
"Aluguel de casas e kitnetes, falar com mineiro ou Débora."
- Obrigada Henri. - sorri pra ele.
- Caraca... Como você consegue ?
- Ah... O quê ? - falei sem entender.
- Seu sorriso... Ele meio que passa um calor pra gente. Cris... Você tem um dom muito lindo. Não deixa ninguém tirar isso de você, ta ? - ele disse isso com um olhar meio que maravilhado.
- Tudo bem amigo... Prometo que ninguém vai fazer eu mudar isso em mim. Que eu vou sempre sorrir gentilmente e o principal... Espontaneamente! Nada de sorrisos falsos nem gentileza superficial. Só continuarei sendo a Cris que as velhinhas do mercado adotam como neta.
E caímos na risada. Porque era verdade. As tias do mercado adoravam a atenção que eu reservava a elas. Cada uma eu tinha um carinho especial.
Eu acho que no fundo... Eu gosto mesmo de ser gentil. E que tudo o que eu faço não é proposital... É apenas o meu natural. E isso nunca vai mudar... É da minha natureza tentar ser o melhor que eu posso em questão de ajudar aos outros.
E essa minha essência... Ninguém vai tirar.

Mais Que Um RomanceWhere stories live. Discover now