Capítulo 9

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- O que você está fazendo aqui, seu viado?

Vinicius apenas encolheu os ombros e jogou sua mochila em cima dele.

- Aqui não é tua casa, seu imbecil. É um país livre, vou onde quero. – retrucou a Antônio enquanto me abraçava.

- Você vai começar kickboxing também? – perguntei, sorrindo. Faz algum tempo que não o via, mas ele não parecia ter mudado nada.

- Bem, pensei vir aqui e ver se podia começar grátis também.

- Ah, não vou pedir ao meu tio pra fazer fiado pra você não, idiota.

- Eu acho que se você beijar o Tônio, ele cede. – eu disse, fazendo os dois garotos rirem.

Vinicius passou a mão pela cabeça, e pegou uma garrafa de água da mochila. Ele era da mesma altura que Antônio, mas até aí iam as semelhanças: ele era ruivinho, com sardas em todo seu rosto. E tinha o queixo um pouco torto. Mesmo assim ele era uma gracinha, e a maioria das garotas parecia pensar o mesmo. Só que ele não se interessava pelas garotas, só pelos garotos.

- Ele não faz meu tipo. – disse Vinicius, bebendo a água. – Eu prefiro homens mais maduros.

Antônio dá um soco no braço dele, antes de cair na risada também.

- Tenho que admitir que você fica linda nessa roupa. – continuou Vinicius. – Se eu gostasse de vagina, eu te pegava.

- Dá um tempo. – respondi, revirando os olhos.

- Não, sério, Marina. – disse Antônio. O olhar dele cai sobre meu corpo, da cabeça aos pés. – Você já é gostosa, e com roupa justa é um desafio pra qualquer um daqui se concentrar em se pegar com outro cara, ao invés de  você.

- Estão todos inclusive olhando aqui pra fora, encarando teus peitos.

Eu cruzo meus braços no meu peito, envergonhada e tentando não parecê-lo.

- Parem de exagerar. Vamos entrar de vez, já devem estar por começar.

- Ela tá ficando vermelhinha. – riu Vinicius, me cutucando meu braço com o cotovelo. – Fica uma gracinha.

- Eu não estou vermelha. – contrariei, embora fosse totalmente verdade.

Eu gosto de ser elogiada como qualquer garota, mas nunca me senti cômoda com comentários sobre meu corpo. Não sou linda, embora tampouco a garota mais feia da face da terra. Mas de qualquer forma, eu sabia que eles estavam exagerando.

Nós entramos na academia, com ambos ainda me provocando. Não era um lugar sofisticado ou muito grande. O chão era quadriculado, havia sacos de pancada pendurados nos cantos do salão e não havia ventiladores. Mesmo assim, era visível que André se esforçava em manter tudo ali funcionando.

Eu estava prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo quando eu o vi e quase congelei no meu lugar. Perto da porta do vestuário, estava garoto da livraria.

E ele estava olhando diretamente para mim.

Desta vez, ele usava uma camiseta branca e bermudas pretas, e estava colocando suas luvas vermelhas. O cabelo dele estava mais curto desde a última vez que nos vimos, e era impressão minha ou ele era mais alto do que eu lembrava?

E não ia admitir isso nunca, mas ele ainda era mais lindo que eu lembrava, e isso me assustava porque sempre é difícil fugir de coisas bonitas.

MarinaWhere stories live. Discover now