Capítulo 02: JANDILIAH

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JANDILIAH

 “Ganhei como prêmio uma visita ao Centro de Conferências, Convivências e Lazer. Mas, por quê? Se em minha autocrítica estou longe de ser um exemplo de conduta, e mais longe ainda do que esperam de um cidadão exemplar.” Em resposta aos meus pensamentos o capitão Jet, respondeu: “Foi exatamente por isso que o trouxemos aqui. Seu desempenho, sua conduta vem realmente deixando a desejar. Achamos que lhe falta motivação.” Eu poderia argumentar que sou um caso perdido, mas ao invés disso, solto um sorriso amarelo e desligo meu transmissor telepático, antes que outras besteiras saíssem de minha cabeça e fossem captados por meus superiores.

Por falar nesses transmissores, minha maior contribuição ao meu povo foi a adaptação desse transmissor de comunicação sem voz. O que antes era um instrumento semelhante a um arco de cabeça, hoje se resume a um comprimido bio mecânico. Basta o sujeito engolir e minutos depois o dispositivo se implanta ao organismo e ele já consegue se comunicar telepaticamente com outro indivíduo que também possua o implante.

Bem vamos assistir à conferência, na verdade um testemunho. Depois de quinze anos retornavam ao planeta nossos destemidos exploradores, Isso sim é que é vida! Quinze anos longe disso aqui! Viajando por estrelas, procurando novos mundos e civilizações. O comandante Thurde relata que dessa vez estiveram na Via Láctea, num complexo de nove planetas, dos quais um era abundante de recursos e rico em espécies, como um dia foi o nosso. Trouxeram imagens dos nativos e de suas grandes cidades, verdadeiros formigueiros em excitado movimento. Por falar em formigas, uma das imagens era o perfeito retrato disso. Vimos centenas, milhares de homens, subindo e descendo uma montanha argilosa, todos muito sujos e maltrapilhos, carregavam sacos às costas com pedras e terra. Cavavam, subia e desciam, transportando o resultado das escavações. Perguntei qual o resultado daquela tarefa aparentemente inútil. Os exploradores disseram que os nativos tinham manias e costumes muito estranhos. Colecionavam pedras e metais que tinham um valor escandalosamente alto no sistema de troca. O explorador buscou uma imagem ampliada de um cristal brilhante e declarou: com somente uma dessas pedras, um habitante da Terra – é assim que chamam o planeta – pode obter para si muito mais do que ele pode consumir durante toda uma vida. E não falo só de alimento, falo também de propriedades, vestimentas, veículos, ócio e até inúmeras mulheres. A afirmação tirou risos da assistência. Era uma coisa esdrúxula, por que alguém quereria para si mais do que necessita. E eu pensava para que um sujeito precisa de mais de uma mulher? Isso me lembrou que se aproximava a data do meu casamento. Seria me oferecida uma terceira esposa, como eu já recusara as duas primeiras, não me restava mais nenhuma alternativa. Teria que aceitá-la. Mas meu pensamento preferiu voar para os outros ares. Nesse momento, uma idéia caiu como uma grande rocha em minha cabeça. Eu iria fugir para este planeta que chamavam de Terra. Sou um funcionário do Arquivo Central. Sou um dos responsáveis pela guarda de todo conhecimento de minha civilização. Claro que não tenho acesso a toda essa informação existe uma sala secreta, cujo acesso só é permitido aos militares e ao presidente. Ali são guardados os “esqueletos” que a nossa raça esconde até de si mesma. Antes de partir ainda irei descobrir o que se esconde ali.

Enquanto Junki recorda seus últimos passos em Jandiliah, Jonas descobre que mudou, está diferente do que era até se encontrar com o Sr. Harry. É somente mais uma prova de matemática, só que um detalhe fantástico. Ocupado, tentando em vão, resolver uma equação, Jonas escuta: “Porque será que ele não me ligou?” A voz é da professora, dona Marta. Jonas levanta os olhos e vê dona Marta ocupada em escrever o restante da prova na lousa, mas Jonas ouve os seus pensamentos e agora sabe que dona Marta tem outras preocupações. “Você foi trouxa, Marta! Expos sua alma logo no primeiro encontro deu no que deu – o cara se assutou e sumiu!” O menino descobre que ganhou o poder de ouvir o que os outros pensam e para ele, isso é mais do que ele merece, é mais do que ele pediu a Deus. Ele se volta para uma colega, não por acaso a melhor aluna da turma, e experimenta ouví-la. “Nossa mais é tão simples! A solução é tão simples!” E Jonas resolve o primeiro problema e o segundo e todos os problemas da prova, com a ajuda de sua coleguinha CDF. “Sou um telepata, pensa Jonas, “Nossa pense nas possibilidades, circo, televisão, dinheiro, fama, respeito... Estou feito”!

Rabbit RunWhere stories live. Discover now