Capítulo 03: DEZ ANOS DEPOIS

40 1 0
                                    

DEZ ANOS DEPOIS.

Deserto do Arizona. Vemos uma velha cabana e na varanda vemos Judge. É noite, Judge, o cão, olha as estrelas e late para lua. Um raio de luz corta o firmamento e desce espetacularmente dezenas de metros adiante, Judge, curioso corre de encontro ao estranho objeto que caiu do céu. – Será uma estrela? – Pensa o cão.

De dentro da cabana sai um velho sexagenário, seu queixo cai com o que vê. Olhando bem para o seu rosto vemos que ele tem os olhos muito grandes em relação ao rosto – seus olhos são grandes, oblíquos, esbugalhados e de uma cor verde bastante escuro. Não são olhos humanos, você pode ter certeza.

Judge vem correndo ao seu encontro ganindo, próximo ao velho o cachorro cai, o velho se ajoelha para acolher o animal e percebe que o infeliz sangra abundantemente, está morto. O velho levanta os olhos e vê Espichado, Atarracado e mais uma mulher.

O pobre homem tenta se esconder dentro da cabana, corre, antes de chegar ao batente da cabana é atingido por um feixe de raio. E cai sem vida.

A mulher se aproxima, vira o cadáver de bruços, em sua nuca há uma abertura, onde a mulher coloca uma espécie de plug ligado a um fio, por sua vez ligado a um pequeno aparelho.

– Pronto! Resgatei toda sua memória, agora queimem tudo! Diz a mulher.

– O velho também? Pergunta o Atarracado.

– Também.

– E o cachorro?

– Queimem tudo!!!

Enquanto isso, Junki não consegue mesmo se desvencilhar de suas memórias.

“Fui apresentado a minha futura esposa, ela se chama Filar, é uma militar graduada do nosso programa de exploração de galáxias. Jan deve está do meu lado! Nada mais conveniente nesse momento que desfrutar da relação de uma pessoal envolvida nesse meio.

É bom deixar claro que em Jandiliah não existe namoro, existe um contrato de procriação. Eu e Filar vamos nos comprometer a vivermos juntos por um período de dois ciclos, teremos uma cria no final do primeiro ciclo, daremos a essa cria uma estrutura que garanta sua segurança, visto que é um bebê frágil e indefeso. Ao término do segundo ciclo nos separaremos, os três. Cada um irá continuar sua vida sozinho, eu Filar e nossa cria não teremos mais nenhuma ligação ou compromisso.”

Filar deve ter-se achado a mais desafortunada das mulheres em ter a mim como marido. Penso no quanto devo tê-la envergonhado, com o meu comportamento anormal, sempre sujeito a reprimendas públicas. Ela nunca reclamou, cumpria as cláusulas do nosso contrato com toda firmeza, mas, sem dúvida ela sofria em ter a mim como parceiro. Sei que fui um peso para aquela mulher! E por fim, imagino o que ela não passou quando descobriram que eu havia fugido de Jandiliah, fazendo uso de suas senhas e contatos.

O edifício sede da Rabbit Run é um magnífico prédio de 50 andares distribuídos numa arquitetura futurista e audaciosa. A Rabbit Run é um grupo poderoso criado no final década de 90, de lá para cá, registrou um sem números de patentes de aparelhos eletro-eletrônicos que revolucionaram o mercado. Desde rádios, que não usam energia elétrica nem baterias, televisores cujas telas cabem no bolso, mas que se expandem até preencherem o tamanho da parede da sala ou ambiente em que a coloquem, até um carro que se dirige totalmente sozinho e que nunca se envolve em acidentes. Um mistério cerca a Rabbit Run, ninguém, nem os diretores mais graduados conhecem o presidente da empresa. Ninguém jamais o viu e até mesmo seu nome é mantido em absoluto segredo. Existe inclusive um prêmio fantástico, oferecido pelo New York Times, para quem conseguir ao menos uma linha de informação e quem sabe uma foto do todo-poderoso coelho que corre. Hoje um homem terá o raro privilégio de pelo menos falar com ele. O nome do sortudo é Jonas. Aquele mesmo! Hoje com 24 anos e recém-saído da faculdade de administração de empresas.

Uma bela secretária o conduz à sala do Diretor executivo. Primeira surpresa: atrás da mesa cara, de mogno maciço, ele vê o Sr. Hipólito, dez anos mais velho, mais gordo e ostentando um horroroso charuto Havana.

- Bom dia garoto! Seja bem-vindo às empresas Rabbit Run. Lembra-se de mim? Serra grande, lembra? Quem diria que dois matutos como nós, terminaríamos nessa poderosa instituição.

– O senhor é...

– Hipólito, as suas ordens, meu jovem!

– Mundo pequeno!

– Pois é... Considere-se um homem de muita sorte e de muito valor. Não é qualquer um que Rabbit Run contrata. Ainda mais no seu caso recém-formado.

– Não sou totalmente imaturo, fiz um estágio na...

– Querido, onde quer que você tenha estado, não é nada comparado a nossa empresa. Bem. Vamos cumprir o protocolo; nosso presidente o espera. Por ali, por favor! – Hipólito indica uma porta.

– É o nosso elevador exclusivo! É automático, está programado para levá-lo até o “homem”. Pode ir.

Jonas aperta a mão do homem em agradecimento e entra no elevador.

Segundos depois o veículo pára e a porta se abre, a sua frente um longo corredor com uma iluminação fraca. Então Jonas escuta uma voz. “Siga o corredor até o final”. Jonas não tem certeza se está escutando a voz ou se ela está dentro de sua cabeça.

No final do corredor há uma porta muito larga, antes dela ele vê uma cachoeira de luz. Jonas pára sem saber se deve atravessar aquela luz. A voz o orienta. – “Não tenha medo, pode passar é somente um cuidado com a segurança, esses raios de luz vão fazer uma leitura de todo o seu mapa genético e vai registrar essas informações em nosso banco de dados. Claro que já existe uma identificação e uma autorização para deixá-lo passar, caso contrário você sofreria uma descarga que o deixaria inconsciente. Esse sistema está sendo testado aqui e logo será mais um dos nossos produtos no mercado.”

Jonas atravessa o portal de luz e em seguida a porta se abre. Ele entra. É uma sala muito confortável e sóbria, o detalhe é que está vazia. A voz de novo – “Sente-se!” O rapaz obedece.

“Sossegue seu coração, você está entre amigos!” Diz a voz.

“Consegue imaginar por que foi escolhido para entrar em nosso time?”

“Na verdade, não Na faculdade havia dezenas de alunos com notas melhores que as minhas. Nunca fui um aluno brilhante.”

“Não se menospreze, você é especial, e sabe disso! Há muito tempo nós o acompanhamos. E sempre que possível temos tentado ajudá-lo.”

“As bolsas de estudo?”

“Fomos nós”.

“E por quê?”

“Investimento. Agora é hora de você nos mostrar o que tem para nos oferecer. Claro que para isso você será muito bem pago. Cinco vezes mais que o valor de mercado”.

“Sou muito grato! Só uma coisa eu não entendo... O mistério! Para quê isso?”

“The curiosity kills the cat! Vamos ao trabalho! Sobre a mesa você encontrará uma passagem para América e uma grande soma em dólares para as despesas de viagem. Você conhece o Arizona, rapaz?”

Rabbit RunWhere stories live. Discover now