Crossroads

Capítulo 9

Liam saiu do trabalho as cinco da tarde sorrindo com a perspectiva de pegar Livia em casa e dar um passeio com ela. Entrou no metro e conseguiu um banco vazio. Pensava nela e em com ela era perfeita para ele: tinham a mesma educação, os mesmos objetivos de trabalhar nos negócios da família, casar e ter filhos. Ela era muito bonita e charmosa, além de tudo. Poderia ser a pessoa ideal, ele pensou. Apesar de já estar fazendo frio naquela época do ano, ela pediu para tomar um sorvete italiano num local perto da casa dela.

"Posso te fazer uma pergunta?"

"Pode, Liam. Mas se eu não quiser responder?"

Riram e ele a ajudou com um pouco de sorvete que derretia.

"Você tem alguém?"
"Por que quer saber?"

"Tem?"

"Não. Não tenho ninguém!"

" Ótimo!"

Ela ficou observando ele voltar a comer a casquinha do sorvete como se aquele tipo de pergunta fosse natural de se fazer num primeiro encontro. Era tão bonito e incrivelmente bem-humorado. "Se ele tentar me beijar não vou resistir" pensou.

"Liam, por que me perguntou?

"Porque você sabe que estou me sentido atraído por você e estava checando as minhas possibilidades"

"E que conclusão chegou?"

" Acho que tenho alguma chance. O que acha?"

"Acho que sim" Chegou perto dele e o beijou. Surpreso, ele a abraçou e correspondeu ao beijo.

Harry entrou na sala de John Wittney assim que chegou do Tribunal. Estava se tornando rotina os dois se reunirem no final do dia.

"Mais um bom resultado hoje?"


"Sim!"

Wittney serviu uma dose de whisky puro, era a maneira como Harry gostava.

"Tenho notado que trabalha sem parar. Precisa descansar um pouco"

"É verdade. Mas são tantas coisas acontecendo, sabe que eu gosto de estar sempre bem preparado"

"Vejo que você não se desliga nem no final de semana"

"Tem razão"

"Mary e eu vamos com as meninas para nossa casa de campo amanhã. Passaremos o fim de semana lá. Por que não vem conosco? Duas noites longe da cidade farão maravilhas por você"

"Vamos falar de trabalho de qualquer jeito"

"Não vamos. Mary não gosta e eu obedeço"

Harry achou graça em ver que Wittney, tão temido por muitos, se comportava como qualquer outro homem do mundo com relação a esposa.

"Aceite, Harry. E depois tem Bella. Você tem sido uma ótima influência para ela. Estamos tão agradecidos"

"Ela é uma menina excelente. Sabe o que penso"


"E você também sabe que quando está por perto ela se comporta bem melhor."

"Sei disso"

"Se você e Mary se comprometerem em não vão forçar Bella a agir como Lívia durante o fim de semana todo, eu aceito"

"Nunca forçamos Bella a agir como Livia. Está sendo injusto."

"Não estou. Sabe que gostaria que ela se comportasse, se vestisse, pensasse e agisse como a irmã mais velha. Mas ela é diferente."

"Minha filha não poderia encontrar melhor defensor".

Fazia frio lá fora apesar do dia lindo. Lívia, Irene e Liam já estavam na casa quando Mary e John chegaram. A filha perguntou por Bella e a mãe explicou que sua irmã preferiu esperar Harry. A mãe gostou de Liam desde o primeiro momento em que o conheceu na festa. Estava empolgada com o namoro dele com Lívia. Secretamente com John, cogitaram Harry Styles para a filha mais velha. No entanto, a antipatia dela pelo rapaz crescia a cada dia. Havia também a alegria de viver de Liam a ser considerada que era contrastante com a seriedade de Harry. Comentou com o marido que nunca o vira sorrir e este concordou. Um era o oposto do outro e como mãe, preferia que a filha estivesse com alguém que a fizesse se divertir.

John saiu para caminhar ao ar livre apesar do frio. Ainda tinha uma hora pelo menos de luz do dia e Harry avisou que demorariam ainda para chegarem. "Ele deve ser a única pessoa no mundo que pensa mais em trabalho do que eu. Mas eu tenho Mary, que é meu refúgio. Espero que ele encontre uma Mary em sua vida." Chegou até a pérgola e sentou. Um vento frio soprava em seu rosto. E ele fechou os olhos para permitir que as lembranças daquele lugar viessem a tona. "Louis, quantas saudades sinto de você" - podia agora escutar a voz do filho o chamando para jogar bola: _ Vem pai! As lágrimas inundaram seus olhos quando ele falou baixinho: "_ Já vou filho. Um dia eu vou te encontrar."

Tinham combinado que ele sairia do escritório e a pegaria em casa mas Bella não estava disposta a ficar esperando em casa e decidiu se adiantar e ir encontra-lo. Norma estava na ante-sala compenetrada em organizar tudo o que ele tinha listado que queria pronto antes do final do expediente. "Ele deve dar um trabalho enorme", pensou com uma cetra piedade da senhora mais velha.

"Será que eu posso interromper o grande Dr. Styles?"

"Eu sei lá, Bella! A amizade de vocês é tão surpreendente que não posso imaginar o que sua presença vai causar nele!" Bella riu alto, supressa com o súbito desabafo de Norma.

Ele veio até a porta recebe-la com um beijo no rosto

"Achei que se eu viesse até aqui você se comoveria comigo e largaria o trabalho mais cedo"

"Não vou me comover, querida. Apesar de me alegrar. Pode me esperar até que eu termine?" Bella deitou no sofá em frente a mesa dele e tirou o celular da bolsa. Sabia que ele era a única pessoa que não fazia tudo e na hora que ela queria, portanto o melhor mesmo era esperar por ele. Além do mais, gostava de ficar observando ele concentrado trabalhar. Parecia que se desligava do mundo. "Se uma bomba cair no prédio, ele não vai notar."

"Podemos encher o carro de porcaria para a viagem?" A espera tinha sido de mais de uma hora e ela já estava com fome.

"Seja específica, Bel"

" Vamos comprar um monte de coisas para comer que não são saudáveis e não fazem bem nenhum"

"Que coisa horrível" ele falou num tom divertido concordando. "Você escolhe."

Ela estava observando ele pagar as gulodices no caixa da loja de conveniência. Muitas vezes tinha vontade de passar a mão nos cabelos cacheados como se ele fosse um menino. Ela via sempre nele um ar de abandono sem entender o porque. Harry notou que estava sendo minuciosamente observado:

"O que foi? O que fiz de errado?"


"Harry, você já fez alguma coisa errada na sua vida inteira?"

Ele não respondeu.

No carro, enquanto ela fazia uma eclética seleção de músicas que iam do One Direction a Wizz Khalifa, insistiu na pergunta:

"Não me respondeu na loja, já fez alguma coisa errada?"

"Provavelmente sim. Todo mundo faz coisas erradas"


"O que você fez? Tem que dar um exemplo"


"Eu não sei...não lembro. Por que quer saber disso?"


"Porque você é muito certinho. Parece que nunca fez nada expontâneo...nada que pudesse ter dado errado"

"Eu não tive muita chance de errar. Tento fazer tudo da maneira como deve ser"

"Por que?" estava curiosa para saber um pouco mais sobre a vida dele "Por que não teve chance de errar?"


"Porque eu sempre tive somente a mim para contar. Se eu erro, quem vai me ajudar a consertar?" desviou o olhar para ela por um segundo "Melhor poupar trabalho, não acha?"