7. Herói

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Estava há uma meia hora encarando a cruz pendurada no escritório do Sr Louis. Não sabia que diabos eu ainda estava fazendo ali. Uma semana havia se passado e toda aquela correria tinha acabado, finalmente. Porém o Sr Louis não me deu sossego: me enchia de papeladas desnecessárias para eu olhar sendo que de qualquer maneira teria que ter a vistoria dele e me mandava fazer coisas idiotas como pegar algum documento em tal lugar. Aquilo me extressava e quando chegava em casa só pensava em deitar na minha cama e dormir de exaustão.

Isso me fez pensar sobre o que o filho do meu patrão disse. Daqui pra frente só pioraria. Dei um grande suspiro de desânimo, queria um emprego que me desse uma grana boa e consegui, mas o que adianta ganhar bem e precisar de usar todo o dinheiro em analista e remédio para os nervos?

- Sr Kennedy? Preciso que você passe a noite em minha casa, tenho alguns serviços para você...

Suspirei novamente, dessa vez mais alto do que devia.

- Algum problema com isso? -perguntou ele.

- N-não senhor - sim senhor, tem um grande problema! Seu filho gostoso vai estar lá.

Já havia se passado alguns dias desde que eu tinha conversado com Júnior. Depois disso, o tinha visto uma ou duas vezes nas minhas rápidas visitas na mansão dos Louis e toda vez que ele me via sorria. Um sorriso de deixar qualquer garoto ou garota melado e bobo ao mesmo tempo. Ele era tão bonito e sorrindo só piorava as coisas, quer dizer, melhorava. Será que o encontraria novamente tempo o suficiente para ter outro daqueles papos noturnos? Meu coração ansiava que sim e meu cérebro torcia que não.

Não demorou muito para descobrir, não era nem seis horas da tarde e eu já estava lá naquela incrível mansão. Notei que hoje não havia muitos seguranças... Porque?

- Onde estão os seguranças? - perguntei, curioso.

- Provavelmente o irresponsável do meu filho deve ter dispensado - disse ele, notando também a ausência dos homens de preto.

Assim que saí do carro, não precisou nem o Sr Louis mandar, fui direto para o escritório. Só que, como eu disse uma vez, a casa é enorme e o caminho entre cada cômodo é quase que uma quadra. Vi Júnior na piscina com alguns amigos. Tava aí o motivo do sumiço de muitos seguranças. Eu também iria querer privacidade para me divertir com meus amigos sem que tivesse uma dúzia de caras nos observando.

Meu trajeto era simples: Garagem-Cozinha-Sala-Corredor-Escritório. Mas qualquer um pode se perder né? Acontece, principalmente quando há um cara super gostoso de sunga na piscina. Caminhei em passos largos, enquanto o Sr Louis atendia a um telefonema, era só eu passar pela área onde me daria uma ampla visão da piscina, ou melhor dizendo, do filho do meu patrão e depois entraria pela porta da sala e seguiria meu caminho. Mas quando a gente planeja alguma coisa com o coração, normalmente não dá certo. Na maioria das vezes para ser exato! Deduzi que tinha umas seis pessoas na festinha particular dele só que eram bem mais!!! Trinta. Ou seriam trinta e oito? Quarenta? Havia gente em todo lugar, saindo de todas as direções inclusive da sala... Dei de cara com dois caras que mais pareciam dois armários gigantes.

- Ora, ora. Está perdido garoto?

Pela cara deles - que não era nada legal - não tinham boas intenções. Conforme foram dando passos em minha direção eu fui me afastando. Meu coração estava na boca, o lugar era enorme e se eu gritasse das duas uma: me encontrariam mas eu perderia meu emprego ou ninguém escutariam e só pioraria a situação. Qual escolher?

Optei pela opção três: sair correndo. Como eu disse, esses caras davam dois de mim em tamanho e corpo. Foram cinco inúteis passos para eles me alcançarem. O fedor de álcool da mão de um dos carinhas que tampou minha boca antes que eu gritasse me fez ficar tonto e desesperado ao mesmo tempo. Bêbados, não tinham nada a perder...

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Where stories live. Discover now