Pra que perder tempo, não é mesmo?

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Pov Bárbara

Conversei com a Júlia recentemente. Ela tá tão bem, tá até juntando uns admiradores. As meninas estão todas em fase ótima, quem estava enchendo era Marismin porque passaram em faculdades diferentes. A vida querendo ensiná-las a não serem tão grudentas. Saudades delas, de todas.

Ju ainda parecia sentir a mesma admiração por mim, mesmo longe. Os meus sentimentos não tinham mudado, era bom saber que os dela também não.

Mas falar com ela me deixou com vontade do seu abraço. Ou seja, não me fez bem depois. O abraço dela é só dela e não dá pra achar em outra pessoa.

Enfim, a saudade faz parte, tenho que conviver com ela. Pulando tudo isso, vou contar pra vocês meu primeiro dia de aula na faculdade. Era uma segunda-feira.

Cheguei atrasada, tanto eu quanto o Nicholas. E a primeira e segunda aula foi alguma besteira que nem prestei atenção, não estava nada empolgada. O Nick não estava comigo, claro que não, ele vai cursar Odontologia. Daí, quando eu saí pela porta da sala, tinha uma turminha no pátio com tintas, balões cheios de água (espero que seja água) e acho que bombinhas e sei lá mais o que. Tinham uns baldes também. Muitos baldes, aliás.

Um segundo pra ver e um segundo pra interpretar. Trote.

Comecei a correr. Eu corri mesmo, porque tinha um garoto com uma cara de que ia aprontar, segurando um balão daqueles perto da porta, à minha esquerda, esperando ao primeiro calouro, que infelizmente era eu. Sei lá se aquilo era água, corri num impulso. Não muito esperta, mas ok. Ele riu da minha reação e correu atrás de mim. Eu também comecei a rir, nervosa.

- A menina correu, hahaha – alguém que estava na mesma sala que eu falou, eu já a alguns metros de distância. O garoto fazia cooper atrás de mim, daí ele começou a correr de verdade.

"Fodeu!" foi o que a minha mente disse. Acelerei também, dando graças por estar usando tênis, mesmo que não fossem tênis de exercício, pelo menos não eram sapatilhas, consegui manter distância dele.

Fiquei feliz que os outros veteranos resolveram assistir ao invés de tentar me pegar também. Contra dois ou três eu não teria nem chance. Vi alguns celulares apontados e me imaginei aparecendo no Snapchat de alguém. De muita gente, pelo visto.

- Vem aqui, caloura! Eu vou te alcançar de qualquer jeito!

- Nem morta! – corri mais e passei por um dos muitos baldes, vi gelo. Em outro deles tinham mais balões, peguei um deles.

O garoto aproveitou esse segundo pra atirar o balão dele em mim. Ele tentou acertar meu rosto, abaixei e ouvi estourar atrás de mim. Sorri por não ter sido em mim e atirei o meu balão nele. Só aí notei que nenhum outro veterano veio atrás de mim porque tínhamos virado tipo um espetáculo, sabe? Tipo "a caloura que correu do veterano no trote".

O meu balão estourou na camisa vermelha dele. Ouvi gritinhos das meninas porque o garoto era... ok, ele era tipo um deuso. Devia fazer um puta sucesso naquela faculdade. E a camisa dele ficou grudada no corpo, no tanquinho e etc. Ele riu, olhou pra mim e sussurrou "é água, não se preocupe", piscou e eu fiquei mais aliviada. E cercada, agora não tinha mais pra onde correr.

Um segundo depois, eu estava sendo bombardeada por balões d'água, e rindo disso. Também me jogaram um de tinta azul, daí um de tinta verde, me senti um quadro. Transformei o que era pra ser um massacre nos calouros em uma guerra, e joguei de volta os balões perto de mim, atingindo alguns alvos e vendo outros indo "lutar" a meu favor, inclusive o garoto da camisa vermelha que eu deixei coladinha.

Aquilo não demorou, mas foi bastante intenso, e a parte gramada do campus ficou toda pintada/molhada.

- Acabou? – perguntei ao pessoal a minha volta. Eles assentiram. Depois vi alguns prenderem o riso, não entendi. Eles estavam todos sujos, como eu. Sinto cutucarem meu ombro, quando me viro era o mesmo deuso de camisa vermelha.

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