Meritíssimo

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Ao sair da sala sou atingida por uma muralha de repórteres - como diabos aqueles abutres foram parar dentro do distrito? - perguntei a mim mesma abrindo espaço com a ajuda de um grupo de policiais. As perguntas iam desde "Pq vc aceitou defender o assassino da Baixada Santista?" Até "ele confessou os crimes?". Paro elegantemente e de maneira firme respondo aos jornalistas:

- Represento o Sr. Meirelles e acredito que todos têm o direito à ampla defesa e contraditório. Ele é inocente como qualquer um dos senhores até que se prove o contrário. E é o que pretendo fazer: provar a inocência desse homem.

Saio pela porta da frente em direção ao prédio anexo, onde teria um encontro com o juiz até então responsável pelo caso.

*Após a saída da Dra Milena me conduziram novamente para a cela. Devido a repercussão do caso me deixaram em isolamento. Fico agitado. Será que ela era boa o suficiente para conseguir a liminar? O pior é que não me sumia da mente sua voz suave e seu olhar marcante. Aquela mulher parecia incrível e ainda era exuberante. Mas por que eu? Por que ela simplesmente veio atrás de mim?

Ao mesmo tempo que meu futuro dependia dela, eu não conseguia acreditar na advogada meiga. E se ela fosse parente de alguma vítima e quisesse me entregar de bandeja para os juízes. Ela e magnífica mas não sou bobo, tenho que descobrir primeiro as verdadeiras intenções dela. Sento no canto e fico pensativo e apreensivo aguardando a volta da Doutora.

Dentro daquela cela o tempo simplesmente para. Parece que estou aguardando há uma eternidade e faz apenas 1 hora que a Dra. Milena saiu. Fico quieto aguardando.

Gasto algum latim com vossa excelência para liberar meu cliente. A promotoria não deixa por menos e usa todos os argumentos possíveis, apelam para a sensibilidade do homem pai, jogam pesado como de costume. Respondo na mesma moeda.

- Excelência, meu ciente está sendo vítima de uma corrida desesperada para encontrar e apontar um culpado pelos crimes hediondos cometidos por outro. Não por ele! Não existem provas que o liguem as mulheres assassinadas, nenhuma arma foi encontrada em sua residência nem na propriedade que reside. E quanto aos motivos, vossa excelência?! Quais seriam as razões para matar de um homem que fundou uma organização não governamental para proteger e auxiliar a casais privados da paternidade? Não existem. Não existe motivo, arma ou corpos. Tudo o que a promotoria aponta eh meramente circunstancial. Por isso peço a liberação do meu cliente sob fiança, meritíssimo.

O debate durou alguns minutos até que o juiz bateu o martelo a favor do Sr. Meirelles.

*O carcereiro me chama na cela, diz que uma mulher estava no distrito para me levar, diz que estou liberado. Fico atônito, estagnado na porta, olhando a Dra. Milena vindo em minha direção com um sorriso.

- Vamos! Pelo menos por enquanto você está livre - diz ela logo me fazendo um convite para ir ao seu escritório conversar sobre o caso.

Eu não confiava nela, mas graças a sua ajuda eu estava caminhando pelas ruas. Fomos ao seu  escritório, em um local não muito movimentado, dava pra ver que ela ainda estava iniciando na área e não tinha mts clientes.

- Dra Milena, muito obrigado pelo que a senhora fez, mas ainda não sei porque a senhora está fazendo isso por mim e isso me atormenta. Não e porque acha que sou inocente, tem muitos inocentes naquele lugar e você foi diretamente a mim. Sei que não é justo eu desconfiar da senhora, mas eu não confio em ninguém q não seja honesta comigo.

Advogado do DiaboWhere stories live. Discover now