Ézio

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Ele se sentia frustrado, exatamente o mesmo tipo de coisa que aprendera no deserto.

Conseguir se ocultar na sombra usando apenas a técnica de camuflagem, pisar levemente sem fazer nenhum som como um caçador ou um ladrão. Poucas coisas novas como sentir o que o inimigo sentia ou conseguir interpretar seus sinais corporais.

Seis meses e nada de novo, apenas aprimoramento. Ele não sabia por que insistiam em mandá-lo para longe quando poderia estar lá no quartel com os outros. No fundo ele sentia que capitão Alaor o mandava para longe para não deixar Lisse se distrair de seu treinamento.

Torceu a boca, um pouco chateado ao pensar nisso, o capitão poderia ao menos ter dito isso a ele, e não o enviar para longe para aprender praticamente o mesmo que aprenderia no quartel ou no deserto.

Não poderia negar que isso o tinha ajudado a ser sempre superior em uma luta, raramente ele perdia, porque ao contrário do quartel, ele passava por perigos reais. Tendo que salvar a vida se quisesse continuar aprendendo e agora isso aconteceria mais uma vez, Ézio estava escondido esperando o momento para o confronto.

Lá estavam seus companheiros selvagens na disputa por território, uma coisa boa ele tinha aprendido ali, era identificar sinais de invasão na floresta.

Pequenos galhos dobrados, uma ranhura em algumas raízes no chão, coisas tão pequenas que seriam imperceptíveis aos batedores do reino. Talvez ele seria um novo batedor para o rei, um caçador de inimigos, talvez não estivesse sendo treinado para ser um soldado do rei, eram muitas opções.

Um assassino do rei talvez? Um caçador do rei? Rastreador? Batedor? Poderia até mesmo ser um campeão se em Sanoar tivesse esse tipo de rinha. Era estranho pensar na sua função quando ele mesmo não sabia os planos que tinham para ele, mas tinham algum plano, isso estava claro.

Os Elementais não eram bobos, estavam lhe mandando para lugares distantes por algum motivo e ele ainda não entendia, mas um dia isso teria que acabar, um dia ele teria que terminar seu treinamento e então, saberia qual seria realmente sua função.

Com um aceno do homem à sua frente ele voltou sua atenção à entrada da caverna, vários sapadores tinham começado a escavar a terra na colina, era uma invasão e os Guerreiros do Oriente não admitiam.

Ézio agora estava atento ao que via. Piromantos. Ele os reconheceria em qualquer lugar, com suas vestes negras e sua bandeira, nunca poderia esquecer aquela bandeira negra com o desenho das mãos juntas, com as palmas viradas e uma única chama saindo delas.

O fogo branco, o fogo maior segundo eles, e aqueles sapadores a trabalhar, indicava que estavam começando uma nova colônia.

Ézio já tinha alguma amizade com seu mestre e ele tinha pedido que o mestre o deixasse segui-los para conseguir alguma informação útil. Precisava saber aonde estavam alojados e o que faziam, se tinha crianças ali já para colocar na colônia ou se trariam com eles, e se ele tivesse tempo, poderia tentar resgatá-los.

O mestre tinha permitido, dando um prazo de um mês apenas antes que os expulsasse dali. Ézio tinha feito seu melhor nesse tempo, e somente o que descobrira era que eles tinham uma cabana não tão longe do local que os sapadores trabalhavam e também descobriu alguns costumes estranhos.

Não havia mulheres Piromantos na colônia em que Ézio viveu, mas elas existiam no meio deles, ele tinha visto uma naquele grupo que planejava abrir mais um caminho para dentro da terra, era ela que montava o cavalo de manhã e voltava com provisões à tarde. Os outros nunca saiam a não ser para ir ver como andava o trabalho, ela poderia ser uma criada se não fosse pelas vestes e de Ézio ter visto um idoso trabalhando na cabana.

Sanoar 2-Guerreiros Alados- (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now