Ézio

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Um ano havia se passado, ele agora estava muito longe de casa. Essa já era a terceira tribo que ele visitava procurando notícias de atividades dos Piromantos na região.

Como aqueles povos eram pequenos com uma vasta região de terras como domínio, o líder nunca sabia de muita coisa. Outros apenas achavam vestígios de que houve atividades de pessoas entranhas em seus domínios.

Ézio sentia raiva daquele povo ignorante. Ter tantos acres de terra e não conseguir cuidar nem da metade. Não eram nem de longe organizados como os guerreiros do oriente.

Esses eram selvagens ao extremo da palavra, mulheres nuas usando apenas contas de sementes como enfeites em formado de grossos colares, ou então com bizarras saias que não cobriam nada. Algumas tribos eram sujas, realmente sujas, com muitas crianças cheias de doenças e vermes. Não eram crianças diferentes da colônia em sua aparência doentia e faminta.

Os lideres só queriam saber de presentes e nada mais. Ézio sabia que muitos deles eram corruptos, um alvo fácil para os Piromantos e precisavam ser detidos. Aquelas pequenas colônias de selvagens não estavam se importando com nada e por isso eram um perigo para o reino da sabedoria. Com certeza entregariam seus filhos de bom grado em troca de alguns tecidos coloridos ou mesmo de algumas vasilhas de barro.

Ele estava enojado, e agora com aquelas visitas aos outros lideres ele entendia o motivo de estar em treinamento com aquele povo guerreiro do oriente. Eles eram os mais sábios de todos, os que aprenderam a usar a natureza como aliado e usar a sabedoria e a magia do líder como um meio de proteção e prosperidade. Mesmo que não fosse da maneira como ele conhecia, ainda assim, com seus costumes tão estranhos eram superiores a todas as tribos vizinhas que ele tinha visitado, mereciam respeito por serem diferentes.

Estava voltando para as terras dos guerreiros do oriente. Não tinha mais encontrado nada de concreto sobre os Piromantos.

Ézio se lembrou do que tinham encontrado há seis meses na caverna aonde trabalhavam os sapadores. Tinham se armado e correram para atacar, mas Ézio não conseguiu dar uso a espada. Os pobres homens eram colonizados e estavam ali contra a vontade. Tinham correntes nos pés e estavam tão feridos de chicotadas que ele duvidava que alguns sobrevivessem.

Até mesmo os guerreiros do oriente, tão selvagens e tão sanguinários, abaixaram as armas quando viram a situação em que se encontrava aqueles pobres homens. Não havia uma grama de gordura em seus corpos, alguns tinham feridas em um estado tão grave de inflamação que Ézio desconfiava que teria que ser amputado algumas partes.

Os guerreiros carregaram os homens e levaram para o curandeiro da aldeia. Ézio também tinha carregado um homem de uns trintas anos. Ele exalava um cheiro forte de urina e fezes, ainda tinha um cheiro forte de putrefação que vinha da ferida em suas costas.

Mesmo com todo o atrito de suas costas nos braços de Ézio, o homem não reclamava. Se deixava ser levado mansamente, olhando nos olhos dele com as pupilas dilatadas. E Ézio sabia que aquilo era pela dor que ele com certeza sentia.

Ele não conseguiu deixar de pensar que se estivesse ainda na colônia estaria com quase o mesmo estado daqueles homens. Ele tinha conversado com os homens que estavam mais lúcidos depois que eles foram medicados e alimentados, eles não sabiam dizer o que tinha mudado nas colônias. Perguntou como eram as coisas lá dentro e como eles foram parar ali. Isso ele sabia que os três homens saberiam dizer.

— Começamos nosso turno normalmente, não sei quantas voltas atrás. Mas quando deu o tempo de voltarmos para nossas tocas, os Piromantos nos colocaram em uma carroça fechada e colocaram capuz em nossos olhos.

Sanoar 2-Guerreiros Alados- (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora