AMYAH ➛ JUSTIN BIEBER

06

Boxing

O próprio James enrolava um tecido branco nas minhas mãos, antes de me dar umas luvas de boxe pretas. Apertou-as nos meus pulsos e fez sinal para me levantar.

James, iria treinar-me.

Caminhámos até um dos sacos de boxe, onde James pediu que fizesse uma série de sequências. Tanto murros, como pontapés. A sua expressão era indecifrável. Ao referir o gancho de esquerda que havia dado no dia anterior, pediu que repetisse. Tanto de esquerda, como de direita.

Deixou-me sozinha, para que continuasse com as sequências.

Cada murro dado no saco, libertava um pouco da minha raiva. No entanto, também acordava os motivos que me levaram a um ginásio.

Relembrar o assunto, era a minha fraqueza. Descontrolava-me. Tentava expulsar todas as lembranças. Conseguia ouvir os seus gritos na minha cabeça, conseguia ver as chamas, até à explosão. Relembrava as noites mal dormidas num sofá ao lado da sua cama no hospital.

Um ano, depois outro. Até que um vazio me preencheu por completo.

- Johnson! Johnson! Amyah! – O último gritou invadiu os meus ouvidos, trazendo-me de volta ao ginásio.

Apercebi-me da brutidade com que estava a esmurrar o saco. Da velocidade e da raiva que deixei transparecer. A minha respiração estava descontrolada e gotas de suor deslizavam pelo meu rosto. Respirei fundo, começando a controlar novamente a minha respiração.

- Vamos para o ringue.

Não me pronunciei. Segui James até ao ringue. O mesmo baixou as cordas para que eu entrasse. Deslizou as almofadas pelas mãos, para que as esmurrasse e desviasse, sempre que esticasse a mão para me acertar. Exercício que era fundamental para treinar tanto o ataque, como a defesa e os desvios aos ataques do rival.

Comecei por uma sequência de direta-esquerda-joelhada. Quando dava a joelhada, tinha que me manter baixa, pois James iria fazer o ataque.

Estava um pouco distraída. Levei com a almofada três vezes seguidas na cabeça, o que me enervou. Voltei a respirar fundo. Uma e outra vez e James acabou por pedir uns minutos de pausa, para que me fosse hidratar.

Bebi uns quantos goles de água e passei a toalha pelo meu rosto e braços suados. A rapariga que observara no dia anterior sentou-se ao meu lado.

- Tens garra, miúda. – Arqueei a sobrancelha e reparei no quão exausta estava, embora mantivesse uma expressão contrária. – Deixa-me advinhar, vida dura?

- Não te diz respeito.

Levantei-me, deixando a toalha no banco. Voltei para o ringue, desculpando-me pela distração. Garanti que estava preparada e James voltou a deslizar as almofadas pelas mãos e logo iniciamos o treino. Repetimos o exercício umas dez vezes e não falhei nenhuma.

Após longos minutos a treinar no ringue, James tirou as almofadas e mostrou-me um meio sorriso. Apontou para os balneários e deu o treino como terminado.

Não troquei de roupa, limitei-me a colocar desodorizante. Mal chegasse a casa, tencionava afundar-me na banheira e relaxar. Arrumei as luvas,  que agora me pertenciam na mochila, fechando-a. Antes de sair do balneário, a rapariga voltou a aparecer à minha frente. Levantou as mãos, como se se tivesse a render e mostrou um sorriso amigável.