Capítulo 44 - Verdade

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A reação da mulher despertou minha curiosidade. Fiquei alguns minutos esperando que se virasse novamente, mas isso não aconteceu. A observei de costas e percebi que sua respiração estava descontrolada, ela estava nervosa. 

- Você... - pausei - Pode se virar? 

A mulher respondeu balançando a cabeça de forma negativa. 

- Por que está fazendo isso?! - minha voz se alterou, e logo corrigi - Hoje eu tentei conversar com um homem. Ele está preso como você. Fui ignorada por longos minutos, e agora você está fazendo o mesmo. Eu não entendo. Sou algum tipo de ameaça? 

Não obtive resposta. 

- Tudo bem. Você está com as cordas vocais paralisadas. - suspirei - Isso aconteceu com o outro prisioneiro. Agora vire-se e venha até aqui... Vou te ajudar com isso.

- Não precisa fazer isso. - ela respondeu, pela primeira vez 

Agora era a minha vez de ficar em silêncio. A mulher levou a mão no rosto, como se estivesse tirando algo dali, então virou-se. Seus olhos estavam fixos em meu rosto, me analisando, lendo meus pensamentos, procurando algo... 

Então, ela se aproximou lentamente.

- O que quer de mim? - perguntou

- Eu ainda não sei. Mas gostaria de lhe perguntar algumas coisas.

- Eu não posso lhe responder nada. Não agora. 

- Por quê?

- Não é seguro para você. 

- Também não é seguro vir aqui. Não é mesmo?

- Sim. - ela abaixou o olhar 

- Tudo bem. Volte a fazer o que estava fazendo. - me virei - Não vou mais te incomodar.

- Espere! - exclamou a mulher

- Não se preocupe. - comecei me afastar - Não vou voltar.

- Há muito tempo não converso com alguém. - revelou, eu parei de andar - Pode ficar mais um pouco?

Respirei fundo e me virei. Algo nos olhos daquela mulher me chamava atenção. Não estava com medo e não queria voltar ao castelo.

- Vou poder fazer perguntas? 

- Vamos fazer o seguinte... - ela sorriu - Você faz uma pergunta e eu faço outra.

Não concordei, mas também não discordei.

- A quanto tempo está presa aqui? -  iniciei

- Eu não faço a mínima ideia. - deu de ombros - Você está bem? - perguntou

- Essa é sua pergunta? Sério? - perguntei e ela sorriu

- Sim. Você está bem?

- Humm. Considerando que estou respirando no fundo de um oceano... Estou.

- Não. Não é simples assim. Não fiz essa pergunta como outras pessoas fazem. - ela se aproximou e segurou na grade da jaula - Você está bem? Está bem com tudo isso?

- Eu.. Eu não estou entendendo. - franzi o cenho 

- O que você responde quando alguém pergunta se está tudo bem? 

- Estou, obrigada. 

- E é sempre verdade? 

- Não.

- Pois é isso. Quero a verdade. Você está bem?

- Percebeu quantas perguntas já fez? Agora é minha vez. 

A Bordo do Inexplicável (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora