Agatha a Bela

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"Eu não tenho medo!" A moça de cabelos loiros tentava se afirmar já quase sem voz, mas a tremedeira nas mãos deixava claro que estava aterrorizada.

"MORRAAAAAA!!" Magh gritava com uma voz grave e tremula, que em alguns momentos parecia forte como o rugido de um leão.

"Mas o que VOCÊ pensa que está fazendo Senhor Morrer Magh??" Dona Boufal apareceu no quarto com uma bandeja com duas xicaras de chá, no exato momento em que Magh se contorcia fazendo uma dança cheia de tremeliques, com a capa aberta, mostrando seu corpo nu deformado, cinza escuro, cheio de rasgos e feridas secas, e seu pênis definhado chacoalhando em frente a moça acorrentada na parede, cercada de velas e cálices.

"Aaaahhh, que BOSTA!" Magh fechou sua capa e seus trapos se cobrindo. Pegou uma das xicaras na bandeja e encarou Dona Boufal: "A senhora não deveria se meter... Já não basta a trabalheira que tenho com você né? Quer encher isso aqui com pessoas? Acha que é um hotel?"

"Mas do que você está falando, olha pra ela coitadinha!" Agatha ao ver Dona Boufal se entregou as lagrimas e chorava e soluçava sem parar.

"É eu tô vendo Madre Teresa... Mas agora eu vou ter que convence-la a morrer."

"Mas qual o problema? É só conversar e explicar tudo a ela... Uma moça inteligente eu tenho certeza... E vai entender..." Senhora Boufal tirava as correntes da moça enquanto Magh tomava seu chá calmamente e mostrava os dentes podres sempre que a moça ousava levantar os olhos pra ele.

"Só conversar né? Igual ao careca preso lá atrás? Você tem ideia do sofrimento que ele está causando para toda a família dele por ficar em coma a quase um mês? A senhora excelentíssima sabia que a grande maioria dos casos, basta um susto para a pessoa terminar de morrer? Da muito menos trabalho, é mais divertido e eu não fico acumulando semi-mortos nesta casa!"

"Sei... E porque não tentou me assustar com sua dança exótica Senhor Morrer Magh?" Dona Boufal disse movendo os olhos para as partes baixas de Magh.

"Porque o seu caso era bem mais complicado. E eu escolho a forma adequada de assustar dependendo da situação." Enquanto Magh argumentava Agatha se levantava com semblante de dúvida, apoiada por Dona Boufal que movia a cabeça em negação.

"Querem me convencer a morrer? O que aconteceu?" A bela moça perguntava encarando os dois.

Após alguns minutos os três estavam numa sala, uma lareira estava acesa e a moça já estava emocionalmente recuperada. Tomava um chá olhando as chamas, e já tinha percebido que Magh a olhava com uma cara descarada de tarado, mas a loira já nem dava mais bola, entendia que ele na verdade era inofensivo.

"Então eu sofri um acidente de barco. E estou quase morta. É isso?"

"Sim. Quase todos morreram. Alguns se salvaram, e seu corpo está em algum lugar na praia. Mas você precisa morrer. Entendeu? Já está apta para a próxima fase!"

A moça parecia em dúvida. E Dona Boufal olhava para Magh entendendo agora que se a moça não aceitasse a morte, poderia ser muito pior. "Querida, o que foi, o que está te incomodando?"

Agatha olhou para a senhora Boufal: "Eu entendeu o que estão me dizendo mas... eu amo ele. Ele deve estar lá agora... Deve estar me procurando."

"Hummm... Qual o nome dele?" Disse Magh se antecipando a qualquer coisa que Sara Boufal pudesse atrapalhar agora.

"Joshua... Ele..." Agatha tentava continuar.

"Ah! Morreu!" Magh soltou sem cerimônia.

"Morreu? Como?" Dona Boufal perguntou.

"Morreu? Mas ele não estava no barco, eu ia encontra-lo... " Agatha voltou a derramar lagrimas.

Magh aproveitou a oportunidade e as informações fornecidas: "Morreu de acidente de carro, ou atropelado. Não sei bem. Mas ele é sua alma gêmea, e esta te esperando Agatha.

"Ah! Meu Deus..." Ela tapou a boca emocionada. "Sim, eu quero ir com ele... Como eu faço?"

"Repita com calma e com convicção: Eu aceito. Aceito continuar. Se solte Agatha..."

A loira murmurou as palavras e foi clareando, desvanecendo, parecia apenas uma miragem ao lado da lareira até desaparecer completamente. Dona Baufal olhou tudo como um momento magico e belo. Depois olhou para Magh que mantinha um sorriso largo. "E Joshua?" Perguntou a senhora.

"Eu não faço ideia." Magh voltou a tomar o chá.

"Você é um cretino Morrer Magh." A senhora o olhava séria.

Com um sorriso realizado: "É, parece que eu sou."

Os Contos de Morrer MaghDonde viven las historias. Descúbrelo ahora