Capítulo V

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Quelan:

- Onde vocês foram arrumar essa garota hein, Daphine? - pergunto enquanto nos encaminhavámos para o lado de fora da casa, após deixá-la intacta e nos livramos de todas as fotos, objetos e pertences que tivessem qualquer ligação com a garota, que estava dentro do carro, velada pelos outros agentes que, do lado de fora, cada um posicionado em frente à uma das quatro portas, esperavam por nós.

- Insuportável ou não, você terá que aguentá-la. Você é o mais habilidoso de todos os projetos e, da mesma forma que treinou os outros, terá que treiná-la. Além disso, ela é sua. – ela diz isso como se fosse algo insignificante, o que faz meu sangue subir.

- O quê? Não! Nunca! Essa imprestável só vai me atrapalhar. Ela não serve para nada. – retruco, rosnando.

- Você quis fazer parte disso, aceitou nossos termos e prometeu obedecer nossas ordens e é exatamente isso o que você fará. – vociferou, Daphine, mas não me irritei com isso, sabia que era apenas uma fachada, ela não poderia demonstrar fraqueza na frente dos soldados de Folger. – Agora, veja se consegue fazer algo realmente útil com a habilidade que lhe foi dada e a apague as mentes de todos que já a viram na vida. Seu limite são onze quilômetros quadrados, ou seja, consegue todos na cidade e alguns além dela. É sua chance de mostrar que presta. – ela pisca e me olha suplicante, me fazendo entender a mensagem por trás de tal ordem.

Sendo assim, dei as costas a todos, virando-me para a rua.

Bem que eu poderia acabar com qualquer um de vocês causando uma leve e comum amnésia. - pensei, enquanto expandia meu poder da vizinhança para o restante da cidade, buscando em todas as mentes alguma presença da garota e a aprisionando, preservando as lembranças, mas eliminando qualquer resquício de sua existência nelas, eram muitas pessoas, tantas memórias, mas eu já havia feito aquilo tantas vezes, que não me importei quando o sangue começou a escorrer lentamente pelas minhas narinas, graças ao capacete, ninguém veria. Quando o último aluno da escola fora livrado das lembranças da garota de luto, sabe Deus o porquê, eu estava exausto.

Ela tinha que ter chamado a atenção de tantas pessoas? 

- Está feito. – disse, encarando Daphine novamente e em seguida, entro no carro, sentando-me no banco em frente ao da maldita garota que, de imediato, me encarou, com aqueles malditos olhos castanho escuros, quase pretos, mas permaneceu em silêncio.

Aquilo me trouxe a tona uma certa necessidade de provocá-la, então, inclinei-me para frente e sussurrei, sorrindo:

- Prepare-se para viver no inferno, querida. Prometo fazer cada dia da sua vida pior que o anterior.

Ela continuou a me observar sem reação. Não consigo compreender porque não teme a mim, que poderia apagar suas lembranças num piscar de olhos ou, pelo menos torna-la mais pacífica, conseguindo mudar suas lembranças a favor da organização, se bem que, não funcionou com ela, e tudo o que consigo é odiá-la ainda mais.

- Só para você saber, foi deletada das memórias de todos aqueles que já te conheceram, não existe mais nada seu que já não esteja na caçamba de lixo, você não é ninguém, todos os seus registros já estão sendo apagados pela base. A única coisa que você tem agora somos nós. Maravilhoso, não? – disse à ela, tentando pelo menos irritá-la, sem resultado, mas, por algum motivo, ela decidiu falar:

- Comece a medir o que diz, nada disso vai me atingir, mas no momento em que eu quiser, posso acabar com toda essa sua “raivinha”, - disse, fazendo aspas com as mãos algemadas na frente do corpo - e fazer com que me adore. Posso fazer até com que beije meus pés ou se jogue de um penhasco, sem nem piscar os olhos.

Esta Sou Eu Sem Você: InstintosOnde histórias criam vida. Descubra agora