Cap. Dois

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     Emma

Eu me sinto um lixo completo.

Tenho a sensação de que os meus olhos se fecharão involuntariamente a qualquer momento. Eu poderia dormir por meses certamente, poderia hibernar como um urso no inverno. Sinto-me tão cansada, mas forço meus pés a continuarem caminhando pelo quarto em movimentos repetitivos que o pequeno espaço me permite; com meu lindo e nervoso bebê acalentado em meus braços.

Max acordou às três da manhã, com uma forte dor de barriga. Ele está chorando sem parar há quase duas horas e não sei mais o que fazer para acalmá-lo. Já fiz tudo o que podia para fazê-lo sentir-se melhor, mas nada funcionou.

Estou exausta e preocupada, não acho que seja bom para um bebê chorar tanto assim. As lágrimas já secaram e agora sobraram apenas os gritos. Eu me sinto mal também pela Rachel, sei que ela precisa dormir e estar descansada para o trabalho pela manhã. Ela costuma ser sempre compreensiva, mas estamos tão distantes agora, com interesses e obrigações tão distintas. Acho que nossa amizade está estremecida e a última coisa da qual preciso nesse instante; é que ela resolva ter outra colega de quarto e nos coloque na rua.

Ok... Talvez eu esteja exagerando com relação a isso. Acho que Rachel não faria algo assim, mas prefiro não arriscar. Ela paga a maior parte do aluguel, já que sou uma mãe solteira de vinte e dois anos, falida e com um emprego de meio período na Starbucks do Shopping local.

Meu pai morreria mais uma vez, se soubesse que meu diploma de Literatura em uma das melhores universidades do mundo, acabou em uma das minhas gavetas... E que eu terminei o meu curso com um bebê nos braços e sozinha. Jordan, meu ex-namorado e pai de Max, mudou-se para Washington logo após o nascimento do filho e de sua formatura em Administração. Foi trabalhar com o pai e gerenciar os negócios da sua família rica.

Sempre soube que eram esses os seus planos; conseguir o diploma em outro estado e o máximo de experiência que isso pudesse trazer à sua vida e depois voltar para os braços da família. Mas, seria mentira se não dissesse que achei que o nascimento de Max o faria mudar de ideia. Para o meu próprio prejuízo, preciso confessar que alimentei a ilusão de um final feliz para nós. Algo que é obvio agora, sempre esteve muito longe de acontecer.

Jordan me apoiou durante a gravidez, mas fugiu de suas responsabilidades na primeira oportunidade, quando as coisas se tornaram difíceis demais. Ele nos abandonou sem pestanejar, ainda me surpreendo com o quão fácil para ele foi fazer isso.

Ao menos, me mandou dinheiro desde então. Isso não me consola em quase nada, mas de certa forma não aumenta os meus problemas também.

Então, me apego a esse detalhe cada vez que me sinto sozinha e desamparada. Ele partiu meu coração no momento mais difícil da minha vida e fez com que eu me sentisse a pessoa mais descartável de todo o mundo. Como se eu fosse totalmente irrelevante e não houvesse mais ninguém para me estender a mão e caminhar ao meu lado. A dor do abandono é bem amarga quando provada. Porém, eu percebi, depois de muitas lágrimas, devo salientar, que embora tenhamos ficado juntos por quase três anos, não fomos feitos para estarmos juntos de forma permanente. A verdade dói, mas ela é imutável e preciso aceitá-la.

Apenas Diga Que Me Ama/ Capítulos para degustaçãoWhere stories live. Discover now