Dever cumprido

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Capítulo Vinte
PS: David e seu filho atualmente, na mídia.

David narrando:

        Depois que o Rodrigo bateu à porta na minha cara, pensei em insistir, mas logo mudei de ideia. Eu posso imaginar a raiva que eles sentem de mim, até porque o que eu fiz foi uma coisa abominável... Ainda mais porque eu tomei essa atitude com a namorada do meu melhor amigo, que hoje - sem mínima de dúvidas - já não é mais, pelo menos da parte dele sei que não.

        Após a morte da minha mãe, eu fiquei traumatizado e comecei a arranjar problemas onde poderiam ser resolvidos em um diálogo amigável. Muitas coisas vieram sob mim depois do ocorrido com a minha linda mãe, como as brutalidades que eu via meu pai fazer com ela, as mágoas que eu já tive no passado e a chance que eu não tive com a Nicolle. Antes deles dois começarem à namorar, eu já estava interessado na Ni, mas quem conseguiu foi o Rodrigo, então aquilo pra mim se tornou um grande problema que só poderia ser resolvido do jeito que eu fiz: a sequestrando e quase a estrupando. O quão doido eu estava pra fazer aquilo? Realmente estava muito transtornado e acabei descontando tudo isso naquela menina doce e gentil, que não merecia nem metade daquela brutalidade.

        Depois de tudo isso, eu fiquei preso por algumas semanas e logo o meu pai conseguiu me tirar de lá. Fico envergonhado ao dizer isso, mas só consegui escapar dali por causa do dinheiro que o meu pai deu aos policiais. Pois é... Nem um pouco exemplar a atitude dele, ou melhor, nenhuma atitude do meu pai era exemplar. Resumindo... Saí de lá e fui encaminhado para uma clínica psiquiátrica, onde no começo eu tentei fugir, mas logo consegui me acostumar e depois de alguns anos, sai de lá totalmente curado e renovado! Aceitei Jesus em meu coração e quem me ajudou com isso foi a Carla, enfermeira de lá e hoje, minha esposa!

        Começamos à namorar, comecei à congregar na mesma igreja que ela e morei em uma quitinete, que o pastor conseguiu arrumar pra mim. Os anos se passaram e nós nos casamos, e atualmente temos um filho de 10 anos chamado Estevão, nome de um jovem Bíblico que era cheio do Espírito Santo e podia debater com qualquer um, mas o fato dele ser cristão irritava algumas pessoas. Embora ele ter morrido apedrejado, ele não negou à Cristo sequer uma vez e quero que o meu filho seja um desses... Um exemplo de cristão.

         Hoje eu sou uma nova pessoa e queria o perdão do Rodrigo e da Nicolle. Não quero que eles ainda me tenham como o "psicopata apaixonado" e sim como o David atual, que está completamente diferente e arrependido do que fez.

[...]

        Estou andando pela calçada de uma das ruas próximas à praia de Leblon. Estou à procura de um emprego, então me visto socialmente e carrego uma pasta com os meus documentos na mão.

        Enquanto caminhava, observava o céu e toda aquela bela paisagem dessa rua em que estou, até sentir uma pontada no peito. Paro no mesmo instante e ponho a mão ali no local onde está dolorido.

- Não. Pode. Ser. - falei pausadamente, desejando que aquele tumor não tenha crescido novamente. - Urgh... Pai, me ajuda! - falei baixinho, deixando minhas coisas cair no chão, enquanto eu me agachava.

Rodrigo narrando:

        Eu tinha acabado de trancar a porta do meu carro, que eu tinha estacionado em frente ao meu local de trabalho, quando vi um homem com a mão no peito, se abaixando, parecendo estar sentindo alguma dor. Me aproximei rapidamente e vi que sua fisionomia aparentava a sensação daquela dor. O observo bem e me toco de que é o David. Por um momento reviro os olhos e dou as costas pra ele, mas ouço algo dentro de mim.

Vida de uma Adolescente Cristã IIWhere stories live. Discover now