31. You make me strong

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Louis POV

Desperto tendo a sensação de que meu corpo foi triturado e que minha cabeça vai explodir. Ouço um barulho e abro os olhos devagar, tentando entender como vim parar nesse lugar. Meus braços estão acima da minha cabeça, através de uma corda presa no teto, e tenho alguns arranhões. É nessa hora que eu lembro como tudo aconteceu. 

*Flashback on*

Empurro a porta da cabine para fora e saio, mas esbarro num homem que passava por ali na hora.

-Opa,-digo quando bato de frente com ele-Desculpa.-dou o meu melhor sorriso, pois a ultima coisa que eu quero é problemas com estrangeiros. Para a minha surpresa, ele sorri de volta aparentando ter entendido o que eu disse e entra numa cabine.

Abro a torneira e começo a lavar as minhas mãos; dou uma rápida olhada a minha volta e o banheiro está vazio, exceto pelo homem dentro da cabine que parece demorar mais que o normal. Dou risada sozinho ao pensar no que ele poderia estar fazendo dentro do banheiro, mas logo afasto esse pensamento. Enxugo as minhas mãos e arrumo alguns fios do meu cabelo que insistem em cair na minha testa, principalmente agora que ele está crescendo. Me viro em direção a porta do banheiro, e pelo canto dos olhos vejo que a porta da cabine está aberta.

Não consigo ao menos pensar em como o homem saiu dali sem que eu percebesse. 

Um par de braços grandes me abraçam por  trás e cobre a minha boca com um pano branco. Tento gritar e sair dos braços do cara, mas a única coisa que eu consigo é chutar o ar e atingir o espelho, que quebra e cai em cima da gente, atingindo principalmente os meus braços. 

Alguns segundos depois, minha visão estava turva e minha cabeça girava; eu estava prestes a desmaiar quando um outro cara surgiu do nada e segurou as minhas pernas. 

Depois disso eu não vi mais nada.

*Flashback off*

-Olha quem acordou!-ouço uma voz e semicerro os olhos procurando a minha volta o dono dela, e então vejo no escuro a silhueta do homem-Precisei atravessar o oceano pra te encontrar...você me dá muito trabalho.

-Que merda é essa?-grito e começo a me debater, mas logo paro quando sinto as dores no braço.

-Aconselho você a manter a calma pra que a gente possa conversar, Louis.-ele caminha pelo local escuro, que parece um galpão abandonado mas ainda não consigo ver quem é. Sua voz me parece familiar e eu não sei se fico mais calmo ou nervoso com isso.

-Eu não vou conversar com um desconhecido!-grito e o cara ri friamente.

-Quem disse que você não me conhece, Lou?

É o suficiente para que eu entre em desespero internamente (internamente porque eu não daria à ele o gosto de me ver desesperado). Apenas as pessoas mais íntimas me chamam de Lou, como esse cara sabe meu apelido? Sinto minhas mãos gelarem e meu coração começa a disparar de um jeito que eu nunca senti na vida. Desvio o olhar do homem e abaixo a cabeça, respiro fundo algumas vezes tentando manter a calma e pensar em alguma forma de sair dessa cilada que eu ainda não sei por qual motivo estou envolvido. Então eu me lembro do meu celular que estava no meu bolso da frente. Olho para o local e percebo que ele ainda está lá, provavelmente porque esqueceram de tirá-lo. Volto minha visão para o homem e ele começa a caminhar lentamente na minha direção. Engulo à seco quando ele chega perto do meu rosto e me fita. Ele está vestindo um capuz que deixam apenas os seus olhos claros à mostra; o encaro e lembro dos olhos, mas ainda não sei a quem pertencem.

-Olha, Lou.-ele diz-Eu não queria que as coisas fossem assim, mas parece que você ficou vidrado naquele cara.

Continuo o encarando durante algum tempo, sem entender nada daquilo.

-O que o Harry tem haver com isso? Ou melhor, o que nós dois temos haver com isso?-pergunto mas o cara apenas solta uma risada irônica.

A porta abre novamente e quando eu me viro pra ela, vejo um homem não muito alto entrar e se aproximar de mim. Seu rosto também está encapuzado, mas posso ver seu olhos e eu tenho a ligeira impressão de que os conheço de algum lugar. Estreito os olhos tentando me lembrar da onde eles são tão familiares, mas a única coisa que consigo é aumentar ainda mais a dor de cabeça. O homem cochicha algo no ouvido do cara que já estava comigo no galpão, e sai novamente, de cabeça baixa e sem cruzar o seu olhar com o meu.

O homem volta a encarar e eu tento ao máximo me manter inexpressivo, mas é quase impossível quando você está do outro lado do mundo, num país que você não conhece, no meio de uma viagem que era pra ser inesquecível (no bom sentido) e longe da única pessoa confiável que você tinha por perto. Meus pensamentos voltam pra Harry enquanto o homem ainda me encara, agora mais próximo, e em poucos minutos eu me desligo de tudo ao meu redor, pensando apenas nos últimos dias vividos com ele. Volto a realidade com uma mão segurando forte o meu rosto.

-Pára de pensar nele!-o homem grita e eu arregalo os olhos, assustado-Dá pra ver pelo seu olhar quando você está pensando nele!-o homem solta o meu rosto com força e nossos olhos se cruzam novamente. Eles também são reconhecíveis, porém são tristes.

Não digo nada. Apenas abaixo a cabeça e fito os meus pés, me perguntando como Harry está, se já buscou algum tipo de ajuda, ou se alguma coisa também aconteceu com ele. Meus olhos ficam marejados quando penso nele, mas ainda percebo pelo canto do olho quando o homem suspira e se afasta lentamente, senta numa cadeira, e apoiando os cotovelos nos joelhos, ele fita os próprios pés também.

-Sabe Louis, eu não esperava que eu fosse ficar assim...mas aconteceu né...e agora ninguém pode nos atrapalhar...nem mesmo o Harry.



My life for yours (L.S.)Where stories live. Discover now