34. Rainbow Dash - O Fogo Que Queima

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O amor. Talvez Camões estivesse certo ao defini-lo. Por que sim, ele é um fogo que arde sem se ver. Um fogo que aquece, e nos queima lentamente de dentro para fora. Quando vemos, estamos inteiros tomados pelo fogo do amor. Muita vezes o definimos como um sentimento bom, que aquece o peito e purifica a alma. Mas por vezes ele nos queima tão intensamente que sua dor nos leva a crer que estamos sendo queimados vivos. E sim, estamos sendo queimados pelo fogo do amor que Camões citou.

A vida nos prega peças, nos dá escolhas, nos faz de trouxa e ri em deboche ao nosso sofrimento. A vida é aquela que ataca o fogo do amor em nós, olhando-nos queimar e se deliciando com nossa dor. É aquela que prefere o drama ao romance, fazendo-nos de bobos e virando o jogo quando menos esperamos. Quando achamos que podemos vencer, vem a vida e nos afoga nas chamas do amor, levando consigo toda a felicidade.

E era assim que eu me sentia agora, olhando para Fluttershy ao longe. Ela não me perdoou. Ela não queria amenizar o fogo que me queimava de dentro para fora.

Era intervalo, mas, diferente da maioria das vezes em que eu fico na cantina com as meninas, eu estava na frente da escola, encostada a uma árvore, observando Fluttershy entregar seus folhetos do abrigo de animais. Pensei em me aproximar e pegar um, talvez até puxar algum assunto, mas ela brigaria comigo e a chama se tornaria mais dolorosa. E estava tão bom observa-la daqui.

Eu me perguntava o que fizera de tão errado para doer tanto. E então eu me lembro: eu não confiei nela. Porque ela deveria acreditar em mim, considerando isso? Não fazia sentido algum. Toda a dor insistia em desmanchar-se em lágrimas, mas eu tentava me manter forte. Eu não queria ter que chorar na frente de todo mundo. Não queria demonstrar fraqueza.

As coisas vinham piorando desde então. Mesmo com o Festival das Nações, cheio de apresentações legais e comida estrangeira das boas, nada amenizou a dor. Pelo contrário, eu me sentia estupidamente idiota e traída. Idiota por não ter desviado de Pinkie quando esta veio me beijar e traída pelo o que Scootaloo fez...

...SEMANAS ANTES, FIM DO CAMPEONATO...

Eu estava indo atrás de Fluttershy como Rarity me sugeriu. Eu não aguentaria perdê-la por um mal entendido, então eu dirigi como louca até a casa de Fluttershy. As lágrimas ainda insistiam em descer, mas eu não ia ceder. Eu iria convence-la a acreditar em mim. Desço apressada do carro e toco a campainha. Segundos depois, ouço a voz abafada de Fluttershy dizendo "Vá embora!". Meu coração começa a se despedaçar.

— Flutter, me escuta!

— Eu já te avisei, Rainbow Dash. Fica longe de mim! — diz ela em pura fúria. Eu nunca a ouvira tão irritada.

Estranho, não chegamos nem ao menos conversar. Ela tinha ido embora sem dizer nada, eu apenas juntei os fatos e soube o que tinha ocorrido. Então não tinha como ela ter me dito nada antes de eu chegar aqui.

— Flutter, não é o que está pensando...

— Ah, por que é super normal beijar minhas amigas. Vou beijar a Rarity e perguntar o que a Apple acha disso.

— Não foi isso que...

— Quer saber, Rainbow Dash? Eu não preciso ficar ouvindo suas desculpas. Ás vezes devemos provar do próprio veneno, não é mesmo? Pelo menos agora você sabe como é o amor da sua vida não confiar em você.

Ouço passos se afastando e, em seguida, uma porta batendo no segundo andar. Suspiro desesperada. Ela tinha razão, não tem porquê ela acreditar em mim. Entro em meu carro e dou a partida, indo para minha casa. Uma música qualquer toca no rádio e olho uma paisagem qualquer. Qualquer coisa sem Flutter passava a não ter graça alguma.

Paro o carro em frente a casa, me alarmando. A porta estava escancarada dessa vez. Agora Scootaloo fora longe demais.

Saio correndo do carro, entrando na casa. A sala está um caos. O sofá está revirado, todas as almofadas retiradas do lugar; as gavetas da estante estão todas fora do lugar, com seus conteúdos todos espalhados pelo chão.

— SCOOTALOO! — grito irritada.

Passo pela porta da cozinha, que não está muito diferente: armários abertos e pacotes jogados pelo chão. Pelo menos não quebraram a louça. Subo as escadas, batendo o pé com força e bufando irritada. Agora essa pestinha ia se ver comigo.

Meu quarto, a mesma coisa: colchão fora do lugar, guarda-roupas vazio e com as roupas jogadas, e minha penteadeira com minhas pouquíssimas jóias — alguns presentes inúteis de aniversário — jogadas sobre a mesma.

Irada, solto um grito em frustração. A Scootaloo ia se ver comigo! Porque ela fizera isso? Eu confiei nela como uma irmã e ela me traiu dessa maneira. Olho para a penteadeira e as jóias jogadas. Minhas amigas foram assaltadas e levaram seus colares...

Corro para o guarda-roupa, vazio. Olho em meio as roupas e acho a caixinha achatada onde eu ganhei o colar. Abro a mesma, mas está vazia. Grito novamente, jogando a caixa com força no chão. Scootaloo achou que eu não perceberia que foi ela? Ela não pensou que eu saberia assim que batesse os olhos na porta aberta?

Isso explica todo o mistério. Scootaloo e suas amigas conseguiram se disfarçar de nós para nos enganar e pegar os colares. Pra que? Talvez para vende-los e ganhar dinheiro para o seu clubinho. Sim, tinha que ser isso.

O problema é que Scootaloo traiu mortalmente minha confiança. Pego o telefone para ligar para meus pais e informar o ocorrido. Isso seria o suficiente para ela, já que meus pais a tinham como uma filha mais nova, então ela sofreria as consequências.

...AGORA...

Depois disso tudo, óbviamente, Scootaloo e suas amigas negaram fortemente seus envolvimentos com o assalto na minha casa, e meus pais voltaram antes da viagem, preocupadíssimos com o comportamento da pequena. Minha mãe dizia constantemente que eu não poderia culpa-la sem provas, então acabou que eu mesma dei o sermão em Scootaloo, já que meus pais não fizeram muita coisa a respeito.

Mas meu maior problema era minha ex entregando panfletos de um jeito fofo e ao mesmo tempo sexy bem na minha frente. Ela empinava sua bunda de um jeito tímido e fofo ao entrega-los, fazendo seus seios essencialmente grandes se agitarem para a frente do corpo. Ela não fazia de propósito, mas minhas entranhas se mexiam desconfortáveis a essa cena. Eu estava sendo torturada.

O sinal toca, e eu decido voltar para sala antes que Flutter me veja ali. Vou caminhando devagar, enquanto vejo ao longe ela se abaixar para arrumar tudo em uma maleta. Em um impulso que não consigo conter, me aproximo.

— Flutter... Shy? — pergunto com a voz rouca, completando o sobrenome depressa para que ela não brigue comigo.

Ela suspira e se vira para me olhar.

— Já não me magoou o suficiente? Por isso veio atrás de mim?

— Olha Flutter, eu...

— Fluttershy, para você!

— Fluttershy — corrijo — Houve um mal entendido...

— Me poupe de sua explicaçãozinha, Dash. — diz ela com desdém.

— PORRA ME DEIXA TERMINAR! — grito em desespero.

Ela me olha assustada, depois se recompõe e seu olhar fica irritado.

— Vá gritar com a sua garota, Dash. Me deixe em paz.

Suas palavras soam tão frias e cortantes que eu não me mexo ao ve-la sair. Estou estática no lugar, olhando fixamente para o ponto onde antes estava Fluttershy. As lágrimas marejam meus olhos, e já não estou nem mais ligando se vou chorar, quando um inspetor me vem chamar a atenção para entrar pra sala. Engulo meu choro e limpo as lágrimas que ainda insistiam em vir, e vou em direção à minha sala de aula.









N/A: Olá Smiles! Estão bem?
Bem, eu sei, estou demorando fazer as atualizações. Mas infelizmente vou ter que manter assim.
Estou em meu último ano da escola e as coisas estão apertadas. Quando tenho tempo, não tenho inspiração. Quando tenho inspiração, não tenho tempo.
Então, eu vou escrevendo quando dá e postando quando dá.
Desculpem, mas estou dando meu melhor.
(E como são 3 fics pra atualizar, a coisa complica)
Beijinhos e até a próxima! ♡

Borboletas do Arco-ÍrisOnde histórias criam vida. Descubra agora