9º Capítulo - Castigo

2.5K 196 158
                                    

Chegando lá nos deparamos com Carl apontando a arma para Ron.

-Carl!!! -Rick gritou, tão alto que sua voz ecoou por todo o local.

Carl virou-se para nós, esse foi o momento para Ron puxar a arma de suas mãos e apontar para a cabeça de Carl. Rick na mesma hora sacou sua arma e apontou na cabeça de Ron.

-Solte a arma ou eu atiro!

Ron não queria aquilo, ele não iria matar Carl, era apenas uma questão de disputa.

-Parem de ser idiotas! Parem com isso! -me meti.

Ron olhou para Rick e devolveu a arma para seu devido dono, Carl, mas Rick se mete no meio puxando a arma de suas mãos.

-Isso. -mostrou a arma. -Fica comigo. -se afastou dali.

-Pai! -Carl correu atrás de Rick mas o mesmo o barrou na parede.

Ele estava furioso, olhei para todo o local e Ron não estava mais lá.

Eu estava que nem uma estátua observando a cena.

-Você ia mata-lo? -Rick perguntou furioso enquanto segurava Carl na parede.

-Pai, me solta...

-VOCÊ IA MATÁ-LO? -Ele gritou e apertou Carl um pouco mais na parede.

-Não pai, eu não ia, eu juro. Era só para ele parar.

Rick soltou Carl e vi o alivio estampado em seu rosto.

-Você está de castigo!

Me segurei para não rir, foi impossível! Nunca vi um pai colocar o filho de quinze anos de castigo, num mundo apocalíptico.

-Castigo?! -olhou-o incrédulo.

-A arma fica comigo, até você conseguir pensar direito e parar de apontar a arma na cara dos outros. - saiu dali bravo.

Carl olhava fixamente para o chão, e eu continuava a encará-lo. Até que ele olha para mim, se aproxima e me encara. Não me intimidei, continuei a encará-lo, mas algo estava errado, minhas mãos suavam descontroladamente e meu coração começou a acelerar.

-Pode me dar licença? Estou tentando passar. -ele apontou para o corredor, em que eu tomava conta do espaço.

Dei espaço para ele passar e então ele saiu dali quieto.

Minha raiva já havia diminuído, mas ele tocou no meu ponto fraco, meus pais. Por mais que eu tente ser forte, não dá mais... Eu permito-me chorar pela primeira vez em anos. Sento-me no chão gelado e abraço minhas pernas, depositando meu rosto entre elas.

-Que saudade... -sussurrei para mim mesma.

POV. Carl

À uns minutos atrás eu havia discutido com Enid, essa garota me tira do sério, salvei a vida dela e é assim que ela me agradece? Mas isso não é o pior, o pior é ela ter falado que sou um filhinho de papai, olha no mundo em que estamos! Droga!

Agora o maldito Ron vem querer me enfrentar no momento em que eu estou com raiva, e por causa dele fiquei sem a minha arma.

Caminhei até a torre, já estava prestes a escurecer, subi lá e me deitei, olhei para o céu ainda claro e fiquei pensando na vida... Até que uma das minhas lembranças vem a tona, o sorriso e as brincadeiras da minha mãe.

 Até que uma das minhas lembranças vem a tona, o sorriso e as brincadeiras da minha mãe

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Seu sorriso... Suas gargalhadas, brincadeiras, eram tão sinceros, únicos. Se ela ainda estivesse presente talvez eu não seria isso que eu sou, esse monstro que eu tanto me sinto. Desde a morte dela eu carrego um imenso peso no coração, algo que eu acho que posso infelizmente ter pela minha vida toda.

E então a pior de todas, e que eu não pude controlar, foi a de sua morte, posso lembrar de seu sorriso e num relance o momento em que ela morreu...

E então a pior de todas, e que eu não pude controlar, foi a de sua morte, posso lembrar de seu sorriso e num relance o momento em que ela morreu

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Seguro-me para não chorar, mas foi inevitável, a falta que a minha mãe faz ninguém nunca irá preencher. Sinto meus olhos arderem e então permito-me a soltar a lágrima que tanto me incomodava.

Eu queria ela aqui comigo, para me abraçar, me acalmar. Mas não é mais possível.

Ouço alguém subir as escadas da torre em que estou, mas me recuso em abrir os olhos para ver quem é. A pessoa se senta ao meu lado e suspira.

-Tá fazendo o que aí? -uma voz feminina diz, levo um tempo para reconhecer, Michonne.

Permaneci calado, até porque meu silêncio responde qualquer pergunta.

-Não fica assim não, seu pai fez para o seu bem.

-Ou para o bem dos outros. -falei.

-Também... Ele só não quer que você acabe descontando a raiva nas pessoas erradas.

Suspirei.

Michonne rapidamente levantou e foi até sua mochila que estava num canto no chão, me sentei e observei a mesma.

Ela sentou ao meu lado e pegou algo em sua mochila.

-Veja o que eu achei na cidade. -ela mostrou um spray de chantili.

Olhei para ela e balancei a cabeça.

Ela pegou um pouco de chantili em suas mãos e passou em seu rosto, formando uma barba.

-Carl! -ela gritou tentando imitar meu pai.

Soltei uma risada pelo nariz, sem demonstrar muita emoção.

Ela limpou seu rosto e ficou sem jeito.

-Eu achei engraçado, mas só não consigo sorrir mais. -expliquei.

-Tudo bem Carl... Tudo bem... Quer um pouco? -ofereceu o chantili.

-Não, obrigada.

Permanecemos quietos ali, um ao lado do outro, parecia que estávamos conversando mentalmente.

Ela entendia o que eu sentia, e isso era bom, pois não é uma pessoa que vive fazendo perguntas de "Você está bem?" Óbvio que não estou idiota...

Uma coisa que eu não poderia deixar de fazer, é confiar em Michonne.

Dead LoveWhere stories live. Discover now