Capítulo 14

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Anahí estava cabisbaixa, com as mãos uma em cada lado do corpo apoiadas no banco. Ela mexia em uma folha com o pé esquerdo e vez por outra secava as lágrimas. O cabelo sobre o rosto impedia que as pessoas percebessem que ela estava chorando. Olhou para cima fechando os olhos e respirou fundo. Porque a vida era tão injusta com ela? Tinha uma mãe que a odiava, o irmão que morava no exterior, um pai ausente e o pior, amava um homem que nunca seria dela. Sentiu as lágrimas escorrerem pelo rosto ao lembrar do rosto do moreno de olhos verdes que lhe tirava o sono. Era doloroso demais tê-lo tão perto e ao mesmo tempo tão longe.

Anahí e Alfonso estavam na biblioteca, em uma mesa afastada dos demais colegas que produziam um trabalho ali. Sentados lado a lado, discutiam sobre um artigo que liam no notebook da loira.

- Para Poncho! – ela falou rindo quando ele a empurrou com o próprio corpo. Alfonso riu e repetiu – ela virou-se e deu alguns tapinhas nele – deixa de ser chato! – ele virou-se ficando bem próximo dela.

O olhar dele desceu para a boca dela e o moreno tocou no rosto de Anahí que fechou os olhos.

- Eu te amo tanto Any... – ele roçou o nariz no dela e colou os lábios. Ela imediatamente o empurrou.

- Nunca mais encosta em mim! – disse e saiu da biblioteca apressada.

- Porque está chorando? – alguém perguntou, ela deduziu ser uma criança. Abriu os olhos rapidamente encarando uma menina de cabelos negros e olhos verdes que a olhava com uma carinha de dó. A pequena tocou em sua bochecha e secou a lágrima que escorreu – Você está triste? – Anahí assentiu – Sua mamãe te colocou de castigo? Eu sempre fico triste quando a minha briga comigo e me deixa de castigo – deduziu com uma das mãos no queixo. Anahí deu um leve sorriso.

- Mamães são chatas às vezes não é mesmo? – enxugou outra vez as lágrimas e a pequena assentiu.

- Mas elas fazem tudo para o nosso bem! – completou e Anahí deu um sorriso fraco. Ela deu um tapinha em sua testa – Esqueci de me apresentar – pulou do banco ficando de pé na frente de Anahí – eu sou a Luiza, pode me chamar de Lu! – estendeu a mão.

- Prazer Lu! – apertou a mão dela – Eu sou a Anahí, mas pode me chamar de Any! – piscou para a pequena que voltou a sentar ao lado de Anahí.

- Agora somos amigas... Posso te chamar de barbie? Você é igualzinha a ela! – Anahí sorriu para ela assentindo.

- Vou te contar um segredo... – chamou ela com o dedinho e a menina se aproximou – Eu sou prima dela! – sussurrou e piscou para a menina que abriu um sorriso enorme.

- Que show! Um dia quero que me apresente a ela!

- Claro, quando você quiser!

- Você tem namorado Any? – ela perguntou inocente.

- Não... – fez uma careta e a menina abriu a boca levando as mãos até a mesma. – Meninos não gostam de mim...

- Você é tão linda, parece uma boneca e não tem namorado! – negou balançando a cabeça –- Meu irmão também não tem namorada, você poderia namorar com ele – ela bateu palmas, pulando no banco.

- E seu irmão é bonito?

- Ele é lindo! Meu príncipe! – ela desceu do banco – Não sai daqui, eu vou buscar ele! – a menina montou na bicicleta e Anahí a observou sorrindo. Quem seria o irmão? Estava esmo precisando se distrair e tirar Alfonso da cabeça.

Aquela criança tão inocente havia conseguido fazê-la sorrir por alguns minutos. Observou a menina se distanciar. Queria que ela ficasse mais tempo ali, com sua inocência e alegria. Lembrou-se de sua infância que não foi tão feliz quanto talvez fosse daquela criança. Sempre tinha alguém a repreendendo, principalmente a mãe.


A Arte do CoraçãoWhere stories live. Discover now